Conversávamos. Falávamos da situação ruim no Brasil, da inflação, dos imigrantes na Europa, do avanço do Islão, mas, quanto mais era falado, mais os nossos olhos pediam...
O seu corpo branco, estendido no sofá, parecia uma Maja desnuda. Sua cabeça no meu colo se entregava indolente aos carinhos dos meus dedos longos em seus cabelos de ninfa.
Vestidos, fumamos juntos, cigarrilhas aromatizadas, feitas na Holanda. A segunda parte da trilha sonora do Zabriskie Point rolava, e o Pink Floyd tocava Country Song. Víamos o poente
e as suas cores alaranjadas. Discutímos Margritte e Dali, depois Dali e Matisse, mas o que queríamos mesmo era que o tempo não passasse.
E foi então que ela se levantou do chão onde estávamos sentados, de frente pro gramado, e disse que iria embora. Jogou sobre os ombros um xale delicado (eu não me lembrava dela ter entrado com ele, mas enfim...), e desapareceu pela noite que se fazia cair.
Restava-me o som melancólico de Jerry Garcia, dedilhando Love Scene Improvisations. O eco das notas da guitarra na casa vazia, apertou-me o coração.
Tomei um Calvados, fumei outra cigarrilha e fui dormir.
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