SAMY ADGHIRNI - FSP
Vladimir Villegas, 53, foi homem de confiança de Hugo Chávez até romper com ele em 2007, por discordar do referendo constitucional, que acabou fracassando, com o qual o então presidente tentava ampliar poderes.
Desde então, ele se dedica ao jornalismo, sua profissão de origem, com programas de TV e rádio e colunas em jornais, graças aos quais se tornou um dos analistas mais moderados numa Venezuela polarizada ao extremo.
Com a autoridade de quem foi redator da Constituição bolivariana, deputado, presidente da TV estatal, vice-chanceler e embaixador no Brasil e no México, Villegas diz à Folha que muitos dos problemas mais graves da Venezuela vêm da era Chávez.
Segundo Villegas, uma derrota na eleição parlamentar de 6 de dezembro poderia ser saudável ao chavismo.
Ele criticou o veto de Caracas ao ex-ministro brasileiro Nelson Jobim como chefe da missão eleitoral da Unasul.
Leia abaixo trechos da entrevista.
OPOSIÇÃO FAVORITA
Quando Maduro diz ser preciso ganhar a eleição "seja como for", é porque está preocupado. Pesquisas não são infalíveis, mas agora nenhuma aponta para vitória governista. No papel, a oposição é favorita. A maior força política, porém, não é a oposição, é a insatisfação popular. E nem todos os insatisfeitos votarão na oposição. Para o chavismo, o desafio é recuperar votos perdidos muito mais do que conquistar novos eleitores. De todo modo, perder o Congresso não seria catástrofe. Às vezes uma derrota pode ser sanadora.
OBSERVAÇÃO ELEITORAL
Se ficasse provado que Jobim fez ou disse algo incompatível com o papel [de observador eleitoral], o governo teria direito de vetá-lo, mas teria de demonstrar o porquê. Acho um erro tê-lo barrado. Se eu fosse governo, permitiria que viessem OEA e Unasul. Já a União Europeia, eu não quero que venha. Que cuide dos seus refugiados e pessoas maltratadas.
ELEIÇÃO LIMPA
Acredito plenamente na ideia de que um voto emitido é um voto contado. Se votar em fulano, não será registrado voto para sicrano. Confio 100%. Não só eu, mas os representantes da oposição no Conselho Nacional Eleitoral. As críticas têm mais a ver com a pré-campanha e o uso dos recursos públicos. O fato de que 80% da população esteja inclinada a votar mostra que se confia no sistema eleitoral.
ECO ARGENTINO
Assim como a revolução bolivariana teve influência determinante na região ao potencializar condições para mudanças presentes em outros países, uma eventual derrota do peronismo na Argentina poderia ter influência negativa para os governos de Venezuela e Brasil. Mas é preciso esperar. [Daniel] Scioli [candidato governista na Argentina] ainda pode ganhar.
MADURO VS. CHÁVEZ
Um é continuidade do outro, mas são governos diferentes. Muitos chavistas dizem não apoiar Maduro, inclusive ex-ministros. Mas é preciso reconhecer que as circunstâncias mudaram. Maduro herdou tremendas dificuldades deixadas por Chávez, como a questão econômica e o problema cambial, mas deixou o cenário se agravar. O pior que um governo pode fazer sob crise é brigar com o empresariado. Talvez Chávez não deixasse chegar as coisas a esse nível de dificuldade.
Ele criticou o veto de Caracas ao ex-ministro brasileiro Nelson Jobim como chefe da missão eleitoral da Unasul.
Leia abaixo trechos da entrevista.
OPOSIÇÃO FAVORITA
Quando Maduro diz ser preciso ganhar a eleição "seja como for", é porque está preocupado. Pesquisas não são infalíveis, mas agora nenhuma aponta para vitória governista. No papel, a oposição é favorita. A maior força política, porém, não é a oposição, é a insatisfação popular. E nem todos os insatisfeitos votarão na oposição. Para o chavismo, o desafio é recuperar votos perdidos muito mais do que conquistar novos eleitores. De todo modo, perder o Congresso não seria catástrofe. Às vezes uma derrota pode ser sanadora.
OBSERVAÇÃO ELEITORAL
Se ficasse provado que Jobim fez ou disse algo incompatível com o papel [de observador eleitoral], o governo teria direito de vetá-lo, mas teria de demonstrar o porquê. Acho um erro tê-lo barrado. Se eu fosse governo, permitiria que viessem OEA e Unasul. Já a União Europeia, eu não quero que venha. Que cuide dos seus refugiados e pessoas maltratadas.
ELEIÇÃO LIMPA
Acredito plenamente na ideia de que um voto emitido é um voto contado. Se votar em fulano, não será registrado voto para sicrano. Confio 100%. Não só eu, mas os representantes da oposição no Conselho Nacional Eleitoral. As críticas têm mais a ver com a pré-campanha e o uso dos recursos públicos. O fato de que 80% da população esteja inclinada a votar mostra que se confia no sistema eleitoral.
ECO ARGENTINO
Assim como a revolução bolivariana teve influência determinante na região ao potencializar condições para mudanças presentes em outros países, uma eventual derrota do peronismo na Argentina poderia ter influência negativa para os governos de Venezuela e Brasil. Mas é preciso esperar. [Daniel] Scioli [candidato governista na Argentina] ainda pode ganhar.
MADURO VS. CHÁVEZ
Um é continuidade do outro, mas são governos diferentes. Muitos chavistas dizem não apoiar Maduro, inclusive ex-ministros. Mas é preciso reconhecer que as circunstâncias mudaram. Maduro herdou tremendas dificuldades deixadas por Chávez, como a questão econômica e o problema cambial, mas deixou o cenário se agravar. O pior que um governo pode fazer sob crise é brigar com o empresariado. Talvez Chávez não deixasse chegar as coisas a esse nível de dificuldade.
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