domingo, 17 de janeiro de 2016

EUA e UE revogam sanções após Irã cumprir acordo nuclear
FSP
A decisão foi tomada como consequência de acordo nuclear fechado no ano passado, e após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da ONU, certificar que o país persa cumpriu as obrigações a que se comprometeu.
Leonhard Foeger/Reuters
Chanceler do Irã, Javad Zarif, e a chefe de Política Externa da UE, Federica Mogherini, durante coletiva
Chanceler do Irã, Javad Zarif, e a chefe de Política Externa da UE, Federica Mogherini, durante coletiva
O anúncio ocorreu horas depois de o Irã ter libertado quatro americanos, incluindo o repórter do "The Washington Post" Jason Rezaian, em troca de sete iranianos presos ou indiciados nos EUA.
O estudante americano Matthew Trevithick também foi solto, mas sem relação com o acordo, segundo os EUA.
"As sanções econômicas e financeiras multinacionais estão revogadas", anunciou a chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, durante entrevista em Viena com o chanceler iraniano, Mohammad Jawad Zarif.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que liderou as negociações nos últimos anos com Zarif, afirmou: "Hoje marca o momento em que o acordo nuclear passa de uma promessa ambiciosa para uma ação direta.
Com a revogação das sanções, o Irã voltará a ter acesso a US$ 100 bilhões de bens congelados. A medida também permitirá ao país se beneficiar de novas oportunidades comerciais, financeiras e no setor do petróleo.
Para o diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, a certificação dada pela agência a Teerã significa que "as relações entre o Irã e a AIEA entram em uma nova fase".
Sob o acordo de 14 de julho, o Irã concordou em desmantelar programas que poderiam ser usados para fabricar armas atômicas em troca do fim das sanções. O pacto coloca várias atividades da nação sob supervisão da AIEA por 15 anos, com a opção de que punições sejam reimpostas se o Irã descumprir os compromissos.
TROCA DE PRESOS
O fim das sanções e a troca de presos fazem parte de um movimento cujo objetivo é aos poucos eliminar o isolamento internacional iraniano.
Desde a Revolução Iraniana, em 1979, o país é alvo de sanções dos EUA. Elas foram se acumulando ao longo das décadas em resposta ao programa nuclear do país. As sanções levantadas neste sábado, porém, se restringem ao programa atômico iraniano.
Efe
O jornalista Jason Rezaian e sua mulher, a também jornalista Yeganeh Salehi
O jornalista Jason Rezaian e sua mulher, a também jornalista Yeganeh Salehi
Os presos libertados pelo Irã -além de Rezaian, o ex-fuzileiro naval Amir Hekmati, o pastor Saeed Abedini e Nosratollah Khosravi-Roodsari, cujo nome não havia sido divulgado previamente- voariam para a Suíça antes de serem transportados para um hospital americano em Landstuhl, na Alemanha, para tratamento médico.
Em troca, os EUA anunciam a libertação de sete iranianos -seis dos quais têm dupla cidadania- acusados de violar as sanções americanas contra o Irã. Não está claro se deixarão os EUA.
Além disso, os EUA suspenderão junto à Interpol mandados para a extradição de outros 14 iranianos supostamente envolvidos com tráfico de armas.
Rezaian, 39, nasceu na Califórnia. Ele era chefe da sucursal do "Washington Post" em Teerã quando foi preso em julho de 2014, juntamente com sua mulher, Yeganeh Salehi, que foi solta dias depois.
O jornalista foi acusado de espionar o programa nuclear iraniano e de reunir informações sobre violações das sanções internacionais contra o Irã. Ele foi condenado em outubro em um julgamento secreto.
Parentes dizem que sua saúde é frágil e que ele precisa de remédios. Rezaian, que é o jornalista ocidental que passou mais tempo preso no Irã, tem hipertensão, dores lombares e depressão.
"Estamos eufóricos com a informação de que Jason foi libertado e saiu do Irã", disse o publisher do Washington Post, Frederick J. Ryan Jr.
A troca de prisioneiros inclui Saeed Abedini, pastor cristão do Estado de Idaho que foi sentenciado a oito anos em 2013 por ameaça à segurança nacional, e Amir Hekmati, ex-marine de Michigan preso em 2011 enquanto visitava sua avó na capital, sob acusação de trabalhar para a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA).
O quarto prisioneiro libertado é Nosratollah Khosrawi, também de nacionalidade iraniana-americana. 

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