Pedro Ladeira - 16 abr. 2015/Folhapress | ||
Henrique Eduardo Alves (PMDB) quando tomou posse do ministério do Turismo, em abril de 2015 |
Minutos após a definição de que o desembarque seria oficializado por aclamação,
o ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo), filiado ao PMDB há 46 anos
e aliado de Temer, enviou carta a Dilma pedindo demissão do cargo.
A decisão, antecipada pelo site da Folha, marcou o início da saída dos sete ministros que o PMDB tinha no governo. A tendência do partido é determinar que todos os seus filiados abandonem cargos na administração federal até o dia 12 de abril.
Apesar do prazo, novas baixas devem acontecer já nos próximos dias. O ministro Helder Barbalho (Secretaria de Portos) avisou a Temer que sairá tão logo encerre questões urgentes de sua pasta.
Temer topou conversar com o petista no domingo (27), em São Paulo, após duas tentativas frustradas do petista de marcar um encontro. Os dois se falaram no aeroporto de Congonhas, instantes antes de o vice embarcar para Brasília para fechar os últimos detalhes do ato que oficializará o fim da aliança.
Temer informou a Lula que a posição havia se tornado irreversível e rechaçou qualquer tentativa de adiar a data da decisão. Diante disso, na manhã desta segunda Dilma se reuniu com os sete ministros pediu para buscassem alternativas para amenizar o impacto do ato. O mesmo apelo foi feito ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), considerado até então o "último bastião do governismo" no partido.
Nesta segunda, o diretório mineiro da sigla, um dos últimos que apoiavam o governo, decidiu abandoná-lo.
Reduzida a menos de 20%, o máximo que a ala governista do PMDB conseguiu foi evitar uma votação formal —para não expor o tamanho da dissidência nem os nomes que ainda estão alinhados com o governo— e o acordo para que a maioria da cúpula da sigla não participe da reunião.
O ato de desembarque será presidido pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), vice-presidente nacional do PMDB e aliado de Temer. O vice não irá ao local, na Câmara –que contará com transmissão ao vivo pela TV da Casa.
EFEITO MANADA
O fim da aliança com o PMDB obrigará aliados do governo a se mobilizarem para conter o desembarque formal de outras legendas da base.
Na Câmara, são necessários 342 votos para aprovar o impeachment.
A missão do governo será complexa. A Folha consultou dirigentes do PP, PR e PSD, que juntos somam 121 deputados. As três siglas informaram ao Planalto que não conseguirão garantir unanimidade em suas bancadas na votação contra o impeachment.
No PSD, do ministro Gilberto Kassab (Cidades), o movimento pró-afastamento, que antes tinha o apoio de 70% da bancada, agora caminha para a quase unanimidade. Kassab liberou a bancada a se manifestar "individualmente" sobre o caso.
No PP, que comanda o Ministério da Integração Nacional, a maior parte da bancada deve votar pelo impeachment.
No PR, apesar do esforço do ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, de manter ao menos o apoio formal a Dilma, a bancada está rachada ao meio. Cerca de dez deputados ainda não tomaram posição, enquanto outros seis já defendem abertamente o fim da aliança.
LULA
Em entrevista a veículos de imprensa estrangeiros nesta segunda, o ex-presidente Lula defendeu que o governo busque uma "coalizão" com a parte do PMDB que ainda o apoia para barrar o impeachment.
"Quando ganhei as eleições, em 2003, num primeiro momento o PMDB não me apoiou, mas uma parte do PMDB na Câmara me apoiava, uma parte do PMDB do Senado me apoiava e nós conseguimos governar", disse.
A decisão, antecipada pelo site da Folha, marcou o início da saída dos sete ministros que o PMDB tinha no governo. A tendência do partido é determinar que todos os seus filiados abandonem cargos na administração federal até o dia 12 de abril.
Apesar do prazo, novas baixas devem acontecer já nos próximos dias. O ministro Helder Barbalho (Secretaria de Portos) avisou a Temer que sairá tão logo encerre questões urgentes de sua pasta.
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VEJA FAC-SÍMILE DA CARTA:
Reprodução | ||
Fac-símile de carta de demissão do ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, do PMDB |
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A debandada do PMDB é vista como determinante para o desfecho da crise
que dragou o governo Dilma e ocorre mesmo após a petista e seu
antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, terem se empenhado pessoalmente
para contê-la. Foi Temer quem comunicou a Lula que a ala pró-desembarque havia conquistado maioria substantiva na sigla.
Temer topou conversar com o petista no domingo (27), em São Paulo, após duas tentativas frustradas do petista de marcar um encontro. Os dois se falaram no aeroporto de Congonhas, instantes antes de o vice embarcar para Brasília para fechar os últimos detalhes do ato que oficializará o fim da aliança.
Temer informou a Lula que a posição havia se tornado irreversível e rechaçou qualquer tentativa de adiar a data da decisão. Diante disso, na manhã desta segunda Dilma se reuniu com os sete ministros pediu para buscassem alternativas para amenizar o impacto do ato. O mesmo apelo foi feito ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), considerado até então o "último bastião do governismo" no partido.
Nesta segunda, o diretório mineiro da sigla, um dos últimos que apoiavam o governo, decidiu abandoná-lo.
Reduzida a menos de 20%, o máximo que a ala governista do PMDB conseguiu foi evitar uma votação formal —para não expor o tamanho da dissidência nem os nomes que ainda estão alinhados com o governo— e o acordo para que a maioria da cúpula da sigla não participe da reunião.
O ato de desembarque será presidido pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), vice-presidente nacional do PMDB e aliado de Temer. O vice não irá ao local, na Câmara –que contará com transmissão ao vivo pela TV da Casa.
EFEITO MANADA
O fim da aliança com o PMDB obrigará aliados do governo a se mobilizarem para conter o desembarque formal de outras legendas da base.
Na Câmara, são necessários 342 votos para aprovar o impeachment.
A missão do governo será complexa. A Folha consultou dirigentes do PP, PR e PSD, que juntos somam 121 deputados. As três siglas informaram ao Planalto que não conseguirão garantir unanimidade em suas bancadas na votação contra o impeachment.
No PSD, do ministro Gilberto Kassab (Cidades), o movimento pró-afastamento, que antes tinha o apoio de 70% da bancada, agora caminha para a quase unanimidade. Kassab liberou a bancada a se manifestar "individualmente" sobre o caso.
No PP, que comanda o Ministério da Integração Nacional, a maior parte da bancada deve votar pelo impeachment.
No PR, apesar do esforço do ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, de manter ao menos o apoio formal a Dilma, a bancada está rachada ao meio. Cerca de dez deputados ainda não tomaram posição, enquanto outros seis já defendem abertamente o fim da aliança.
LULA
Em entrevista a veículos de imprensa estrangeiros nesta segunda, o ex-presidente Lula defendeu que o governo busque uma "coalizão" com a parte do PMDB que ainda o apoia para barrar o impeachment.
"Quando ganhei as eleições, em 2003, num primeiro momento o PMDB não me apoiou, mas uma parte do PMDB na Câmara me apoiava, uma parte do PMDB do Senado me apoiava e nós conseguimos governar", disse.
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