MARCIA ROZENTHAL - IL
Não é a primeira vez que tento escrever sobre esse tema, que tanto me
intriga. Não sou jurista, sou psiquiatra, e por isso minha preocupação é
para com o ser humano, com suas fontes de sofrimento dentro da visão
neurobiológica, mas no meu caso, também para além dela. Estou acostumada
a estudar horas sobre depressão, psicopatia, e tantas outras causas
endêmicas do mal e do mau, mas é comum que meu pensamento seja
catapultado para fora da minha zona de conforto.
Penso na confusão que se faz entre os termos autoridade e autoritarismo, humildade e humilhação. Esses termos, a princípio, aparentam não ter qualquer relação com a questão básica deste texto, mas no fundo, são a síntese do que vou escrever. Bastaria definir estes termos e associá-los ao título, e pronto. Talvez um leitor que esteja afinado com minhas intenções possa ter entendido onde quero chegar com meu raciocínio. Mas, opto pelo trabalho de tocar em alguns outros pontos, porque assim o fiz para desenvolver minhas ideias. Mesmo assim serei breve, pois admiro a elegância do poder de síntese.
Não há dia – e posso arbitrar um prazo de mais de uma década – em que não ouço alguém falar em “meus direitos como cidadão” ou “como empregado”, “comissão de direitos humanos”, “direitos dos LGBT”, “direito do menor” e tantos outros exemplos, mas me falta um ímpeto para relembrar e enumerá-los todos. Mas estes termos já preenchem nossos noticiários diários, quando é narrado um desentendimento no elevador, um comentário mal colocado, uma piada fora de hora, um crime, um atentado terrorista, um entrevero num lugar público, e por aí vai.
Não…. O mundo não era assim. Não posso explicar por que tudo está diferente, embora tenha minhas hipóteses – mas, sou tomada por uma sensação de estranheza no meu próprio planeta. Constato que a nossa civilização, como a conheci, está qualitativamente mudando…. E, na minha opinião, não é para um destino melhor.
No judaísmo existe uma figura de linguagem interessante: o “pão da vergonha”. Este termo designa aquela sensação ruim, de profundo desconforto interno, que toma, desde criança, o ser-humano quando recebe algo que sabe não merecer. Tenho muito respeito pela sabedoria, e aqui me refiro ao judaísmo; e por favor não confundam este termo com conhecimento. O judaísmo, cultura antiga, mas nunca antiquada, é uma fonte inesgotável para quem quer um contato mais direto com a matéria humana em toda a sua complexidade. Voltando ao “pão da vergonha”, entendo este sentimento como algo universal, profundo, inerente à condição humana na sua forma mais crua e essencial.
É mais do que óbvio que pobreza, baixa escolaridade ou fome não podem tirar de ninguém os seus direitos. Uso o verbo podem no sentido de ter o poder de, literalmente. E, por esta ótica, também não podem tirar os seus deveres. Um deve vir junto ao outro na conformação genética do homem social. Mas, por algum motivo só se luta, fala e pensa nos direitos.
O discurso que nos permeia é perverso, é nefasto, está corroendo e destruindo a humanidade, e criando seres deformados, quase feras.
Todo homem tem o direito a ter deveres, assim como tem o dever de ter direitos!
Esse é o meu grito de alerta, que emito do fundo dos meus pulmões. Porque aí jaz o equilíbrio, a saúde e a justiça.
Uma sociedade que tem pena dos seus, apodrece.
Compaixão não é humilhação.
Pena é humilhação.
Compaixão pressupõe julgar todos os cidadãos dignos de ter e de exercer seus deveres, e não torná-los inferiores, incompetentes; é respeitar o direito de todos os cidadãos de saberem-se capazes de ter atitudes proativas, construtivas e criativas. Privar uma pessoa deste conhecimento, através da sua infantilização assistencialista, fere dura e ativamente sua dignidade. É humilhá-la. É trancá-la dentro de uma padaria que fabrica pão da vergonha, é fazer com que ela pense que este é o único alimento existente, é deixá-la morrer envenenada! Estão maltratando e determinando a sentença de morte prematura da humanidade.
Não é o aquecimento global que nos ameaça! É a fábrica de humilhados que estão se tornando todas as comissões, ministérios, departamentos, governos, órgãos internacionais que só falam em direitos humanos e que despejam terroristas, assassinos, seres arrogantes e cínicos, treinados para se entenderem merecedores do que não fizeram por. Seres que invejam aqueles que têm deveres, que têm dignidade, e que, neles projetam seu profundo sentimento de inferioridade, de desprezo e de ódio a si próprios. Essa é a natureza humana expressa da forma mais estraçalhada possível.
Estamos indo por um caminho totalmente equivocado. Estamos criando uma sociedade que privilegia o direito ao dever, a indolência ao trabalho, a criminalidade ao respeito, a arrogância à humildade, o autoritarismo à autoridade.
A humildade, ao meu ver, é uma grandeza advinda da lida corajosa com a vida. A humilhação sim, é o resultado da arrogância e da pena.
Que sociedade é essa que estamos criando, meu Deus?
Penso na confusão que se faz entre os termos autoridade e autoritarismo, humildade e humilhação. Esses termos, a princípio, aparentam não ter qualquer relação com a questão básica deste texto, mas no fundo, são a síntese do que vou escrever. Bastaria definir estes termos e associá-los ao título, e pronto. Talvez um leitor que esteja afinado com minhas intenções possa ter entendido onde quero chegar com meu raciocínio. Mas, opto pelo trabalho de tocar em alguns outros pontos, porque assim o fiz para desenvolver minhas ideias. Mesmo assim serei breve, pois admiro a elegância do poder de síntese.
Não há dia – e posso arbitrar um prazo de mais de uma década – em que não ouço alguém falar em “meus direitos como cidadão” ou “como empregado”, “comissão de direitos humanos”, “direitos dos LGBT”, “direito do menor” e tantos outros exemplos, mas me falta um ímpeto para relembrar e enumerá-los todos. Mas estes termos já preenchem nossos noticiários diários, quando é narrado um desentendimento no elevador, um comentário mal colocado, uma piada fora de hora, um crime, um atentado terrorista, um entrevero num lugar público, e por aí vai.
Não…. O mundo não era assim. Não posso explicar por que tudo está diferente, embora tenha minhas hipóteses – mas, sou tomada por uma sensação de estranheza no meu próprio planeta. Constato que a nossa civilização, como a conheci, está qualitativamente mudando…. E, na minha opinião, não é para um destino melhor.
No judaísmo existe uma figura de linguagem interessante: o “pão da vergonha”. Este termo designa aquela sensação ruim, de profundo desconforto interno, que toma, desde criança, o ser-humano quando recebe algo que sabe não merecer. Tenho muito respeito pela sabedoria, e aqui me refiro ao judaísmo; e por favor não confundam este termo com conhecimento. O judaísmo, cultura antiga, mas nunca antiquada, é uma fonte inesgotável para quem quer um contato mais direto com a matéria humana em toda a sua complexidade. Voltando ao “pão da vergonha”, entendo este sentimento como algo universal, profundo, inerente à condição humana na sua forma mais crua e essencial.
É mais do que óbvio que pobreza, baixa escolaridade ou fome não podem tirar de ninguém os seus direitos. Uso o verbo podem no sentido de ter o poder de, literalmente. E, por esta ótica, também não podem tirar os seus deveres. Um deve vir junto ao outro na conformação genética do homem social. Mas, por algum motivo só se luta, fala e pensa nos direitos.
O discurso que nos permeia é perverso, é nefasto, está corroendo e destruindo a humanidade, e criando seres deformados, quase feras.
Todo homem tem o direito a ter deveres, assim como tem o dever de ter direitos!
Esse é o meu grito de alerta, que emito do fundo dos meus pulmões. Porque aí jaz o equilíbrio, a saúde e a justiça.
Uma sociedade que tem pena dos seus, apodrece.
Compaixão não é humilhação.
Pena é humilhação.
Compaixão pressupõe julgar todos os cidadãos dignos de ter e de exercer seus deveres, e não torná-los inferiores, incompetentes; é respeitar o direito de todos os cidadãos de saberem-se capazes de ter atitudes proativas, construtivas e criativas. Privar uma pessoa deste conhecimento, através da sua infantilização assistencialista, fere dura e ativamente sua dignidade. É humilhá-la. É trancá-la dentro de uma padaria que fabrica pão da vergonha, é fazer com que ela pense que este é o único alimento existente, é deixá-la morrer envenenada! Estão maltratando e determinando a sentença de morte prematura da humanidade.
Não é o aquecimento global que nos ameaça! É a fábrica de humilhados que estão se tornando todas as comissões, ministérios, departamentos, governos, órgãos internacionais que só falam em direitos humanos e que despejam terroristas, assassinos, seres arrogantes e cínicos, treinados para se entenderem merecedores do que não fizeram por. Seres que invejam aqueles que têm deveres, que têm dignidade, e que, neles projetam seu profundo sentimento de inferioridade, de desprezo e de ódio a si próprios. Essa é a natureza humana expressa da forma mais estraçalhada possível.
Estamos indo por um caminho totalmente equivocado. Estamos criando uma sociedade que privilegia o direito ao dever, a indolência ao trabalho, a criminalidade ao respeito, a arrogância à humildade, o autoritarismo à autoridade.
A humildade, ao meu ver, é uma grandeza advinda da lida corajosa com a vida. A humilhação sim, é o resultado da arrogância e da pena.
Que sociedade é essa que estamos criando, meu Deus?
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