Reinaldo Azevedo - VEJA
A
expressão mais famosa que cunhei, como todos sabem, é “petralha”. Mas
há outra para definir os petistas, menos popular, mas de maior alcance,
que é “burguesia do capital alheio”. Se petralhas definem apenas os
petistas que justificam o roubo do dinheiro público — havendo
partidários que não o façam, petralhas não são… Mas pergunto: há? —, o
“burguês do capital alheio” serve para definir qualquer petista.
É
impressionante a desfaçatez com que essa gente se assenhoreia do que não
lhe pertence — seja o bem público ou o privado — em benefício do
próprio PT ou de interesses pessoais.
A troca de
mensagens de WhatsApp entre o empreiteiro Ricardo Pessoa e um auxiliar
seu — leiam na home —, que sugere que a contribuição da empreiteira UTC à
campanha de Dilma saiu de uma conta-propina, revela a desfaçatez dessa
máquina que se apoderou do estado brasileiro.
Embora o
petismo carregue toda a cultura autoritária do bolchevismo; embora
mimetize todos os rituais tirânicos da mística socialista, é evidente
que socialistas os petistas não são. Ao contrário: o petismo se
converteu apenas na expressão de um novo patrimonialismo, caracterizado
pelo assalto ao estado, que passou a ser exercido por uma nova
categoria, que, por sua vez, aos poucos, tentou se transformar numa nova
classe — esta que chamo de “burguesia do capital alheio”.
A troca de
mensagens de Pessoa com seu auxiliar não está elencada entre as razões
do impeachment na denúncia formulada pela oposição, mas é evidente que
os deputados, ao votar, estão moralmente obrigados a considerá-la.
E que se
note: as contas da campanha de Dilma estão sob investigação no TSE. O
tribunal já tinha o testemunho de Ricardo Pessoa. Ele afirmou ter sido,
digamos, sutilmente achacado por Edinho Silva, hoje ministro da
Comunicação Social e então tesoureiro de Lula. Ao lhe pedir dinheiro,
Edinho teria lembrado os contratos que o empreiteiro mantinha com a
Petrobras.
Muito bem!
Um testemunho, por si, talvez não pudesse ser considerado uma prova. Já
as mensagens trocadas por WhatsApp são de uma clareza escandalosa.
O que liga
as lambanças do petrolão ao sucesso financeiro da família Lula da Silva?
A certeza de que o Brasil é nosso. Isto é, dela! Da burguesia do
capital alheio.
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