segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Michael Douglas dá palestra sobre Israel e antissemitismo nos Estados Unidos
A escolha de Douglas para o Prêmio Gênesis, cujo objetivo declarado é o de reconhecer a excelência e a realização de um indivíduo que pode servir como um modelo para a comunidade judaica, e como uma inspiração para a próxima geração de judeus, provocou surpresa quando foi anunciada em janeiro de 2015.
Michael Douglas, reconhecido há bastante tempo como secular, é filho do ator judeu Kirk Douglas, e sua esposa é a atriz britânica não-judia Catherine Zeta Jones.
No entanto, em uma conversa que durou mais de uma hora, com Sharansky, ex-dissidente soviético que se tornou líder israelense, falaram sobre suas vidas como judeus e sobre questões de Israel.
“É algo surpreendente que eu esteja sentado próximo a esse cavalheiro [Sharansky] esta noite”, disse Douglas. Sharansky é presidente do comitê de seleção Gênesis, e quando ele e Douglas se encontraram, descobriram um interesse comum, no sentido de encorajar judeus em idade universitária, fato que originou a ideia da turnê.
“Esta noite é sobre trajetórias judaicas, e sobre pessoas que se conectaram com o judaísmo de maneiras diferentes”, disse Eric Fingerhut, Presidente e CEO da Hillel International, durante a introdução do programa. Ele se referiu à porção semanal da Torá, que inclui os Dez Mandamentos, e citou o ensinamento rabínico transmitido no Monte Sinai a todos os judeus do passado, do presente e do futuro. “Nós sabemos que Michael Douglas e Natan Sharansky reuniram-se no Monte Sinai, mas seus caminhos desde lá têm sido notavelmente diferentes”, disse Fingerhut.
Cerca de um quarto da plateia, de cerca de 500 pessoas, era de alunos da Brown, junto ao restante da comunidade de Providence. Fiel à reputação da Brown para a liberdade de manifestação, cerca de 20 estudantes protestaram contra o evento, no átrio do edifício, segurando cartazes criticando Israel como um país imperialista e opressor dos palestinos. Durante o evento, o coro dos manifestantes podia ser ouvido do auditório, mas nenhum deles entrou no salão, e não houve interrupções. Huriat Al-Sharq, um estudante, escreveu em um artigo de protesto na Brown Daily Herald: “Isto é uma afronta à liberdade acadêmica: estudantes da Brown não devem ser expostos a campanhas de propaganda executadas por poderes estatais, particularmente os poderes do Estado colonial”
Sharansky falou com alguns dos manifestantes antes do evento, mas disse: “Eles não querem falar. Eles querem gritar. Eles não querem tratar de direitos humanos, eles querem destruir o Estado de Israel.”
Muitos dos estudantes da Brown que fizeram perguntas a Douglas e Sharansky criticaram, embora respeitosamente, Israel e a Agência Judaica, que Sharansky chefia, pelo apoio exclusivo aos assentamentos judaicos na Cisjordânia, ocupada por Israel. Sharansky negou que a Agência Judaica tenha incentivado quaisquer assentamentos ilegais.
Douglas, que recebeu o prêmio original de 1 milhão de dólares e, em seguida, mais 1 milhão de dólares de um filantropo, está doando o dinheiro para apoio ao trabalho de promover a inclusão de famílias mistas na vida judaica.
“Tive a honra de receber o prêmio Gênesis ano passado”, disse Douglas, “e ele me encorajou a aprofundar o meu compromisso e crença de que todos nós devemos ser mais inclusivos, a fim de que a fé e a cultura judaica possam prosperar”. O dinheiro será dividido entre projetos que estão sendo desenvolvidos pelo Hillel e a organização “Jewish Funders Matching Grant Initiative”.
As outras duas paradas da turnê serão na Universidade de Stanford, dia 2 de fevereiro e na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara.
Douglas disse que passou grande parte de sua vida sem conexão com o judaísmo. Ele disse que seu pai, o ator Kirk Douglas, teve uma infância ortodoxa, mas depois se desligou do judaísmo, e se casou com uma mulher não judia. Douglas disse que cresceu acreditando que não era judeu porque sua mãe não era, e assim ele teve apenas contatos ocasionais com o judaísmo, incluindo um verão passado em Israel durante sua adolescência, enquanto seu pai fazia um filme por lá, em meados dos anos 60, baseado na vida do oficial militar judeu-americano David “Mickey” Marcus.
“A religião não era uma parte da minha vida”, disse Douglas, até que ele se casou com Zeta-Jones em 2000, e seu filho, Dylan, desenvolveu de forma independente um interesse pelo judaísmo. Dylan Douglas, ele relatou, pediu para ter um bar mitzvá. “Ele trouxe uma espiritualidade para a nossa família”, disse Douglas, quando viajaram juntos para Israel.
Douglas disse que ficou surpreso quando a Fundação Gênesis o chamou para dizer que receberia o prêmio, e se sentiu inicialmente indigno do mesmo, mas depois resolveu aceitá-lo.
“Foi um momento catártico para mim”, disse Douglas. “Eu não percebi o quanto eu queria ser aceito.” Ele acrescentou: “Eu sou secular. Estou apenas feliz por fazer parte da tribo. Valores judaicos são uma bela maneira de conduzir a vida”.
Douglas e Sharansky se questionaram durante toda a noite, e Sharansky, em determinado momento, disse a Douglas: “Que tal um bar mitzvá?” Após os risos da plateia, Douglas, 71 anos, disse: “Eu posso fazer isso”, embora ele rapidamente tenha acrescentado que possa esperar, de acordo com um costume judaico, até que ele chegue aos 83 anos.

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