Camões
"Busque amor novas partes, novo engenho
para matar-me, e novas esquivanças,
que não pode tirar-me as esperanças
que mal tirarão o que eu não tenho.
Olhai que de aspereza me mantenho!
Vede que perigosa segurança!
Que não tenho contrastes, nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá m'esconde
amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei donde,
vem não sei como, e dói não sei porquê."
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