Holanda propõe devolver refugiados à Turquia
Em troca, países europeus acolheriam entre 150 mil e 250 mil refugiados por ano
O Globo
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, discursa após reunião do Parlamento - Peter Dejong / AP
HAIA — As autoridades holandesas apresentaram um plano de ação conjunta para gerir o fluxo migratório na Europa. Na prática, o plano propõe a devolução de refugiados que cheguem às ilhas gregas para a Turquia. Em troca, os países europeus se comprometeriam a acolher entre 150 mil e 250 mil refugiados por ano. Sob essa condição, a Turquia estaria disposta a voltar a receber refugiados.
Em entrevista ao jornal “De Volkskrant”, o líder do grupo parlamentar socialista — segunda força na coalização que governa a Holanda —, Diederik Samsom, disse que o governo vem arquitetando a proposta desde dezembro com o objetivo de por fim à crise humanitária no continente. A Holanda, que atuamente preside o Conselho da União Europeia, já começou a tratar do plano com os países-membros, e planeja colocá-lo em vigor a partir de março.
No entanto, para que o plano holandês saia do papel, é preciso que os europeus reconheçam formalmente a Turquia como um país seguro — pauta ainda em negociação na Comissão Europeia. Enquanto pondera a proposta, a comissão evita entrar em detalhes e ressalta que vai continuar atendendo as solicitações de refúgio caso a caso.
A União Europeia (UE) empreende um plano de reassentamento de 20 mil refugiados, e o bloco já negocia um esforço adicional para receber refugiados da Turquia, embora a dimensão da nova iniciativa ainda não tenha sido estipulada. Além disso, a UE tem um acordo de readmissão com o governo turco, previsto para entrar em vigor no ano que vem. O objetivo é que os refugiados que não conseguirem direito a asilo sejam repatriados.
COOPERAÇÃO MILITAR
O governo holandês decidiu estender seu papel na coalizão militar contra o Estado Islâmico nesta sexta-feira. Liderada pelos Estados Unidos, a aliança bombardeia bases do grupo extremista na Síria. O país considera enviar mais equipamentos a combatentes iraquianos que lutam contra os terroristas, uma proposta aprovada pelo Parlamento nesta semana.
A Holanda já possui seis F-16 engajados em ataques ao grupo extremista no Iraque.
As intervenções militares são tema sensível na Holanda desde que o país conduziu uma desastrosa missão de paz na cidade bósnia Srebrenica, em 1995. Na época, 8 mil crianças e homens muçulmanos foram mortos pelas forças servio-bósnias.
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