Vinícius Torres Freire - FSP
Michel Temer é assediado como novo presidente desde a semana passada, quando o PMDB decidiu jogar Dilma Rousseff ao mar. Dados os últimos e frenéticos acontecimentos, o novo presidente corre o risco grande de levar problemas e cadáveres demais para essa Nova República Velha.
Dadas notícias frescas, o novo regime, por assim dizer, pode ser empesteado ainda pelo seguinte:
1) Eduardo Cunha está solto feito um zumbi frenético. Estreou ontem uma chicana nova. Se zanzar pelos palácios da Nova República Velha, levará a peste para lá;
2) Alguns indicadores essenciais da economia ainda pioram em ritmo cada vez mais rápido (emprego, crédito e receita do governo), tem-se visto nos últimos dias. Pior, não há praticamente nada a fazer a respeito até o final do ano, quando talvez a pororoca recessiva arrefeça;
3) Há, sim, pressão grande a favor de uma "transição transada" (Brasil!), algum acordo de salvação de cabeças de políticos sob risco de cadeia, acordo que inclui gente do PT, favor prestar atenção.
No entorno do ainda vice quase presidente, a conversa intensa, porém, é que resta menos de um mês para definir o ministério. Há especulação fortíssima, mas por ora apenas especulação, de Henrique Meirelles na Fazenda, de Nelson Jobim na Casa Civil ou na Justiça (mandando nos dois, de qualquer modo) e de peemedebistas típicos, como Eliseu Padilha e Moreira Franco, em cargos de "articulação".
Meirelles seria uma "ponte do passado com o futuro", diz um próximo de Temer e Renan Calheiros. Representa o "PT racional na economia", veio do PSDB, "fala com todo o mundo", do mercado a vários partidos menores. Apesar da animação meirellista desse senador do PMDB, o assunto ainda parece muito nebuloso.
E o PSDB? Não ficaria com a economia. Além do mais, Temer estaria agastado com a afoiteza dos novos aliados tucanos, que ainda negociam como o novo governo virtual, embora o ritmo dos contatos tenha diminuído, até pelo calendário de feriados e desembarques, e seja conduzido de modo muito mais discreto.
Como é óbvio histórico, essa conversa de ministérios terá muitas idas e vindas até que Temer esteja com a boca na botija. De qualquer modo, arrumar uma equipe de governo apresentável até que não deve ser tarefa muito difícil, dadas as trupes de desclassificados e tolos que Dilma em geral reuniu, nos últimos cinco anos. Não é bem esse o problema.
Temer terá de administrar coisas como Eduardo Cunha, repita-se. Não convém subestimar a revolta do povo, de coxinhas a mortadelas. Apenas 28% do eleitorado espera que Temer faça um governo melhor que o Dilma Rousseff (para 60%, será igual ou pior, está no Datafolha).
Dar fuga a Cunha ou, ainda pior, deixá-lo no lugar de vice vai provocar de cinismo a fúria imediatos. Ontem, no dia em "histórico" do desembarque do PMDB, esse sujeito chicaneava para evitar sua cassação.
Temer agora pretende "preservar-se" enquanto não for votado o afastamento da presidente, dizem próximos do novo poder. Que se ocupe então de não levar o lixo de agora para o seu virtual governo, que assumiria sob desconfiança popular enorme, sob crise econômica incontrolável até o fim do ano e provável protesto na rua, greves ou outros embates.
1) Eduardo Cunha está solto feito um zumbi frenético. Estreou ontem uma chicana nova. Se zanzar pelos palácios da Nova República Velha, levará a peste para lá;
2) Alguns indicadores essenciais da economia ainda pioram em ritmo cada vez mais rápido (emprego, crédito e receita do governo), tem-se visto nos últimos dias. Pior, não há praticamente nada a fazer a respeito até o final do ano, quando talvez a pororoca recessiva arrefeça;
3) Há, sim, pressão grande a favor de uma "transição transada" (Brasil!), algum acordo de salvação de cabeças de políticos sob risco de cadeia, acordo que inclui gente do PT, favor prestar atenção.
No entorno do ainda vice quase presidente, a conversa intensa, porém, é que resta menos de um mês para definir o ministério. Há especulação fortíssima, mas por ora apenas especulação, de Henrique Meirelles na Fazenda, de Nelson Jobim na Casa Civil ou na Justiça (mandando nos dois, de qualquer modo) e de peemedebistas típicos, como Eliseu Padilha e Moreira Franco, em cargos de "articulação".
Meirelles seria uma "ponte do passado com o futuro", diz um próximo de Temer e Renan Calheiros. Representa o "PT racional na economia", veio do PSDB, "fala com todo o mundo", do mercado a vários partidos menores. Apesar da animação meirellista desse senador do PMDB, o assunto ainda parece muito nebuloso.
E o PSDB? Não ficaria com a economia. Além do mais, Temer estaria agastado com a afoiteza dos novos aliados tucanos, que ainda negociam como o novo governo virtual, embora o ritmo dos contatos tenha diminuído, até pelo calendário de feriados e desembarques, e seja conduzido de modo muito mais discreto.
Como é óbvio histórico, essa conversa de ministérios terá muitas idas e vindas até que Temer esteja com a boca na botija. De qualquer modo, arrumar uma equipe de governo apresentável até que não deve ser tarefa muito difícil, dadas as trupes de desclassificados e tolos que Dilma em geral reuniu, nos últimos cinco anos. Não é bem esse o problema.
Temer terá de administrar coisas como Eduardo Cunha, repita-se. Não convém subestimar a revolta do povo, de coxinhas a mortadelas. Apenas 28% do eleitorado espera que Temer faça um governo melhor que o Dilma Rousseff (para 60%, será igual ou pior, está no Datafolha).
Dar fuga a Cunha ou, ainda pior, deixá-lo no lugar de vice vai provocar de cinismo a fúria imediatos. Ontem, no dia em "histórico" do desembarque do PMDB, esse sujeito chicaneava para evitar sua cassação.
Temer agora pretende "preservar-se" enquanto não for votado o afastamento da presidente, dizem próximos do novo poder. Que se ocupe então de não levar o lixo de agora para o seu virtual governo, que assumiria sob desconfiança popular enorme, sob crise econômica incontrolável até o fim do ano e provável protesto na rua, greves ou outros embates.
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