Neste domingo, a Folha trouxe uma pesquisa Datafolha que revela a opinião dos brasileiros a respeito. Entre os ouvidos, 62% acham que as empreiteiras beneficiaram Lula no caso do apartamento (58% acreditam ter sido uma relação de troca) e 57% no do sítio (para 55%, com troca de favores). Nos dois casos, só 13% acreditam que Lula não foi beneficiado pelas empresas
Reinaldo Azevedo - VEJA
Por
generosidade da Operação Lava Jato — e põe generosidade nisto! —, Lula
não é investigado em inquérito nem em casos em que seu nome está no
centro de delações. Vejam o exemplo do empréstimo do grupo Schahin ao
PT. Entender, no entanto, as tramoias do petrolão é coisa difícil. Mas
todo mundo entendeu a história do tríplex. Todo mundo entendeu a
história do sítio. Quanto mais Lula explica, mais ele se afasta do
universo daqueles que confiavam nele. Ou alguém acha razoável que um
ex-sindicalista como Jacó Bittar dê a Lula, de presente, um sítio, que
será, depois, repaginado por empreiteiras?
Esse não é
o universo do povo pobre, do qual Lula se queria e se dizia
representante. E, em certa medida, chegou a ser mesmo. Mas é claro que a
coisa foge ao razoável.
Neste
domingo, a Folha trouxe uma pesquisa Datafolha que revela a opinião dos
brasileiros a respeito. Entre os ouvidos, 62% acham que as empreiteiras
beneficiaram Lula no caso do apartamento (58% acreditam ter sido uma
relação de troca) e 57% no do sítio (para 55%, com troca de favores).
Nos dois casos, só 13% acreditam que Lula não foi beneficiado pelas
empresas.
O povo julgou e condenou Lula. Por ampla maioria.
Sim, 37%
ainda dizem que ele foi o melhor presidente, seguido por FHC, com 15%.
Getúlio Vargas, com 6% e JK, com 5%. Mas isso não quer dizer grande
coisa. O governo tucano acabou há mais de 14 anos. Essa distância
distorce tudo. Nem dá muito para os petistas se animarem, já que o de
Dilma lidera como o governo mais corrupto da história (34%), seguido
justamente pelo de Lula, que empata com Collor em 20%. O de FHC obteve
apenas 7% nesse quesito.
A
evidência de que o mito Lula se esfarelou se revela numa outra medição,
que aponta as pessoas mais confiáveis do Brasil. Joaquim Barbosa obteve a
melhor nota: 5,8, seguido por Marina Silva (Rede), com 5,3 — acima de
Sergio Moro, Aécio Neves e FHC, que empatam em 4,7. O senador José Serra
(PSDB-SP) tem 4,6. E só então aparece Lula, com 4,5, mesmo número de
Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo. Michel Temer obteve
3,1, e Dilma, 3. Os presidentes do Senado e da Câmara não aparecem bem:
2,7 e 2,3, respectivamente. Notem: acima de Lula, há três tucanos; o
juiz Moro, que os petistas odeiam; Joaquim Barbosa, também uma
besta-fera para a companheirada, e Marina Silva, que tenta roubar o
eleitorado de esquerda do PT.
É evidente
que os números são especialmente perversos para Lula e Dilma porque o
conhecimento que tem a população dos ilustres petistas é muito maior.
Fica difícil você dizer que confia em quem não conhece, mas é muito
fácil afirmar que não confia em quem conhece muito bem. E a gente
conhece Lula e Dilma o suficiente para não confiar neles.
Lula já era. Em breve, ele não serve nem mais fazer ameaças.
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