sábado, 27 de fevereiro de 2016

PT diz que quer 'dobrar a aposta' nas políticas que levaram o país à recessão
Partido da presidente Dilma Rousseff quer redução "na marra" dos juros e defende uso de reservas internacionais para bancar obras
VEJA
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PT, Rui Falcão, na reunião do Conselho Político da Presidência do PT, nesta segunda-feira (15), em São PauloO ex-presidente Lula e o presidente do PT, Rui Falcão, defendem mudanças política econômica do governo Dilma(Jorge Araújo/Folhapress)
Depois de levar o Brasil para a recessão mais profunda em um terço de século, fazer o endividamento do país disparar, arruinar a saúde financeira da Petrobras e ressuscitar o fantasma da inflação, o PT agora quer "dobrar a aposta" nas políticas que conduziram o país para a crise. São palavras usadas pelo próprio partido no documento "O Futuro está na Retomada das Mudanças", aprovado pelo diretório nacional do PT em encontro realizado no Rio de Janeiro neste fim de semana.
No documento, o PT omite o fato de que está no poder e, consequentemente, no comando da política econômica há treze anos, desde 2003, e apresenta 22 propostas para fazer o país voltar a crescer, como se a grave recessão pela qual passa o país não tivesse sido gestada pelos economistas do partido. O Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 deve ter recuado quase 4%. O resultado será divulgado na próxima quinta-feira, dia 3 de março. É esperada uma queda semelhante neste ano.
A primeira medida sugerida é a "forte redução da taxa básica de juros", hoje em 14,25% ao ano. O objetivo dos petistas é reduzir o gasto com o pagamento de juros da dívida e o custo do crédito, facilitando os investimentos. A ideia seria bem-vinda, não fosse o fato de que a inflação está em 10,7% e que as projeções da taxa para os próximos anos não cedem, o que alimenta a espiral de remarcação de preços e indexações entre os agentes econômicos (investidores, empresários e consumidores). O aumento dos preços prejudica principalmente as camadas mais pobres da população, aquelas que o PT dizia defender. Isso porque são pessoas sem acesso a aplicações financeiras que buscam compensar a inflação e cujo orçamento familiar depende mais de negociações salariais (que não repõem mais a alta dos custos).
A segunda medida proposta pelo PT é o uso de parte das reservas internacionais em moeda estrangeira para bancar obras de infraestrutura, saneamento e em outras áreas. O governo do PT, que já dilapidou o patrimônio dos brasileiros na Petrobras e nos recursos do Tesouro, agora quer avançar sobre riquezas ainda resguardadas. É o caso do FGTS, que tem bancado projetos duvidosos de infraestrutura, e agora das reservas, que servem como um seguro do país contra crises externas ou a queda abrupta da entrada de recursos de fora do país. A proposta não poderia vir em pior hora, em um momento em que o investimento estrangeiro começa a cair e o mundo testemunha um movimento de aversão ao risco que faz o dinheiro sair de países emergentes como o Brasil em direção a portos seguros como os Estados Unidos.
Outra proposta que ignora o bom senso é a expansão forçada dos empréstimos concedidos pelos bancos públicos, ignorando um fato admitido pelos próprios petistas não faz muito tempo, o de que o consumo como motor do crescimento se esgotou, dado o endividamento elevado e a estagnação da renda das famílias.
O documento ainda defende o aumento de tributos para uma série de setores, com o objetivo de reforçar a arrecadação do governo, sem que haja uma única menção ao corte de gastos da máquina pública e do funcionalismo. Ou seja, defende que o governo não faça nenhum sacrifício num momento de crise econômica.

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