O submundo do crime
Merval Pereira - O Globo
Não é à toa que figuras
como o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral do PT
Silvinho Pereira, condenados no mensalão, aparecem novamente na fase
atual da Lava-Jato, que, batizada de Carbono 14, exuma fatos da
pré-história petista rumo ao poder.
À linguagem chula do chefão,
soma-se agora uma série de suspeitas de ações criminosas: assassinatos
em série, chantagens, ameaças de todo o tipo, incêndio possivelmente
criminoso, propina da máfia dos transportes públicos e do recolhimento
de lixo em cidades dirigidas pelo PT.
O estereótipo do sindicalismo
criminoso, tornado famoso pelos relatos cinematográficos de Hollywood,
está na raiz da ascensão política do PT e, tal qual um novo rico que
quer esconder seu passado, ou comprar título de nobreza, também os
petistas gostariam de sepultar o passado para assumir postura de grandes
líderes políticos.
A maioria conseguiu mudar a aparência às custas
de bem cortados ternos Armani, ou do nacional Ricardo Almeida, e manteve
a pose até quando conseguiu, mas o espírito continua o mesmo. Espectros
do passado teimam em persegui-los, o cadáver insepulto do ex-prefeito
de Santo André cisma de confrontá-los, os companheiros que, pelos
relatos da família e que agora passam a ser investigados pela Operação
Lava Jato, desviaram-se do caminho vislumbrado por Daniel e acabaram por
se livrarem dele da maneira mais brutal.
A Operação Carbono 14,
desdobramento 27 da Lava Jato, deflagrada ontem, aprofunda a
investigação sobre lavagem do dinheiro de empréstimo do Banco Schahin
para o PT que teria sido pago com contratos da Petrobrás, tendo como
internediário o amigo de Lula José Carlos Bumlai.
Quem ligou as
pontas entre o empréstimo fraudulento e o crime de Santo André foi a
ex-contadora do doleiro Alberto Yousseff. Meire Poza entregou à Polícia
Federal documentos que provam que pelo menos metade do empréstimo, cerca
de R$ 6 milhões, tiveram como destinatário final o empresário Ronan
Maria Pinto, preso ontem pela Lava Jato.
(Coincidentemente, o escritório de Meire foi incendiado ontem, em mais um toque mafioso nessa trama escabrosa).
Segundo
relato do empresário Marcos Valério, foi o pagamento de uma chantagem
do empresário do ABC contra os ex-ministros Gilberto Carvalho, José
Dirceu e também contra Lula, para não contar a verdadeira história do
assassinato de Celso Daniel.
O blogueiro chapa-branca Breno Altman,
que escreve no blog 247 e dirige o Opera Mundi, foi levado
coercitivamente para depor, pois aparece novamente em esquemas
criminosos, como a ligação de José Dirceu com doleiros e assemelhados.
O documento que Meire apresentou à Polícia Federal foi lhe dado pelo
doleiro Enivaldo Quadrado, braço direito de Youssef, condenado no
mensalão. Cuja multa na ocasião foi paga pelo PT, através de Altman.
O
ex-secretário-geral do PT Silvinho Pereira (ou Silvinho Land Rover,
devido a um carro que recebeu de presente no mensalão) recebia uma
mesada para ficar calado, pois é dado a remorsos que precisam ser muito
bem remunerados para não se tornarem delações premiadas.
Na época do
mensalão, ele se dispôs a depor para O Globo, mas acabou
arrependendo-se, num surto psicótico em que quebrou todo o seu
apartamento e se disse ameaçado de morte. Diante do fato de que nada
menos que nove mortos já surgiram no rastro do assassinato do
ex-prefeito Celso Daniel, seu temor não deve ser sem motivo.
Também o
delator Paulo Roberto Costa declarou-se com medo de ser morto, alegando
justamente o caso Celso Daniel. A Operação Lava Jato chega, portanto,
às profundezas da lama petista.
Os fantasmas do mensalão unem-se à
atualidade do petrolão para mostrar a continuidade delitiva dessa
organização criminosa - já oficialmente assim identificada - que tomou
conta do governo brasileiro, de acordo com a visão da Operação Lava
Jato.
Os pontos-chave:
1- Não é à toa que figuras como o
ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral do PT Silvinho
Pereira, condenados no mensalão, aparecem novamente na fase atual da
Lava-Jato, que, batizada de Carbono 14, exuma fatos da pré-história
petista rumo ao poder.
2 - Espectros do passado teimam em
persegui-los, o cadáver insepulto do ex-prefeito de Santo André cisma de
confrontá-los, os companheiros que, pelos relatos da família e que
agora passam a ser investigados pela Operação Lava Jato, desviaram-se do
caminho vislumbrado por Daniel e acabaram por se livrarem dele da
maneira mais brutal.
3 - Os fantasmas do mensalão unem-se à
atualidade do petrolão para mostrar a continuidade delitiva dessa
organização criminosa que tomou conta do governo brasileiro.
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