segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A partir desta terça, PT tenta jogar nas costas do PMDB e da oposição o peso do ajuste
Não custa lembrar que, nos primeiros dias do governo Lula, algumas medidas duras foram aprovadas, sim. Com o apoio sabem de quem? Da oposição e do PMDB, que, então, tinha uma posição ainda neutra em relação aos “companheiros”. O PT mesmo continuava a fazer discurso demagógico
Reinaldo Azevedo - VEJA
O Congresso Nacional inicia o ano legislativo amanhã, e o governo deve enfrentar muitas dificuldades desde o primeiro dia. Além da preocupação com o impeachment de Dilma, o Planalto tenta aprovar desesperadamente projetos que aumentem a arrecadação e diminuam os gastos, como a recriação da CPMF e a reforma previdenciária.
A missão não será nada fácil. Líderes da base aliada afirmaram estar dispostos a discutir todas as propostas, até mesmo as impopulares. O diálogo, no entanto, está vinculado a uma condição: que o PT assuma o protagonismo e o eventual desgaste do debate.
Bem, então Dilma pode tirar o cavalo da chuva. Em resolução aprovada no início da semana passada pela Executiva Nacional, a cúpula do PT ressaltou que “o caminho para o necessário equilíbrio fiscal não pode ser pavimentado por sacrifícios do povo trabalhador”. Num determinado trecho do documento, lê-se: “O Partido dos Trabalhadores somente apoiará soluções que sejam negociadas e pactuadas com o sindicalismo, as organizações populares e os movimentos sociais”.
Não custa lembrar que, nos primeiros dias do governo Lula, algumas medidas duras foram aprovadas, sim. Com o apoio sabem de quem? Da oposição e do PMDB, que, então, tinha uma posição ainda neutra em relação aos “companheiros”. O PT mesmo continuava a fazer discurso demagógico.
O sonho dourado dos companheiros é ver a reforma da Previdência aprovada, claro!, mas sem os seus votos. Eles continuariam a ser os “defensores dos trabalhadores”.
A oposição, creio, já está madura o bastante para não cair nessa. Vamos ver se o PMDB topa ser boi de piranha de uma força decadente.

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