Ruy Fabiano - Blog do Noblat
Política é uma atividade que, mais que qualquer outra, se move em torno
de símbolos. E nada simboliza mais a decadência de um partido que o
perfil moral e intelectual de suas lideranças.
Nesses termos, nada traduz melhor a decadência moral e intelectual do
PT – e de seu projeto revolucionário - do que a figura de seu líder na
Câmara, deputado Sibá Machado.
Até quarta-feira passada, era visto apenas como uma figura folclórica, inofensiva em sua nulidade. Eis, porém, que de repente põe as unhas de fora e revela sem qualquer pudor a plenitude de sua índole primata e antidemocrática.
Vira-se para a galeria da Câmara, onde estavam integrantes de movimentos de rua, defensores do impeachment da presidente da República, e, após chamá-los repetidamente de “safados”, ameaça-os com pancadaria, que se consumaria momentos depois, por meio de milícias do MST e do MTST, nos gramados do Congresso.
Em circunstâncias normais – algo que há muito o país não conhece -, Sibá perderia a condição de líder e seria enquadrado penalmente por incitação à violência. Não foi, nem será. E seria injusto que o fosse, dado que não é o primeiro, nem o mais ilustre, a transgredir regras e padrões elementares de decência.
Bem ao contrário, ao transgredi-los, apenas seguiu o exemplo de seus superiores mais ilustres. Antes de seu gesto boçal, Lula, por exemplo, havia confessado nada menos que dois crimes, sem demonstrar qualquer consciência da gravidade do que admitia.
Admitiu, inicialmente, que de fato Dilma havia cometido as pedaladas fiscais, que embasam o pedido de impeachment. Mas argumentou que, embora tenha infringido a lei, o fez por uma boa causa, já que em defesa de programas sociais.
Ainda que o fosse – e isso foi desmentido no dia seguinte, quando se constatou que a infração beneficiara também grandes proprietários rurais -, não deixaria de ser crime de responsabilidade. Não há crime do bem. Crime é crime – e não é de direita ou de esquerda. Lula, pelo visto, não sabe disso.
Na sequência, admitiu com a maior naturalidade o estelionato eleitoral de Dilma. Disse que ela, de fato, prometeu coisas que não fez (e nem fará) e fez (e faz) coisas que jurou que não faria. O arrocho econômico que atribuiu às intenções do adversário foi posto em cena já no dia seguinte ao de sua reeleição.
Não por acaso, viu sua popularidade ruir já nos primeiros dias de seu novo mandato, fato inédito na história da república. Aliás, este novo mandato é uma coleção de ineditismos, a começar pela escala da roubalheira que a Lava Jato não se cansa de revelar.
E aí Lula volta a exibir sua índole transgressora. Reclama do ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, por permitir que a Polícia Federal (imaginem!) cumpra sua missão investigativa.
Acha um absurdo que a presidente nada faça para enquadrá-lo – e pede sua demissão, que, aliás, seria bem-vinda, mas não pela negligência que Lula lhe atribui, mas por razão exatamente oposta.
É o mesmo Lula que, até há pouco, procurava justificar o festival de escândalos não como sinal de que os governos do PT fizeram da corrupção método administrativo, mas, ao contrário, por “permitirem” que os órgãos que a combatem – Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário – atuassem com plena liberdade.
Bastou, porém que essa “plena liberdade”, garantida pela Constituição e não pelo PT, encontrasse as digitais do ex-presidente e de seus filhos em algumas falcatruas para que Lula cobrasse sua supressão. Se Dilma ou o ministro da Justiça pudessem conter a Lava Jato, já o teriam feito. Lula está sendo injusto com ambos.
A democracia está longe de ser um regime perfeito. É o pior deles, já dizia Churchill, excetuadas as demais alternativas. Permite, por exemplo, que projetos autoritários, como os do PT, dela se sirvam como rito de passagem, para destruí-la.
Socialismo, fascismo e nazismo – ideologias com genoma comum (convém não esquecer que nazismo é abreviatura de nacional-socialismo) - assim o fizeram. E está claro que o PT pretendia o mesmo, mas foi atropelado pela conjunção de fracasso na economia e roubalheira em escala inusitada.
Os benefícios sociais que supostamente trouxe ao país, a crise encarrega-se de desfazê-los, um a um. Pecaram contra a sustentabilidade, a lógica e a responsabilidade fiscal. Os que teriam ascendido à classe média – que o partido garante, sem nem remotamente o comprovar, que foram mais de 30 milhões – já fizeram o caminho de volta. O que a aceleração do desemprego põe em cena é o inverso: a proletarização da classe média.
O Bolsa-Família, que está sem reajuste há 17 meses, corre o risco de cortes substantivos. As pesquisas mostram o fim do mito Lula e a rejeição ao PT. A crise é grave e complexa – e exige cérebros sofisticados para equacioná-las. Mas o que há é Lula, Dilma e Sibá Machado; crise gigante, líderes anões. Na ausência de ideias, milícias, agressões e palavrões. Numa palavra, Sibá Machado.
Até quarta-feira passada, era visto apenas como uma figura folclórica, inofensiva em sua nulidade. Eis, porém, que de repente põe as unhas de fora e revela sem qualquer pudor a plenitude de sua índole primata e antidemocrática.
Vira-se para a galeria da Câmara, onde estavam integrantes de movimentos de rua, defensores do impeachment da presidente da República, e, após chamá-los repetidamente de “safados”, ameaça-os com pancadaria, que se consumaria momentos depois, por meio de milícias do MST e do MTST, nos gramados do Congresso.
Em circunstâncias normais – algo que há muito o país não conhece -, Sibá perderia a condição de líder e seria enquadrado penalmente por incitação à violência. Não foi, nem será. E seria injusto que o fosse, dado que não é o primeiro, nem o mais ilustre, a transgredir regras e padrões elementares de decência.
Bem ao contrário, ao transgredi-los, apenas seguiu o exemplo de seus superiores mais ilustres. Antes de seu gesto boçal, Lula, por exemplo, havia confessado nada menos que dois crimes, sem demonstrar qualquer consciência da gravidade do que admitia.
Admitiu, inicialmente, que de fato Dilma havia cometido as pedaladas fiscais, que embasam o pedido de impeachment. Mas argumentou que, embora tenha infringido a lei, o fez por uma boa causa, já que em defesa de programas sociais.
Ainda que o fosse – e isso foi desmentido no dia seguinte, quando se constatou que a infração beneficiara também grandes proprietários rurais -, não deixaria de ser crime de responsabilidade. Não há crime do bem. Crime é crime – e não é de direita ou de esquerda. Lula, pelo visto, não sabe disso.
Na sequência, admitiu com a maior naturalidade o estelionato eleitoral de Dilma. Disse que ela, de fato, prometeu coisas que não fez (e nem fará) e fez (e faz) coisas que jurou que não faria. O arrocho econômico que atribuiu às intenções do adversário foi posto em cena já no dia seguinte ao de sua reeleição.
Não por acaso, viu sua popularidade ruir já nos primeiros dias de seu novo mandato, fato inédito na história da república. Aliás, este novo mandato é uma coleção de ineditismos, a começar pela escala da roubalheira que a Lava Jato não se cansa de revelar.
E aí Lula volta a exibir sua índole transgressora. Reclama do ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, por permitir que a Polícia Federal (imaginem!) cumpra sua missão investigativa.
Acha um absurdo que a presidente nada faça para enquadrá-lo – e pede sua demissão, que, aliás, seria bem-vinda, mas não pela negligência que Lula lhe atribui, mas por razão exatamente oposta.
É o mesmo Lula que, até há pouco, procurava justificar o festival de escândalos não como sinal de que os governos do PT fizeram da corrupção método administrativo, mas, ao contrário, por “permitirem” que os órgãos que a combatem – Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário – atuassem com plena liberdade.
Bastou, porém que essa “plena liberdade”, garantida pela Constituição e não pelo PT, encontrasse as digitais do ex-presidente e de seus filhos em algumas falcatruas para que Lula cobrasse sua supressão. Se Dilma ou o ministro da Justiça pudessem conter a Lava Jato, já o teriam feito. Lula está sendo injusto com ambos.
A democracia está longe de ser um regime perfeito. É o pior deles, já dizia Churchill, excetuadas as demais alternativas. Permite, por exemplo, que projetos autoritários, como os do PT, dela se sirvam como rito de passagem, para destruí-la.
Socialismo, fascismo e nazismo – ideologias com genoma comum (convém não esquecer que nazismo é abreviatura de nacional-socialismo) - assim o fizeram. E está claro que o PT pretendia o mesmo, mas foi atropelado pela conjunção de fracasso na economia e roubalheira em escala inusitada.
Os benefícios sociais que supostamente trouxe ao país, a crise encarrega-se de desfazê-los, um a um. Pecaram contra a sustentabilidade, a lógica e a responsabilidade fiscal. Os que teriam ascendido à classe média – que o partido garante, sem nem remotamente o comprovar, que foram mais de 30 milhões – já fizeram o caminho de volta. O que a aceleração do desemprego põe em cena é o inverso: a proletarização da classe média.
O Bolsa-Família, que está sem reajuste há 17 meses, corre o risco de cortes substantivos. As pesquisas mostram o fim do mito Lula e a rejeição ao PT. A crise é grave e complexa – e exige cérebros sofisticados para equacioná-las. Mas o que há é Lula, Dilma e Sibá Machado; crise gigante, líderes anões. Na ausência de ideias, milícias, agressões e palavrões. Numa palavra, Sibá Machado.
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