Direita, volver!
Nivaldo Cordeiro - MSM
Quando li o artigo de João Melão Neto (Uma nova direita, por que não?), publicado na edição de ontem do jornal O Estado de São Paulo, detestei-o de imediato. O primeiro parágrafo é uma mentira, ao dizer que "E os militares, no período, jamais respeitaram os direitos humanos e as garantias individuais de ninguém". Quem viveu aqueles tempos sabe que a repressão militar foi dirigida unicamente contra os revolucionários armados, que matavam inocentes e praticavam inúmeros crimes contra a ordem pública. E apenas por curto período, suficiente para extirpar o câncer. João Mellão cometeu uma injustiça e escreveu uma inverdade.
Olavo de Carvalho, em artigo a ser proximamente publicado ("Porque a direita sumiu"), comentou o texto do Mellão e nos deu uma aula de interpretação histórica. A direita no Brasil sumiu porque os militares entregaram a formação da juventude e os meios de comunicação aos esquerdistas, que no espaço de uma geração acabaram por dominar o cenário pedagógico e cultural, assumindo o monopólio da produção de conteúdo. Foi fatal. Tivemos o esplendor da revolução gramsciana no Brasil, cujo fruto foi as eleições dominadas pela esquerda desde a abertura política. O duelo político tem se dado entre representantes das esquerdas, uma evidente anomalia política.
Mas Mellão colocou corretamente o pergunta e lhe deu resposta adequada: "Afinal, o que é a direita? Ela se divide em duas vertentes: a conservadora e a liberal. E embora ambas pensem de forma semelhante, não é sempre que estão de acordo. Sobre os liberais trataremos em outro artigo. Façamos uma breve descrição do pensamento conservador". Nem sempre o convívio entre conservadores e liberais é pacífico, porque estes são o ramo à direita do movimento revolucionário. Os conservadores defendem o núcleo permanente da moral cristã, coisa que os liberais programaticamente combatem. Há um elemento de amoralidade no liberalismo.
Essa permanência é o ponto chave dos conservadores. Quem quiser se informar deve ler o livro do Russel Kirk "A Era de T.S. Eliot" (Editora É Realizações, 2011, que acabei de ler), onde a tese está bem exposta e defendida. A defesa que os conservadores fazem é de ordem moral, que tem um núcleo permanente fundado na tradição e nas Escrituras. Como está escrito no Evangelho de João (capítulo 15), em que a palavra permanência é repetida onze vezes. Nesse texto magnífico é que Jesus eleva os discípulos à condição de "amigos" de si mesmo, isto é, do Deus Vivo. A permanência referida é dos Mandamentos, não das fluidas formas sociais assumidas ao longo da história.
Por conta dessa confusão entre os Mandamentos e formas políticas passageiras é que escribas mal intencionados querem fazer crer que os conservadores são puramente reacionários em matéria política. Um exemplo é o texto publicado no site Ad Hominem (Nova direita, nascida velha). O autor comete o duplo equívoco de identificar a direita apenas com o conservadorismo, esquecendo dos liberais direitistas, e de associar os conservadores com o apego a formas sociais injustas já superados. São inimigos do cristianismo e não perdem tempo para difamar a religião de Cristo.
O fato é que a anomalia da inexistência de uma direita organizada deverá ser superada brevemente. Estamos vendo na Europa e nos EUA como a direita tem força política, capaz de se impor aos esquerdistas. O Tea Party é um exemplo dessa força política.
Nas últimas eleições presidenciais testemunhamos o primeiro movimento da força conservadora, que pôs o candidato José Serra no segundo turno. Por inabilidade do candidato e dos seus marqueteiros, que não souberam pegar a onda conservadora, José Serra perdeu. Agora em 2012 teremos o segundo round dessa luta dos conservadores para emergir no cenário eleitoral. A cidade de São Paulo será o palco maior dessa disputa. O voto conservador poderá dar vitória a José Serra, que agora se declarou candidato. Espero que dessa vez saiba trabalhar o eleitorado conservador.
P.S. em 26/02:
Mais das vezes não se escolhe os instrumentos de ação histórica, que são dados pelas circunstâncias. Neste momento em que a consciência conservadora se renova é claro que não há nomes conservadores para combater nas urnas contra as força revolucionária.
Tenho escrito que considerar que PSDB e PT como expressão do mesmo movimento revolucionário é legítimo e correto, mas dessa análise não se infere que, na política prática, os partidos sejam idênticos.
O PSDB sempre se portou como partido democrático e respeitou a alternância de poder e jamais se pretendeu perpetuar-se no poder.
Já o PT tem a sua ação prática próxima do marxismo-leninismo clássico e busca, a todo custo, a hegemonia total, inclusive e sobretudo contra o PSDB, seu único inimigo visível e única força política capaz de segurar suas pretensões totalitárias. Importa então impedir essa movimento fatal, de difícil reversão e de grande perigo histórico.
Hitler só consumou sua maldade tirânica quando dispôs do poder total. Nesse contexto, impedir que o poder local em São Paulo caia nas mãos do PT é de uma urgência desesperadora, tanto na cidade de São Paulo quanto no Estado. Assim, José Serra acabou por se torna a opção legítima e a única opção viável para que os conservadores possam atuar afirmativamente na política. Nem importa se o candidato queira esses votos, porque a política prática está além dessas considerações subjetivas.
O que importa é que há uma grande ameaça à ordem democrática, uma ameaça a todo o país. Combater essa ameaça é um dever de consciência.
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