Este texto improvisado foi criado sobre poema de minha autoria, ficou bem original.
Ele
"Da tua língua áspera a minha guarda o teu gosto
Do mel que estio algum
Pode amadurecer."
Ele estava sozinho agora. A tela do computador devorava seus olhos inertes e submissos. A lucidez
sangrava e árvores pulavam das janelas eufóricas. Lembra do toque, do sexo virgem, e um vento turvo enlouquecido arrancou-lhe os pés do chão atirando-o ao cosmo. Estrelas giravam e furavam seus olhos, já não podia ver suas palavras, elas desciam agora garganta abaixo. E elas giravam, desgovernadamente...
Estavam insanos, loucos, aturdidos, enganados pelo cheiro do sexo ou do pecado. Línguas, dedos, e faces, o nu deitado sobre o santo sudário.
"Teu corpo, cheiros, suspiros e sucos
habitam agora os estilhaçados labirintos da minha memória."
Estava sentado, somente a Lua iluminava seus dedos escorregando trêmulos no teclado. Encimando a escrivaninha, uma reprodução de René Margritte, Personnage méditant sur la folie. Ele também meditava sobre a loucura, reclinava o corpo para trás e soltava aliviado a fumaça. Olhava para o chão e ainda podia ouví-la confessar seus medos, sua paixão profana. Na estante, seu reflexo ecoava um melhor-teria-sido-tivessem-permanecido-calados, melhor-teria-sido-ir-se-embora, melhor-teria-sido-não-tocar-a-pele-fria-para-depois-deixá-la-em-carne-viva.
"Da tua volúpia, felina pantera,
o meu corpo reclama incessante, saudades imorredouras."
Nenhum comentário:
Postar um comentário