sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Chefe da diplomacia europeia diz que UE pode se 'desintegrar'
União Europeia teme que outras nações do bloco sigam o precedente aberto pela Áustria e anunciem medidas para restringir a livre circulação de pessoas
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Garoto sírio empurra uma barricada policial enquanto refugiados marcham ao longo de uma estrada em direção à fronteira com a Grécia, na cidade turca de Edirne - 18/09/2015Garoto sírio empurra uma barricada policial enquanto refugiados marcham ao longo de uma estrada em direção à fronteira com a Grécia, na cidade turca de Edirne - 18/09/2015(Bulent Kilic/AFP)
A União Europeia (UE) corre o risco de se "desintegrar" se não responder de forma conjunta à crise migratória, advertiu a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, em uma entrevista. Se os europeus se limitarem a respostas nacionais ante um fenômeno europeu e não adotarem instrumentos à altura, "a crise se agravará, com reações em cadeia de opiniões públicas e de governos nacionais", afirma Mogherini na entrevista ao jornal italiano Il Sole 24 Ore. "Sem estes instrumentos, há um risco de desintegração", completa. A reposta de Federica aconteceu após uma pergunta sobre a cerca que a Áustria anunciou na sua fronteira com a Eslováquia.
A Áustria anunciou medidas para reforçar a segurança em sua fronteira com a Eslovênia, que irão incluir a construção de uma cerca para controlar o fluxo de migrantes. A cerca seria a primeira dentro do espaço Schengen - área de livre circulação de pessoas que abrange 26 países europeus, um dos pilares da União Europeia. A ministra do Interior austríaca, Johanna Mikl-Leitner, não forneceu detalhes sobre como seria a cerca, mas negou que seja um muro anti-imigrantes. "Isto é sobre garantir uma entrada ordenada e controla em nosso país, e não sobre fechar a fronteira", declarou. "Uma cerca também tem uma porta", acrescentou a ministra, respondendo assim às críticas de seus parceiros europeus, dois dias após uma cúpula europeia para tentar evitar que os Estados adotem medidas unilaterais nesta crise.
A decisão austríaca poderia desencadear, como teme a UE, decisões semelhantes por outros países por onde transitam os refugiados provenientes da Turquia e da Grécia, que querem alcançar países europeus, principalmente a Alemanha.
Tragédia na Grécia - Quatro crianças, dois homens e uma mulher morreram afogados e 38 imigrantes estão desaparecidos após um barco de madeira naufragar ao norte da ilha grega de Lesbos, informou a guarda costeira nesta quinta. A guarda costeira resgatou 242 pessoas de Lesbos na segunda-feira, no que foi o maior desastre marítimo na costa grega em termos de números de envolvidos desde que o fluxo de refugiados teve início neste ano. As buscas continuaram durante a noite. Lesbos, que fica a menos de 10 quilômetros da costa turca no Mar Egeu, se tornou um dos principais pontos para milhares de imigrantes que entram na UE.

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