Pizzolato: de diretor do Banco do Brasil a auxiliar de pedreiro
Na
Papuda, mensaleiro-fujão estudou, deu aulas de italiano e trabalhou na
biblioteca para reduzir o tempo no cárcere. Ele poderá progredir ao
regime semiaberto a partir de 7 de junho
Felipe Frazão - VEJA
O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato é escoltado por agentes da PF no aeroporto de Brasília (DF)(Pedro Ladeira/Folhapress)
Ex-mandachuva
da poderosa diretoria de Marketing do Banco do Brasil, o
mensaleiro-fujão Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e 7 meses de
cadeia, tem uma nova formação profissional. Pizzolato conseguiu o
diploma de auxiliar de pedreiro no início deste ano, depois de cursar
180 horas de aula no Complexo Penitenciário da Papuda, por meio de um
convênio com o Centro de Educação Profissional (Cened). Nada indica que o
ex-sindicalista pretenda começar uma nova carreira aos 63 anos.
Pizzolato estudou entre os dias 18 de novembro e 7 de janeiro para
reduzir sua pena no cárcere. Conseguiu o perdão de quinze dias. E está
prestes a poder deixar a cadeia durante o dia. Ele também passou a
trabalhar na biblioteca da Papuda, a dar aulas de italiano e alfabetizar
outros presos, conforme relatório de inspeção do Ministério Público
obtido pelo site de VEJA. Dedica-se à leitura e faz caminhadas matinais.
A cada três dias de trabalho, ele reduz um da pena. O advogado de
Pizzolato, Hermes Vilchez Guerrero, já deu entrada no pedido de
progressão ao regime semiaberto. "Ele tem bom comportamento, estuda e
está trabalhando. Agora estamos na expectativa", disse o criminalista.
Condenado no julgamento do mensalão por corrupção passiva, peculato e
lavagem de dinheiro em 2012, ele fugiu para a Itália, onde foi preso em
fevereiro de 2014. Depois de apelações a cortes administrativas e
judiciárias, terminou extraditado ao Brasil em outubro de 2015. Desde
então, Pizzolato divide com o também mensaleiro Ramon Hollerbach a cela
número 1 da Ala dos Vulneráveis do Centro de Detenção Provisória da
Papuda. Pizzolato mantém bom relacionamento com Hollerbach e outros
presos. Os mensaleiros dividem uma cela com beliches, janelas, banheiro
próprio equipado com chuveiro elétrico. O ambiente é descrito pelo
Ministério Público como "satisfatório", espaçoso e bem iluminado. Ele
costuma receber visitas da irmã às sextas-feiras e também tem espaço
reservado para visita íntima. Na Ala dos Vulneráveis, que reúne presos
com idade avança e alguns alvos de operações como Zelotes, o tempo
diário de banho de sol costuma ultrapassar as duas horas regulamentares.
O Supremo Tribunal Federal determinou que os dois períodos em que o
petista ficou detido provisoriamente na Itália fossem descontados da
pena - foram 518 dias ao todo. A defesa também quer agora que a Justiça
reconheça a remição do tempo em que ele estudou e trabalhou na Itália.
De acordo com os últimos cálculos da Vara de Execuções Penais do
Distrito Federal, Pizzolato já cumpriu um ano e dez meses de prisão em
regime fechado. A pena só se extinguirá em 2 dezembro de 2026, mas
Pizzolato poderá progredir para o semiaberto em 7 de junho deste ano e
obter o livramento condicional em 12 de julho de 2018. Ele teve de pagar
multa de 2.054.585,89 reais.
O novo diploma de Pizzolato(Felipe Frazão/VEJA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário