sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Lula e Boulos na terra dos mortos
Reinaldo Azevedo - FSP
Converso com muita gente aqui e ali, profiro palestras, participo de colóquios... Impressiona-me o número de pessoas que ainda sentem certo receio da volta de Lula. Ou, então, alimentam tal expectativa, mas aí com sinal trocado e cantos de vitória: veem o vulto de Dom Sebastião se desenhando em meio à poeira da derrotada espada sarracena.
Bobagem. Recomendo que essa tolice não se repita nem no espaço desta coluna em outros dias da semana, mas não posso ser mais do que volitivo a respeito. Lula está morto. Sem nem ponto de exclamação. É como dizer que hoje é sexta-feira. Dom Sebastião não volta.
Oposição e situação fazem seus cálculos ainda pautados por essa variável. Não sou muito bobo e sei ler lógica elementar. Com efeito, se Dilma fica, o patrimônio do PT será ainda mais dilapidado, o que facilita apeá-lo do poder. Nos três anos que restam, a governanta arrastaria junto o antigo demiurgo. Faz sentido?
Faz, sim! Mas a melhor virtude dessa análise supõe que o contrário possa ser catastrófico, vale dizer: se a presidente sai, o PMDB assume, ou se realizam eleições a depender do tribunal que a coloque pra fora, e Lula migra para a oposição e se cacifa para 2018.
O Apedeuta como fantasma retornando eternamente para nos assombrar é leitura que só interessa ao petismo. É uma pena que setores da oposição não tenham lido Lênin. A literatura de esquerda como norte é um lixo. Como instrução, é uma necessidade. O PT não é apenas um ente de razão ao qual se filiam convertidos ideológicos; sua força ativa está no domínio da máquina do Estado.
Logo, não é verdade que a queda de Dilma possa ser do interesse do PT porque Lula, assim, se arma para 2018. Se Dilma sai, a despetização do Estado conduzirá ao caos uma das maiores máquinas de assalto à coisa pública erigidas no Ocidente –assuma Michel Temer, ou haja outra solução democrática qualquer.
Os petistas querem, sim, Dilma no comando para que esse ente das sombras continue a se alimentar da seiva do trabalho do povo brasileiro.
As oposições e quantos estejam ocupados da política não têm de temer Lula. Têm é de se preocupar com certa desesperança, revelada por brasileiros, na política. O Apedeuta, na condição de morto, é só um fantasma. Como fantasma, está necessariamente morto.
FASCISTAS
Tudo indica que Guilherme Boulos, líder do MTST, contratou mão de obra terceirizada na ação terrorista contra o Movimento Brasil Livre na quarta (28), em Brasília. Os fascistas que cercaram os manifestantes do MBL, no gramado do Congresso, exibiam a camiseta do movimento dos sem-teto, mas sua origem era um assentamento em Planaltina, comandado pelo MST, de João Pedro Stedile, outro coxinha vermelho.
O cerco de que o MBL foi vítima, com muita porrada e intimidação, é coisa de bandidos. E assim seus promotores devem ser vistos e tratados. Havia lá, diga-se, assessores de deputados do PSOL, como Jean Wyllys (RJ), e de Jandira Feghali (PCdoB-RJ). É claro que espécimes à moda Boulos e João Pedro Stedile existem desde, deixem-me ver, a República romana. Catilina era um Boulos que ao menos servia ao talento de Cícero.
Mas eu não quero ser o Cícero dessa turma. Acho que seu lugar é a Papuda. De resto, Boulos, o esquerdista promissor, como se isso fosse possível, já nasceu morto. E o MBL plantou o futuro sobre o seu túmulo.
Ah, sim: eu só escrevo. Não tenho milícia. 

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