José Roitberg - Menorah
Atual área mista do Muro em Jerusalém será reformada e ampliada
O líder do Shas, partido político ultra-ortodoxo de origem árabe no Knesset (Parlamento Israelense), Aryeh Deri, deixou claro o que seu movimento e por extensão os ultra-ortodoxos e ortodoxos que o seguem, pensam dos outros judeus. Esta é apenas MAIS UMA declaração aberta, sobre a qual um monte de gente não pertencente aos movimentos religiosos judaicos ultra-ortodoxos fica tentando colocar panos quente ou fazer de conta que nada foi dito. Mas foi.
Só para ficar claro, eles mesmos se denominam ultra-ortodoxos e hareidim (tementes a Deus).
Após a decisão do governo de Israel de expandir a área mista (homens e
mulheres juntos) do Kotel, do Muro Ocidental, o Shas atacou com a
seguinte retórica: “Enquanto nós estivermos em posição de poder e
influência, nós NUNCA RECONHECEREMOS a Reforma. Apesar deles serem
judeus, eles não têm nenhum reconhecimento. No judaísmo EXISTE APENAS
UMA CORRENTE – o caminho religioso de Moisés e Israel”.
A decisão da justiça israelense sobre homens e mulheres juntos no Kotel afirma que “não existe uma interpretação do judaísmo exclusiva ortodoxa”. Em sua entrevista à rádio hareidi Kol Chai, o parlamentar Arye Deri foi ainda mais longe no que acha ser seu direito inalienável: “Infelizmente a corte não joga o jogo político habitual…” Entendeu? O Shas reclama que a justiça em Israel não se curva ao poder político! Ainda bem.
Nos anos 1990 a cerca que separava homens e mulheres na praça do muro era uma cerca simples e permitia que dar as mãos através dela. Aos poucos, houve uma radicalização com a colocação de uma cerca permitindo apenas tocar os dedos, substituída alguns anos atrás, por uma cerca dupla afastando fisicamente homens e mulheres.
A área para uso misto vem sendo utilizada com definição da Suprema Corte, para o lado direito da praça do Kotel, na área denominada Arca de Robinson. O governo de Israel afirmou ontem que vai promover uma obra nesta área, aumentando em muito a praça, pois seu acesso é difícil, por escadas e rampas, e não está encostada ao Muro Ocidental (na foto principal).
Curiosamente o Kotel representa apenas 70 metros, dos 450 metros totais do Muro. No subsolo, há uma porta emparedada que seria a de acesso à área religiosa do templo, onde pode-se encontrar homens e mulheres ortodoxos rezando juntos, fora das vistas da praça mais acima.
Para entrar no cerne da questão, o Shas é composto por judeus palestinos de origem turca e judeus vindos dos países árabes. Por exemplo o todo poderoso falecido rabino Ovadia Yossef z’l era um judeu iraquiano nascido em Bagdá em 1920. A interpretação religiosa deles é diferente da ashkenazita e eles não são sefaradim, e sim aravim. No Marrocos, por exemplo, os judeus expulsos da Península Ibérica pela Inquisição se fixaram nas cidades litorâneas, enquanto árabes judeus que lá estavam por cerca de 2.000 anos, residiam no interior do país. O rito religioso português era completamente diferente do rito árabe e estas comunidades, vivendo no mesmo país por 300 anos, chegaram ao Brasil ainda divididas e basicamente incompatíveis.
A divisão em Israel é muito maior. O Shas segue o Talmud de Jerusalém, enquanto os ashkenazim europeus e boa parte dos sefaradim europeus seguem o Talmud da Babilônia, e nem imagine textos iguais, porque não são. Seguidores de ambos talmudim afirmam estarem corretos enquanto os outros estão errados… A Reforma em seu cerne não reconhece o Talmud e boa parte dos Conservadores também não reconhecem o Talmud.
E não são só os Reformistas e Conservadores que o Shas não “reconhece” (como se tivesse a função ou legitimidade de reconhecer alguém). O Shas também não reconhece os ortodoxos poloneses, os ortodoxos lituanos e o movimento Chabad, entre outros. Por não possuírem a memória do Holocausto em suas famílias, apesar de alguns casos e campos (não de extermínio) implementados pelos nazistas na África do Norte, a plataforma aberta do Shas sobre a questão é que os 6 milhões de judeus mortos pelos nazistas, foram de fato punidos por Deus pelos pecados que suas almas cometeram em encarnações anteriores, dispensando Hitler e os alemães de qualquer culpa ou intenção pelo genocídio, pois todos eles estaria movidos pelos Deus dos judeus… Então, decida você quem tem legitimidade.
Quando vemos uma vertente do judaísmo afirmando que jamais irá reconhecer as outras, a única reação possível é também não reconhecer tal vertente como legítima e jamais abaixar a cabeça para eles.
A decisão da justiça israelense sobre homens e mulheres juntos no Kotel afirma que “não existe uma interpretação do judaísmo exclusiva ortodoxa”. Em sua entrevista à rádio hareidi Kol Chai, o parlamentar Arye Deri foi ainda mais longe no que acha ser seu direito inalienável: “Infelizmente a corte não joga o jogo político habitual…” Entendeu? O Shas reclama que a justiça em Israel não se curva ao poder político! Ainda bem.
Nos anos 1990 a cerca que separava homens e mulheres na praça do muro era uma cerca simples e permitia que dar as mãos através dela. Aos poucos, houve uma radicalização com a colocação de uma cerca permitindo apenas tocar os dedos, substituída alguns anos atrás, por uma cerca dupla afastando fisicamente homens e mulheres.
A área para uso misto vem sendo utilizada com definição da Suprema Corte, para o lado direito da praça do Kotel, na área denominada Arca de Robinson. O governo de Israel afirmou ontem que vai promover uma obra nesta área, aumentando em muito a praça, pois seu acesso é difícil, por escadas e rampas, e não está encostada ao Muro Ocidental (na foto principal).
Curiosamente o Kotel representa apenas 70 metros, dos 450 metros totais do Muro. No subsolo, há uma porta emparedada que seria a de acesso à área religiosa do templo, onde pode-se encontrar homens e mulheres ortodoxos rezando juntos, fora das vistas da praça mais acima.
Para entrar no cerne da questão, o Shas é composto por judeus palestinos de origem turca e judeus vindos dos países árabes. Por exemplo o todo poderoso falecido rabino Ovadia Yossef z’l era um judeu iraquiano nascido em Bagdá em 1920. A interpretação religiosa deles é diferente da ashkenazita e eles não são sefaradim, e sim aravim. No Marrocos, por exemplo, os judeus expulsos da Península Ibérica pela Inquisição se fixaram nas cidades litorâneas, enquanto árabes judeus que lá estavam por cerca de 2.000 anos, residiam no interior do país. O rito religioso português era completamente diferente do rito árabe e estas comunidades, vivendo no mesmo país por 300 anos, chegaram ao Brasil ainda divididas e basicamente incompatíveis.
A divisão em Israel é muito maior. O Shas segue o Talmud de Jerusalém, enquanto os ashkenazim europeus e boa parte dos sefaradim europeus seguem o Talmud da Babilônia, e nem imagine textos iguais, porque não são. Seguidores de ambos talmudim afirmam estarem corretos enquanto os outros estão errados… A Reforma em seu cerne não reconhece o Talmud e boa parte dos Conservadores também não reconhecem o Talmud.
E não são só os Reformistas e Conservadores que o Shas não “reconhece” (como se tivesse a função ou legitimidade de reconhecer alguém). O Shas também não reconhece os ortodoxos poloneses, os ortodoxos lituanos e o movimento Chabad, entre outros. Por não possuírem a memória do Holocausto em suas famílias, apesar de alguns casos e campos (não de extermínio) implementados pelos nazistas na África do Norte, a plataforma aberta do Shas sobre a questão é que os 6 milhões de judeus mortos pelos nazistas, foram de fato punidos por Deus pelos pecados que suas almas cometeram em encarnações anteriores, dispensando Hitler e os alemães de qualquer culpa ou intenção pelo genocídio, pois todos eles estaria movidos pelos Deus dos judeus… Então, decida você quem tem legitimidade.
Quando vemos uma vertente do judaísmo afirmando que jamais irá reconhecer as outras, a única reação possível é também não reconhecer tal vertente como legítima e jamais abaixar a cabeça para eles.
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