Esquema político na AL
Em diversos desses
países, o marqueteiro João Santana recebeu pagamentos ilegais através de
empresas offshores irrigadas pela Odebrecht, que também tinha
interesses na eleição de políticos do esquema devido a financiamentos de
grandes obras de infraestrutura.
Esse projeto de esquerda
que chegou ao poder há cerca de 15 anos na região com a primeira eleição
de Hugo Chavez na Venezuela, foi gestado no Foro de São Paulo,
organismo criado por Lula e Fidel Castro em 1990 a partir de um
seminário internacional em São Paulo. Partidos e organizações políticas
da América Latina e do Caribe, em baixa naquele momento, se reuniram
para discutir uma atuação conjunta de resistência ao que consideravam
"políticas neoliberais" que dominavam a região.
A integração
latino-americana passou a ser um projeto comum com a chegada ao poder
de vários daqueles líderes. Hoje, embora muitos deles continuem no
poder, os ventos políticos na região estão mudando. Na Bolívia, Evo
Morales, do Movimento para o Socialismo, acabou de perder o plebiscito e
não poderá concorrer a um quarto mandato. No Brasil, Dilma Rousseff do
PT enfrenta a ameaça de um processo de impeachment; na República
Dominicana, Danilo Medina (Partido de Libertação Dominicana) corre o
risco de perder a reeleição devido ao escândalo da prisão do marqueteiro
João Santana no Brasil.
A Venezuela passa por uma crise
econômica e política sem precedentes e Nicolás Maduro, do Partido
Socialista Unido da Venezuela, perdeu o domínio do Congresso em eleições
recentes. Continuam no poder vários outros membros do Foro de São
Paulo: Chile - Michelle Bachelet (Partido Socialista do Chile) Cuba -
Raúl Castro (Partido Comunista de Cuba) Dominica - Roosevelt Skerrit
(Partido Trabalhista da Dominica) Equador - Rafael Correa (Alianza País)
El Salvador - Salvador Sánchez Cerén (Frente Farabundo Martí de
Libertação Nacional) Nicarágua - Daniel Ortega (Frente Sandinista de
Libertação Nacional) Peru - Ollanta Humala (Partido Nacionalista
Peruano) Uruguai -Tabaré Vázquez (Frente Ampla). Olanta Humala aparece
em uma das anotações apreendidas pela Operação Lava Jato, mas nega que
tenha recebido dinheiro da Odebrecht.
A atuação internacional
da empresa de João Santana começou em 2003*, na Argentina, onde
coordenou campanhas legislativas, municipais e governamentais até 2007
na região de Córdoba. Em El Salvador, a Pólis fez a campanha que elegeu
presidente Maurício Funes, em 2009, eleito pela Frente Farabundo Martí
de Libertação Nacional (FMLN), grupo guerrilheiro formado nos anos 1980
que se transformou em partido em 1992 e nunca havia chegado ao poder.
Em 2012, a Pólis atuou em três campanhas. Em Angola, elegeu o
presidente José Eduardo dos Santos pelo Movimento Popular de Libertação
de Angola (MPLA). No mesmo ano, reelegeu na Venezuela o ex-presidente
Hugo Chávez.
Na República Dominicana, também em 2012,
Santana coordenou a campanha de Danilo Medina, que disputou contra o
ex-presidente Hipólito Mejía. Nesse período, João Santana também
coordenou o marketing político da campanha de José Eduardo Santos em
Angola, que teria custado U$ 50 milhões, sendo que parte foi paga em
dinheiro não contabilizado na offshore dos Santana na Suíça. A
Operação Lava Jato está desvendado toda essa rede de corrupção de
campanhas políticas na América Latina, Caribe e África, definindo qual o
papel da Odebrecht na distribuição ilegal de dinheiro pela região em
que tem interesses em grandes obras de infra estrutura, a maioria delas
financiadas pelo BNDES.
*Os dados sobre a atuação internacional de João Santana foram retirados de matéria do G1.
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