terça-feira, 3 de novembro de 2015

Museus, sempre educativos, agora dão diplomas de formação a professores
Robin Pogrebin - NYT
Mary Altaffer/AP
Você não espera ir a um museu e sair com um diploma de ensino superior. Mas o Museu Americano de História Natural agora oferece uma licenciatura para ensino de ciências e um Ph.D. em biologia comparativa.
"Muitas das questões mais importantes do momento têm a ciência como base", disse Ellen V. Futter, a presidente do museu. "Há uma necessidade real de um entendimento público dessas questões e, em consequência, uma necessidade maior de mais cientistas."
Os programas fazem parte de uma transformação maior do papel dos museus por todo o país; a educação não se resume mais apenas a passeios escolares.
O Museu da Ciência e Indústria em Chicago possui um programa de desenvolvimento de professores. A Sociedade de Conservação da Vida Selvagem –um grupo que representa instituições de Nova York, entre elas o Zoológico do Bronx e o Aquário de Nova York– oferece uma licenciatura em ensino de ciências biológicas e uma licenciatura em biologia.
No ano passado, o Lincoln Center se juntou à Faculdade Hunter e ao Departamento de Educação de Nova York no treinamento e certificação de professores de artes para as escolas municipais.
Esses programas, dizem os envolvidos, são alimentados pela necessidade –uma escassez de educadores de artes e ciências. "É um problema nacional", disse David R. Mosena, o presidente do Museu da Ciência e Indústria. "Não há garotos suficientes ingressando nessas carreiras e há uma necessidade de uma força de trabalho instruída em ciências."
O museu ensina ciência baseada em investigação para professores de ensino médio que não têm formação em ciências. Desde o início de seus programas em 2006, a escola já treinou quase 1.000 professores. Todo o dinheiro que banca o projeto é levantado de forma privada –US$ 3 milhões a US$ 4 milhões por ano.
O museu também oferece um programa escolar extracurricular de aprendizado de ciências em conjunto com 130 parceiros nos bairros pobres de Chicago. E um programa para famílias dá a 200 crianças um aprendizado profundo em ciências no museu.
"Nossa intenção é expô-las às ciências e carreiras e fazer com que se empolguem com isso, na esperança de inspirá-las a ingressar nesses campos", disse Mosena.
"Isso nos torna uma instituição proativa de ensino e não apenas um local passivo ao qual as pessoas vêm, mas um que também vai até a comunidade", ele acrescentou. "Isso alavanca a instituição."
Os diplomas do Museu Americano de História Natural, autorizados pelo conselho supervisor de ensino superior do Estado de Nova York, são administrados pela Escola de Pós-Graduação Richard Gilder, que faz parte do museu. Tanto o Ph.D. em biologia comparativa quanto a licenciatura, que se concentra no ensino de ciências da Terra, são plenamente subsidiados e gratuitos para os estudantes. Ambos os programas fornecem bolsas integrais e ajuda de custo a todos os inscritos.
Os candidatos a professor no programa de licenciatura são ensinados por educadores e cientistas que lidam com questões atuais de pesquisa, fazendo uso dos 33 milhões de espécimes e objetos do museu, assim como de suas exposições. O programa visa tratar da escassez de professores qualificados, particularmente em bairros carentes.
"Há uma necessidade aguda de professores de ciências mais bem treinados", disse Futter, "especialmente em ciências da Terra, onde em torno de 40% dos que lecionam ciências da Terra na cidade de Nova York não são certificados".
Durante os dois primeiros anos do programa da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem, 45 alunos de pós-graduação se inscreveram, incluindo professores, educadores ambientais e vários funcionários da sociedade.
Os cursos são ministrados em uma das instalações da Sociedade de Conservação, assim como recebem aulas online por meio da Universidade Miami, em Ohio. Os cursos custam em torno de US$ 3.500 por ano.
Em 2007, a sociedade criou sua Academia Online de Professores, oficinas e cursos de pós-graduação oferecidos pelo site que introduzem os educadores ao conteúdo de ciências da vida, métodos de ensino, nova tecnologia e no uso dos recursos da ciência (zoológicos, aquários, museus e semelhantes). A academia atendeu até o momento cerca de 3 mil professores e aproximadamente 87 mil alunos.
Em outubro, o museu Phillips Collection uniu forças à Universidade de Maryland para expandir seus programas de educação, que também permitirão à universidade aumentar seus programas de artes.
"Ele não apenas fornece acesso à sua coleção inestimável", disse Wallace D. Loh, o presidente da universidade, na declaração anunciando a parceria, "como também dá novo vigor ao nosso ensino de artes e a todo o campus. Somos genuinamente uma universidade Steam" (sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática).
No ano passado, o Lincoln Center e a Hunter começaram a preparar futuros professores de artes ao mesmo tempo em que esses professores ainda trabalhavam nas escolas, adquirindo experiência pessoal em sala de aula. O programa faz parte do novo compromisso do prefeito de Nova York, Bill de Blasio, em financiar o ensino de artes.
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A primeira turma do Lincoln Center se formará em maio, com licenciatura em educação e poderão lecionar em escolas públicas. "Nossa meta é colocar os artistas de volta nas escolas", disse Russell Granet, diretor executivo do Lincoln Center Education. "As artes são inegociáveis, são uma matéria acadêmica central."
Tradutor: George El Khouri Andolfato 

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