domingo, 1 de novembro de 2015

Mauricio Macri evita o ‘já ganhou’
Os estrategistas do candidato vão trabalhar fortemente para reduzir as expectativas de uma vitória fácil no segundo turno
Luis Majul - O Globo
Mauricio Macri (Foto: Divulgação)
Mauricio Macri (Foto: Divulgação)
Mauricio Macri acredita que é muito difícil deixar escapar a vitória no segundo turno das eleições argentinas. Apesar disso, evita muito dizer isso a seu chefe de campanha e à sua equipe. E mais: determinou que nenhum líder se pavoneie em público com este prognóstico.
Está feliz, mas não quer parecer eufórico. Sente que falta pouco, porém não deseja dizer nem fazer nada que ponha em perigo sua chegada à Presidência. Indaga aos amigos íntimos que estão distantes da política: “É verdadeira a alegria que sinto nas ruas ou é o clima criado pelos ‘amigos do campeão’?”.
O candidato acionou o modo Gandhi. Quer ter “um milhão de amigos” e faz o que está ao seu alcance para consegui-lo. Inclusive se solidarizar com jornalistas pouco conhecidos, mas que foram atacados por seus seguidores nas redes sociais ou por seus eleitores com sede de vingança.
“Se estimulo aqueles que me elegeram a maltratarem ou desqualifiquarem os que me criticam, estou fazendo o mesmo que fazem Cristina (Kirchner) ou Aníbal (Fernández) conosco, e seria um sinal ruim aos argentinos”, explicou a um colaborador que enumerou uma lista de jornalistas, pensadores, empresários e políticos que o haviam desqualificado ou criticado.
Macri resiste com muita energia à tentação de telefonar a Sergio Massa e a José Manuel de la Sota para oferecer-lhes um acordo político que o permita contar com o apoio de ambos no segundo turno de maneira oficial. Mantém a estratégia e o conceito de que votos não têm dono. Os eleitores de Massa, De la Sota e Stolbizer são uma coisa e representam algo, mas isso não significa necessariamente que farão o que seus candidatos ordenarem.
O que nem Macri nem seus assessores descartam é convocá-los, depois do dia 10 de dezembro, para ocupar algum posto no gabinete ou nos organismos de controle. Sabe-se na coalizão Cambiemos que nem Massa nem De la Sota têm margem para dar uma guinada e passar a apoiar a Frente para a Vitória, de Scioli.
Cada decisão tomada no Cambiemos é feita com o maior cuidado. Calibrando custos e benefícios. Uma das mais importantes é o que vão fazer com o próximo debate presidencial. Scioli reviu sua posição de não participar. Macri não deixou passar nem uma hora para confirmar que aceitaria debater.
Até agora, os estrategistas da campanha de Macri vão trabalhar fortemente com o objetivo de “reduzir as expectativas”. O sociólogo equatoriano Durán Barba, assessor de Macri, afirma que “quanto pior acham que vamos, melhor termina sendo”. “Isso quer dizer que tudo irá mal agora que todo mundo pensa que vão ganhar fácil?”, indagaram a ele.
Durán Barba respondeu que não é necessariamente assim. Só recomendou que, nos 20 dias que restam de campanha, todos trabalhem como se o Cambiemos estivesse perdendo. E que deixem de repetir a ideia louca de que Scioli, como Carlos Menem, vai acabar perdendo no segundo turno.

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