Vitor Hugo Soares - Blog do Noblat
Lá vem o Brasil descendo a ladeira. Evoco a memória e recolho retalhos da letra do sucesso musical dos Novos Baianos, nos anos 70. Autoria de Moraes Moreira (na época parceiro do jornalista chefe da redação da sucursal de O Globo na Bahia, João Santana, Patinhas, como está registrado no disco a autoria do “Forró do ABC”, outro sucesso da época). Vale a pena rever e anotar, pungente e criticamente, para não deixar que tudo escorra entre os dedos como areia nas mãos, sem memória.
Comparo com o furdunço geral em andamento, na semana de dar calafrios, a
saber: dos protestos indignados de milhões de brasileiros na Bahia e no
País afora, durante os 10 intermináveis minutos de duração do programa
eleitoral do PT na TV. O vôo de João Santana e de sua mulher e sócia
Mônica Moura, entre o balneário de Punta Cana, na República Dominicana,
onde o publicitário tocava mais uma campanha presidêncial, até a
carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, onde responde, perante o
juiz Sérgio Moro, a graves suspeitas levantadas pela Lava Jato. Para
completar, que desgraça não vem só, a reti rada de dois pontos pela
agencia de risco Mood's, que lançam o Brasil, inapelável e
vergonhosamente, no rol dos países sem credibilidade para novos
investimentos.
Difícil pensar – e mais ainda acreditar - que o País tortuoso, trôpego e irreconhecível, que vemos e atravessamos nesta Quaresma anunciadade 2016, é o mesmo desenhado nos cantos ufanistas, nas pinturas suntuosas, caras, mas cegas de realidade e enganosas, da propaganda do partido no poder (com seus satélites de ocasião).
E dos governos seguidos que o representam há 13 anos – dois de Luís Inácio Lula da Silva e dois de Dilma Rousseff (este último mandato tão pífio e cambaleante que é difícil acreditar que se sustentará em pé até 2018. A conferir.
Fatos impensáveis até bem pouco tempo, repito, que se sucedem aos turbilhões, acompanhados de solavancos políticos, econômicos, jurídicos, policiais e sócio-sanitários (olha o mosquito do zica!) de dar calafrios, mal (ou bem?) comparando.
Em Salvador (de onde escrevo), antes propalada como a capital mais lulista e dilmista do País, soteropolitanos indignados batem panelas e caçarolas nos apartamentos, tocam buzinas dos carros a toda carga nas ruas, gritam e protestam com fúria impensável e espontânea, desde o primeiro segundo do horário político “gratuito” destinado ao PT, em rede nacional de TV e rádio.
Desta vez – em razão dos sérios apuros enfrentados por Santana - , “o comandante da propaganda do PT e do governo”, como anunciam William Bonner e Renata Vasconcelos nestes últimos dias, nas chamadas da principais manchete do Jornal Nacional - "sob nova direção; a cargo de Edson Barbosa, o Edinho". Portanto, sem fugir à praxe, a mais recente produção da propaganda petista, na televisão, teve a batuta de outro bamba formado “na melhor escola de marqueteiros políticos da Bahia”, de larga e extensa tradição. Para o bem ou para o mal, é só comparar, porque esta é a linha principal deste arti go.
A fama marqueteira remonta – salvo engano que pode ser corrigido por outros jornalistas,especialistas e estudiosos do tema, mais e melhor informados - aos primeiros governos (municipal e estadual) de Antonio Carlos Magalhães, o ACM, no tempo da ditadura. Mas foi reforçada – e muito - no começo da redemocratização do país, com a memorável campanha que levaria o ex-exilado, chefe de gabinete do governo deposto de João Goulart,Waldir Pires, ao Palácio de Ondina. Como esquecer de Caetano Veloso interpretando “Amanhã”, de Guilherme Arantes, a cada abertura e término do programa de Waldir, no horário eleitoral na TV?
De volta a esta semana quaresmal, para não perder o prumo e gastar espaço em vão. E para não deixar de fazer, antes do ponto final, dois registros que julgo essenciais agora. Pela relevância exemplar do conteúdo de informação e opinião, no primeiro caso, e pelo tragicômico simbolismo do segundo.
Na área de comentários do site blog Bahia em Pauta, que edito há anos em Salvador, o jornalista Luís Augusto Gomes, editor do Por Escrito, escreveu sobre um texto de sua autoria, a propósito da prisão do marqueteiro baiano e o noticiário divergente entre dois pesos-pesados da imprensa brasileira (A Folha e o Globo):”Eu o conheci no meio baiano, fui por ele chefiado em O Globo. Poderia ter se contentado com menos”.
Na mosca!
Lembro, em seguida, do meu filme preferido de sempre: “Minha Vida de Cachorro”, cult dos anos 60. E de uma das incríveis comparações do garoto Ingemar, personagem central da obra prima cinematográfica do diretor sueco Lars Halstrom, que vive repetindo: "É preciso comparar".
Ingemar recorda do campeão de saltos de motocicleta sobre plataformas. Ele alinhou 30 automóveis, lado a lado, decidido a conquistar o recorde, saltando sobre os obstáculos. Tomou distância com a moto e voou tomando impulso na plataforma. Espatifou-se sobre o vigésimo nono veículo enfileirado. Ingemar conclui: “Se tivesse feito por menos, ainda estaria vivo.”
Nada mais a acrescentar.
Difícil pensar – e mais ainda acreditar - que o País tortuoso, trôpego e irreconhecível, que vemos e atravessamos nesta Quaresma anunciadade 2016, é o mesmo desenhado nos cantos ufanistas, nas pinturas suntuosas, caras, mas cegas de realidade e enganosas, da propaganda do partido no poder (com seus satélites de ocasião).
E dos governos seguidos que o representam há 13 anos – dois de Luís Inácio Lula da Silva e dois de Dilma Rousseff (este último mandato tão pífio e cambaleante que é difícil acreditar que se sustentará em pé até 2018. A conferir.
Fatos impensáveis até bem pouco tempo, repito, que se sucedem aos turbilhões, acompanhados de solavancos políticos, econômicos, jurídicos, policiais e sócio-sanitários (olha o mosquito do zica!) de dar calafrios, mal (ou bem?) comparando.
Em Salvador (de onde escrevo), antes propalada como a capital mais lulista e dilmista do País, soteropolitanos indignados batem panelas e caçarolas nos apartamentos, tocam buzinas dos carros a toda carga nas ruas, gritam e protestam com fúria impensável e espontânea, desde o primeiro segundo do horário político “gratuito” destinado ao PT, em rede nacional de TV e rádio.
Desta vez – em razão dos sérios apuros enfrentados por Santana - , “o comandante da propaganda do PT e do governo”, como anunciam William Bonner e Renata Vasconcelos nestes últimos dias, nas chamadas da principais manchete do Jornal Nacional - "sob nova direção; a cargo de Edson Barbosa, o Edinho". Portanto, sem fugir à praxe, a mais recente produção da propaganda petista, na televisão, teve a batuta de outro bamba formado “na melhor escola de marqueteiros políticos da Bahia”, de larga e extensa tradição. Para o bem ou para o mal, é só comparar, porque esta é a linha principal deste arti go.
A fama marqueteira remonta – salvo engano que pode ser corrigido por outros jornalistas,especialistas e estudiosos do tema, mais e melhor informados - aos primeiros governos (municipal e estadual) de Antonio Carlos Magalhães, o ACM, no tempo da ditadura. Mas foi reforçada – e muito - no começo da redemocratização do país, com a memorável campanha que levaria o ex-exilado, chefe de gabinete do governo deposto de João Goulart,Waldir Pires, ao Palácio de Ondina. Como esquecer de Caetano Veloso interpretando “Amanhã”, de Guilherme Arantes, a cada abertura e término do programa de Waldir, no horário eleitoral na TV?
De volta a esta semana quaresmal, para não perder o prumo e gastar espaço em vão. E para não deixar de fazer, antes do ponto final, dois registros que julgo essenciais agora. Pela relevância exemplar do conteúdo de informação e opinião, no primeiro caso, e pelo tragicômico simbolismo do segundo.
Na área de comentários do site blog Bahia em Pauta, que edito há anos em Salvador, o jornalista Luís Augusto Gomes, editor do Por Escrito, escreveu sobre um texto de sua autoria, a propósito da prisão do marqueteiro baiano e o noticiário divergente entre dois pesos-pesados da imprensa brasileira (A Folha e o Globo):”Eu o conheci no meio baiano, fui por ele chefiado em O Globo. Poderia ter se contentado com menos”.
Na mosca!
Lembro, em seguida, do meu filme preferido de sempre: “Minha Vida de Cachorro”, cult dos anos 60. E de uma das incríveis comparações do garoto Ingemar, personagem central da obra prima cinematográfica do diretor sueco Lars Halstrom, que vive repetindo: "É preciso comparar".
Ingemar recorda do campeão de saltos de motocicleta sobre plataformas. Ele alinhou 30 automóveis, lado a lado, decidido a conquistar o recorde, saltando sobre os obstáculos. Tomou distância com a moto e voou tomando impulso na plataforma. Espatifou-se sobre o vigésimo nono veículo enfileirado. Ingemar conclui: “Se tivesse feito por menos, ainda estaria vivo.”
Nada mais a acrescentar.
Arte: Antônio Lucena
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