sábado, 30 de janeiro de 2016

Dirceu nega indicação de Duque e admite relação com lobista
Em depoimento ao juiz Sergio Moro, ex-ministro reconheceu que teve a reforma de seu apartamento paga por Milton Pascowitch. ‘Ele admitiu seus pecados’, disse advogado
VEJA
O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, durante audiência que ouve os presos da operação Lava Jato na CPI da Petrobras, no prédio da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, na manhã desta segunda-feira (31)Dirceu respondeu a todas as perguntas de Moro no depoimento de hoje, segundo seu advogado(Vagner Rosário/VEJA.com)
Depois de optar pelo silêncio em depoimentos anteriores, o ex-ministro José Dirceu respondeu a todas as perguntas na audiência desta sexta-feira com o juiz Sergio Moro. Réu em ação penal por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na Lava Jato, Dirceu está preso desde 3 de agosto. Segundo o seu advogado, Roberto Podval, o ex-ministro "admitiu seus pecados" no depoimento e "esclareceu tudo, disse que é verdade que o Milton Pascowitch pagou a reforma do seu apartamento e da sua casa", além de ter negado ser o autor da indicação de Renato Duque à diretoria de Serviços da Petrobras.
Ainda sobre a relação de seu cliente com o lobista e delator Pascowitch, o advogado contou que Dirceu admitiu a Moro ter permitido que o lobista pagasse as reformas, justificando que se tratava de "uma coisa minha com Milton, eu iria pagar o Milton". Para Podval, Pascowitch "se aproveitou da situação e 'vendeu' o Zé".
José Dirceu negou ter indicado Renato Duque para a Diretoria de Serviços da Petrobras. Apontado como cota do PT na estatal, Duque também é réu da Lava Jato, acusado de controlar um dos principais focos de corrupção na estatal.
Segundo seu advogado, Dirceu disse ter escolhido entre Duque e uma indicação do PSDB. "Havia um pedido do PSDB, uma indicação absolutamente legítima. Eu já tinha uma indicação do PSDB por conta de Furnas e havia uma outra pessoa indicada pelo PT." O ex-ministro negou ter "interesse pessoal" com Duque e argumentou que, como ministro da Casa Civil, cabia a ele a última palavra e a assinatura nas nomeações a cargos e ministérios. "Renato Duque não era amigo meu, eu nunca tinha visto, não sabia quem era", afirmou o ex-chefe da Casa Civil.
Dirceu admitiu também ter usado um jatinho de outro lobista e delator, Julio Camargo, conforme relatou Podval. "Os aviões me foram cedidos. A vida inteira me foram cedidos. Foram cedidos por ele, foram cedidos por outros. Eu sempre voei e sempre me deram", disse o ex-ministro a Moro.

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