quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Educação, Saúde e áreas sociais são postos no varejão por Dilma. E o que dizem as esquerdas? Por desonestas, nada!
Reinaldo Azevedo - VEJA
Não sou nem nunca fui fã de Renato Janine Ribeiro. Ao contrário: ele é do tipo que me irrita um tantinho. É o gato escondido com o rabo de fora. Você sabe que ali há um gato, embora se possa enxergar apenas uma parte da anatomia do bichano. Janine é um petista que não assume essa condição porque, assim, pode “petizar” à vontade como se fosse um pensador neutro. É, como costumo dizer, o petista que não ousa dizer seu nome.
Assim, ele na Educação ou Aloizio Mercadante, convenham, tanto faz como tanto fez. Acho que a pasta continua igualmente desguarnecida. Mas é evidente que a lambança armada por Dilma é desrespeitosa com Janine, e isso é problema dele, e com a Educação, e isso é problema nosso.
Se a escolha de um professor que integra a fina flor do pensamento de esquerda pretendia atestar, segundo os valores lá deles, o apreço que Dilma tinha pela educação, a demissão, cinco meses depois, e a recondução de Marcadante ao cargo que já era seu atestam o desprezo da presidente pela área. Só neste mandato, três pessoas passaram pela pasta.
E tudo por quê e para quê? Mercadante está voltando ao Ministério da Educação da “Pátria Educadora” com algum especial desígnio de sua chefe? Não! É que Dilma queria porque queria abrigá-lo em um lugar de prestígio, e a Educação foi o que sobrou. A troca não atende à conveniência da pasta e nada tem a ver com a suas necessidades.
Goste-se ou não, e eu não gosto, Janine representa a academia brasileira num cargo bastante apropriado a um professor. Bem feito para esses intelectuais lambe-botas do petismo! O partido e a presidente demonstram o apreço que têm por eles.
E, convenham, não é assim só com a Educação. O mesmo se verifica na Saúde. Já escrevi aqui e reitero que a área estará mais bem servida qualquer que seja o substituto de Arthur Chioro. É inegável, no entanto, que ele chegou ao ministério como quem tem uma leitura da questão — nem entro no mérito; pode estar erradíssima.
Tudo inútil! Também a Saúde entrou no mercadão das trocas, que buscam brecar o processo de impeachment. E Dilma não vai agir de modo diferente com as secretarias, com status de ministério, que lustram as convicções politicamente corretas das esquerdas que a apoiam: as secretarias das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos serão fundidas numa só.
Esquerdistas com um mínimo de honestidade intelectual deveriam estar furiosos com a humilhação. Mas essa gente já perdeu a vergonha faz tempo. “Ah, Reinaldo, se eles deveriam estar bravos, você, então, deveria estar feliz…” Errado! Esquerdistas não são meus interlocutores pelo avesso nem meus adversários qualificados.
Eu critico a lambança nessas áreas porque são importantes demais para estar expostas a essas trocas pautadas pelo toma-lá-dá-cá e pela versão perversa do “é dando que se recebe”.
O conjunto indica a degradação a que chegou o governo em seu décimo mês de gestão.

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