Revista ‘Economist’ para de publicar dados oficiais argentinos
Sílvio Guedes Crespo - OESP
A revista britânica “The Economist“, que divulga toda semana mais de mil números relativos à economia de diversos países, anunciou que vai parar de publicar dados oficias da Argentina.
No lugar do índice de inflação divulgado pelo governo, o semanário vai publicar um indicador calculado pela empresa americana PriceStats. A companhia coleta preços do comércio eletrônico em 19 países.
“A Argentina sem dúvida vai dizer que [a PriceStats] mede o consumo dos ricos e não mede o dos pobres, que não compram pela internet. Mas os métodos da PriceStats têm uma impressionante convergência com indicadores oficias de confiança em países como o Brasil e a Venezuela”, afirma a “Economist”, em artigo intitulado “Não minta para mim, Argentina”.
A revista nota que a PriceStats calcula uma inflação de 24,4% na Argentina no ano passado e de 137% no acumulado de 2007 a 2011. Já o Indec, escritório oficial de estatísticas do país, diz que a alta de preços foi de 9,7% no ano passado e de 44% nos últimos cinco anos.
Desconfiança
A oposição e empresas privadas da Argentina não acreditam nos dados oficiais. Em 2007, a entidade anunciou uma mudança de metodologia em suas pesquisas e afastou funcionários.
No ano passado, o governo multou consultorias que divulgaram levantamento de preços, com base em uma lei que impede a difusão de informações que possam confundir o consumidor.
Seria o caso de suspeitar de um complô do setor privado contra o Indec se pelo menos as autoridades confiassem em seus números. Mas o que ocorre é justamente o contrário. Aliados do governo também não querem saber dos dados oficiais.
A central sindical CTA (Central dos Trabalhadores da Argentina), segunda maior do país, defendeu um aumento salarial de 25% para os seus trabalhadores, alegando que “uma negociação abaixo dessa cifra estaria cedendo ao aumento de preços”, conforme noticiou recentemente o jornal “Clarín“. A CTA foi uma aliada da presidente Cristina Kirchner na campanha pela reeleição, em outubro do ano passado.
Segundo a “Economist”, o próprio governo oferece aos sindicatos reajustes similares aos índices não oficiais de inflação.
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