terça-feira, 29 de março de 2016

Escudeiro de Temer, ministro do Turismo é o primeiro a sair do governo
Pedro Ladeira - 16 abr. 2015/Folhapress
Henrique Eduardo Alves (PMDB) quando tomou posse do ministério do Turismo, em abril de 2015
Henrique Eduardo Alves (PMDB) quando tomou posse do ministério do Turismo, em abril de 2015
Minutos após a definição de que o desembarque seria oficializado por aclamação, o ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo), filiado ao PMDB há 46 anos e aliado de Temer, enviou carta a Dilma pedindo demissão do cargo.
A decisão, antecipada pelo site da Folha, marcou o início da saída dos sete ministros que o PMDB tinha no governo. A tendência do partido é determinar que todos os seus filiados abandonem cargos na administração federal até o dia 12 de abril.
Apesar do prazo, novas baixas devem acontecer já nos próximos dias. O ministro Helder Barbalho (Secretaria de Portos) avisou a Temer que sairá tão logo encerre questões urgentes de sua pasta.
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VEJA FAC-SÍMILE DA CARTA:
Reprodução
Fac-símile de carta de demissão do ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, do PMDBReprodução
Fac-símile de carta de demissão do ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, do PMDB
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A debandada do PMDB é vista como determinante para o desfecho da crise que dragou o governo Dilma e ocorre mesmo após a petista e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, terem se empenhado pessoalmente para contê-la. Foi Temer quem comunicou a Lula que a ala pró-desembarque havia conquistado maioria substantiva na sigla.
Temer topou conversar com o petista no domingo (27), em São Paulo, após duas tentativas frustradas do petista de marcar um encontro. Os dois se falaram no aeroporto de Congonhas, instantes antes de o vice embarcar para Brasília para fechar os últimos detalhes do ato que oficializará o fim da aliança.
Temer informou a Lula que a posição havia se tornado irreversível e rechaçou qualquer tentativa de adiar a data da decisão. Diante disso, na manhã desta segunda Dilma se reuniu com os sete ministros pediu para buscassem alternativas para amenizar o impacto do ato. O mesmo apelo foi feito ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), considerado até então o "último bastião do governismo" no partido.
Nesta segunda, o diretório mineiro da sigla, um dos últimos que apoiavam o governo, decidiu abandoná-lo.
Reduzida a menos de 20%, o máximo que a ala governista do PMDB conseguiu foi evitar uma votação formal —para não expor o tamanho da dissidência nem os nomes que ainda estão alinhados com o governo— e o acordo para que a maioria da cúpula da sigla não participe da reunião.
O ato de desembarque será presidido pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), vice-presidente nacional do PMDB e aliado de Temer. O vice não irá ao local, na Câmara –que contará com transmissão ao vivo pela TV da Casa.
EFEITO MANADA
O fim da aliança com o PMDB obrigará aliados do governo a se mobilizarem para conter o desembarque formal de outras legendas da base.
Na Câmara, são necessários 342 votos para aprovar o impeachment.
A missão do governo será complexa. A Folha consultou dirigentes do PP, PR e PSD, que juntos somam 121 deputados. As três siglas informaram ao Planalto que não conseguirão garantir unanimidade em suas bancadas na votação contra o impeachment.
No PSD, do ministro Gilberto Kassab (Cidades), o movimento pró-afastamento, que antes tinha o apoio de 70% da bancada, agora caminha para a quase unanimidade. Kassab liberou a bancada a se manifestar "individualmente" sobre o caso.
No PP, que comanda o Ministério da Integração Nacional, a maior parte da bancada deve votar pelo impeachment.
No PR, apesar do esforço do ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, de manter ao menos o apoio formal a Dilma, a bancada está rachada ao meio. Cerca de dez deputados ainda não tomaram posição, enquanto outros seis já defendem abertamente o fim da aliança.
LULA
Em entrevista a veículos de imprensa estrangeiros nesta segunda, o ex-presidente Lula defendeu que o governo busque uma "coalizão" com a parte do PMDB que ainda o apoia para barrar o impeachment.
"Quando ganhei as eleições, em 2003, num primeiro momento o PMDB não me apoiou, mas uma parte do PMDB na Câmara me apoiava, uma parte do PMDB do Senado me apoiava e nós conseguimos governar", disse. 

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