Como uma onda
Muito
dificilmente, Marina terá condições políticas para fazer mudanças, mas
quem acredita que Dilma ou Aécio terão, com os seus partidos carcomidos?
NELSON MOTTA - O Globo
Os
marqueteiros sempre dizem que o eleitor vota mais levado pela emoção do
que pela razão, e Marina Silva não precisou de uma campanha de
marketing para provar que eles estão certos. Entre os 70% dos que estão
insatisfeitos e querem mudanças, boa parte está encontrando nela uma
esperança que, apesar de seu passado petista e da senilidade do PSB, não
tem o ranço partidário que nauseia o eleitor. Ninguém é bobo bastante
para acreditar numa “nova politica”, mas qualquer coisa diferente da
atual já seria um grande avanço.
Ao reconhecer os méritos e as
conquistas dos governos FH e Lula e se apresentar como uma terceira via
para a polarização PT x PSDB, que divide e atrasa o país, Marina atinge
em cheio o eleitor que quer mudanças feitas por alguém com autoridade,
legitimidade, honestidade e competência. Muito dificilmente, ela terá
condições políticas para fazê-las, mas quem acredita que Dilma ou Aécio
terão, com os seus partidos carcomidos e suas tropas políticas
destruindo e sabotando uns aos outros?
Para quem não aguenta mais
ter que escolher entre o preto e o branco, Marina oferece a opção de 50
tons que vão do verde ao vermelho, passando pelo azul.
Se a onda
crescer e for eleita com uma votação avassaladora, Marina certamente
receberá ofertas de apoio de todos os lados, querendo participar do
poder, com as melhores ou piores intenções, e poderá escolher para seu
governo os mais competentes de diversas filiações partidárias. OK, é um
sonho, todos sabem que esse papo de governo de união nacional é furado,
porque eles gostam mesmo é de partilhar o butim do presidencialismo de
cooptação, mas, com Marina poderosa e uma eventual pressão da opinião
publica, que os políticos tanto temem, talvez tenhamos alguma chance de
virar o jogo.
Enquanto isso, insones e febris, marqueteiros
petistas e tucanos e blogueiros de aluguel quebram a cabeça para
encontrar uma forma de desconstruir Marina, garimpando, ou inventando,
algo de podre na sua vida pública ou privada.
De certo, só que nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará. Quem viver verá.
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