Vinícius Torres Freire - FSP
O Brasil tem simpatizantes entre administradores de uma boa pilha de dinheiro, lá fora, gente para quem já vale correr o risco de aplicar aqui ou, mais que isso, para quem é possível ter um retorno excepcional, caso se tenha estômago e paciência por uns três anos.
Foi isso que se pôde ouvir de seis gestores ou economistas de fundos que
aplicam em mercados emergentes, em particular no Brasil, reunidos para
uma espécie de café, conversa informal, pela internet. Eram quatro
americanos, um britânico e um suíço.
A ironia triste é que, no final das contas, os argumentos desses gestores ora não soam bem para quem vive aqui. De qualquer modo, eles faziam o papel de advogado do diabo, deste país em crise.
O Brasil está rendendo, desde já. As taxas de juros estão altas demais, tanto em termos domésticos como em relação a outros emergentes, acreditam. Em países mais relevantes da América Latina, as taxas de juros básicas são negativas, menores que a inflação, ou próximas de zero, como no México.
Não há risco de prejuízo com desvalorizações extras do real? É possível, mas o pior já teria passado. Em 2013, "era óbvio" que seria loucura ficar no Brasil, pois o país tinha um deficit externo enorme, haveria uma virada na economia mundial e a política econômica era "burra e suicida".
O Brasil não é ou voltou a ser instável demais para se arriscar por três anos? Sim, mas o país está pagando o preço (retornos mais altos). Sim, mas a situação externa tende a ficar mais estável, pois a desvalorização do real vai levar o deficit externo a zero até 2018 e vai dar um impulso maior à economia no ano que vem, dizem. O deficit externo, diferença entre importação e exportação de bens e serviços, de 4,3% do PIB em 2014, caiu a 3,3% do PIB no ano passado.
O país ainda está uma "bagunça", mas o investidor de coragem e paciência vai fazer dinheiro.
"Você pode até acreditar que o Brasil vai virar a Venezuela, mas é mais razoável apostar numa virada positiva da política econômica, que deve ser mais intensa depois das próximas eleições (2018). Isso vale também para quem quer comprar ou criar empresas no Brasil." O país já estaria barato (dada a desvalorização do real), e o preço de liquidação será ainda menor, pois salários e o valor das empresas ainda vão cair.
Um gestor chama a atenção para o fato de não haver fuga de capitais. Ressalta que o investimento direto (compra de empresas ou novos negócios) no país voltou a cobrir todo o deficit externo. "Está ruim para vocês aí, muita gente vai perder o emprego ainda, mas está ficando interessante para quem tem horizonte de investimento mais longo."
O Brasil vale o risco mesmo com a perspectiva de dificuldades na China? Uma crise chinesa pegaria mal em todos os emergentes. Se se acredita em alguma correção de rumos por aqui, o risco de haver uma piora maior especificamente no Brasil já passou.
Piores problemas? "Você sabe. Ambiente regulatório muito ruim, pesado, incerto, governo arbitrário. E esse deficit fiscal [nominal] de 9% do PIB, coisa de país em guerra, em depressão ou com uma crise bancária horrível. Enfim, ainda não é um país para casar, mas pode dar muita satisfação como um amante."
A ironia triste é que, no final das contas, os argumentos desses gestores ora não soam bem para quem vive aqui. De qualquer modo, eles faziam o papel de advogado do diabo, deste país em crise.
O Brasil está rendendo, desde já. As taxas de juros estão altas demais, tanto em termos domésticos como em relação a outros emergentes, acreditam. Em países mais relevantes da América Latina, as taxas de juros básicas são negativas, menores que a inflação, ou próximas de zero, como no México.
Não há risco de prejuízo com desvalorizações extras do real? É possível, mas o pior já teria passado. Em 2013, "era óbvio" que seria loucura ficar no Brasil, pois o país tinha um deficit externo enorme, haveria uma virada na economia mundial e a política econômica era "burra e suicida".
O Brasil não é ou voltou a ser instável demais para se arriscar por três anos? Sim, mas o país está pagando o preço (retornos mais altos). Sim, mas a situação externa tende a ficar mais estável, pois a desvalorização do real vai levar o deficit externo a zero até 2018 e vai dar um impulso maior à economia no ano que vem, dizem. O deficit externo, diferença entre importação e exportação de bens e serviços, de 4,3% do PIB em 2014, caiu a 3,3% do PIB no ano passado.
O país ainda está uma "bagunça", mas o investidor de coragem e paciência vai fazer dinheiro.
"Você pode até acreditar que o Brasil vai virar a Venezuela, mas é mais razoável apostar numa virada positiva da política econômica, que deve ser mais intensa depois das próximas eleições (2018). Isso vale também para quem quer comprar ou criar empresas no Brasil." O país já estaria barato (dada a desvalorização do real), e o preço de liquidação será ainda menor, pois salários e o valor das empresas ainda vão cair.
Um gestor chama a atenção para o fato de não haver fuga de capitais. Ressalta que o investimento direto (compra de empresas ou novos negócios) no país voltou a cobrir todo o deficit externo. "Está ruim para vocês aí, muita gente vai perder o emprego ainda, mas está ficando interessante para quem tem horizonte de investimento mais longo."
O Brasil vale o risco mesmo com a perspectiva de dificuldades na China? Uma crise chinesa pegaria mal em todos os emergentes. Se se acredita em alguma correção de rumos por aqui, o risco de haver uma piora maior especificamente no Brasil já passou.
Piores problemas? "Você sabe. Ambiente regulatório muito ruim, pesado, incerto, governo arbitrário. E esse deficit fiscal [nominal] de 9% do PIB, coisa de país em guerra, em depressão ou com uma crise bancária horrível. Enfim, ainda não é um país para casar, mas pode dar muita satisfação como um amante."
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