segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

JOÃO BOSCO LEAL

Aprendendo com os próprios erros
Desde o nascimento os erros fazem parte de nossa vida e de nosso aprendizado. Ainda na maternidade já aprendemos que não devemos olhar diretamente para a luz, que o leite que sacia nossa fome não sai da ponta de nossos dedos, da fralda ou de qualquer outro objeto que suguemos, mas só do seio materno.
Iniciando com esses pequenos aprendizados, até o final de nossas vidas jamais deixaremos de ter oportunidades de novos conhecimentos, seja estudando, observando, com as experiências alheias ou com as próprias, o que provoca a grande diferença que se nota entre os diversos seres humanos, pois cada um estuda, vê, observa e aproveita - ou não - as experiências, de modo diferente.
Já nos primeiros dias podemos notar crianças que, mesmo com esforço, ou porque a mãe tem pouco leite ou porque ainda é fraco, não desistem e sugam bastante, provocando o aumento da geração de leite e seu consequente fortalecimento, enquanto outros, achando difícil a sucção e o pouco resultado obtido, acabam não lutando muito, com isso o leite vai diminuindo e eles a cada dia se tornam ainda mais fracos.
Crescendo um pouco mais, quando começamos a frequentar as escolas, já nos primeiros dias de aula podemos observar as crianças que ficam fascinadas com a presença de tantas outras para poderem brincar, conversar e fazer amizades, enquanto outras se assustam com o movimento e ficam mais retraídas. Notamos as mais sociáveis, as tímidas, as que partilham seus brinquedos e as que nada dividem.
Mas o mais interessante é observar a reação de cada uma em relação às suas próprias experiências fracassadas, quando não são correspondidos em uma amizade, paquera, ou quando não se saem bem em uma prova. Uma simples queda, durante as brincadeiras no intervalo, mostrará reações totalmente diferentes em cada criança. Notaremos as que se levantam e continuam correndo, as que ficarão olhando se estão rindo dela, as que chorarão e assim por diante.
Essas características são notadas nos jovens adultos ou velhos. Existem os que procuram aprender com suas quedas, os que só se preocupam com a opinião dos outros, aqueles que não se importam com nada, os que continuarão, e os que desistirão de sua busca, achando tudo muito difícil e arriscado.
Podemos notar pessoas que tomam atitudes e as que seguem os outros, os líderes e os comandados, os descobridores e os usuários, os bons e os maus, os inteligentes e os nem tanto, os vencedores e os fracassados. São essas diferenças que tornam o mundo tão fascinante. A cada um é dada a chance de escolha de seu caminho, suas amizades, seus companheiros e companheiras, e claro, de arcar com os resultados obtidos.
Alguns sequer saem do lugar onde estão, por não querer arriscar, com medo de tropeçar ao dar o primeiro passo e assim passam a vida, imaginando que tudo será difícil, se assustando com o simples rastro da onça como diz o velho ditado. Sem arriscarmos realmente não damos oportunidade para o erro, mas jamais acertaremos, seja comercialmente, em uma amizade ou relacionamento.
Arriscar sempre foi e será válido. Sem as tentativas fracassadas não teríamos chegado à descoberta de muitas vacinas e curas de milhares de doenças. Em busca delas muitos sonhadores foram considerados insanos, que nunca alcançariam seus objetivos, mas foi por suas imaginações e sonhos que o homem chegou à Lua e hoje explora outras novas descobertas, antes sequer sonhadas.
Não podemos nos acomodar, pois mesmo os amores não correspondidos jamais impedirão o encontro de outro e as dores do coração sempre ensinam algo para a próxima tentativa.
A vida não teria mesmo graça sem os erros, dificuldades, aflições e dores, que por maiores que sejam, no futuro, boas ou não, serão somente lembranças.
João Bosco Leal é jornalista, escritor, articulista político e produtor rural
www.joaoboscoleal.com.br

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