sábado, 31 de outubro de 2015

Cresce diferença de desempenho entre ricos e pobres até nas escolas públicas
Levantamento do Inep mostra também notas aquém do esperado em todos os estratos de renda
VEJA
Sala de aulaA diferença no desempenho de alunos das escolas públicas mais pobres e mais ricas cresceu(Joel Silva/Folhapress/VEJA)
A diferença de rendimento entre as escolas públicas brasileiras mais pobres e as mais ricas aumentou na última década. É o que mostra a comparação entre estudantes de diferentes níveis socioeconômicos na Prova Brasil, avaliação do governo federal que mede o desempenho em português e matemática a cada dois anos. A análise é do Inep. Em 2005, a diferença das notas entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos para o 5.º ano em português foi de 20 pontos. Em 2013, mais do que dobrou: cravou 42 pontos, salto de 110%. O mesmo problema ocorreu em matemática: a diferença avançou de 20 pontos para 47, acréscimo de 139%. A prova de 2015 ainda não foi feita.
A desigualdade também cresceu no 9.º ano, embora em menor proporção. Em 2005, a diferença entre a média das escolas de nível socioeconômico mais baixo e mais alto era de 24 pontos em português. Em 2013, subiu para 28 -- 14% mais alta. Já em matemática, o abismo cresceu 16%.
No quadro geral, todos os estratos de renda obtiveram notas aquém do esperado. O movimento Todos pela Educação considera que, nos anos iniciais, os estudantes deveriam ter chegado, no mínimo, a 200 pontos em português e 225 em matemática (a realidade foi, respectivamente, 182 e 205). Nas séries finais, as notas mínimas deveriam ter sido 275 pontos em português e 300 em matemática, mas alcançaram, nesta ordem, 237 e 242.
A redução da desigualdade precisará estar no topo das prioridades do Ministério da Educação, de estados e municípios nos próximos anos. É o que prevê o novo Plano Nacional de Educação (PNE). Faltam, no entanto, estratégias concretas para isso. Desde que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reassumiu a pasta, em setembro, o MEC tem afirmado que vai alterar os programas que atendem unidades mais pobres.
O novo cruzamento reforçou outro levantamento apresentado pelo Inep em setembro. Na ocasião, a instituição comparou o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal termômetro da qualidade educacional, entre escolas com renda baixa e alta, com o mesmo número de alunos. A diferença de resultado ficou na casa de 60%.
Para a especialista Vanda Mendes Ribeiro, as ações do MEC, mesmo quando buscaram a melhoria na educação, não focaram nos estratos mais frágeis. De acordo com ela, uma das formas de combater a desigualdade é ter na mesma sala alunos de diferentes origens.

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