Susana Salvador - DN
Nimr al-Nimr tinha 56 anos | REUTERS/Saudi Press Agency
Quem é o clérigo xiita cuja execução gerou uma vaga de indignação no Médio Oriente?
O clérigo xiita Nimr al-Nimr, de 56 anos, era um dos maiores críticos da dinastia sunita dos Al-Saud, tendo sido uma das principais figuras do movimento de contestação que irrompeu em 2011, no contexto da Primavera Árabe. Quando foi detido em julho de 2012, os protestos que se seguiram resultaram na morte de três pessoas. Em outubro de 2014 foi condenado à pena de morte por vários crimes, incluindo desobediência ao monarca e instigar à violência contra as autoridades policiais, tendo sempre alegado que defendia protestos pacíficos.
A
maioria dos clérigos xiitas chegaram a acordo com os Al-Saud em 1993,
depois de uma década de violência e de prisão e exílio para muitos, para
tentar resolver os problemas com a comunidade - que se concentra na
região oriental rica em petróleo e se queixa de ser marginalizada no
país onde entre 85% e 90% da população é sunita. Mas o pouco progresso
feito pelas negociações levou alguns setores para posições mais
radicais.
Foi nesse contexto que surgiu
Nimr, que nos seus sermões na aldeia natal de Awamiya (uma área pobre
na região de Qatif) apelava à formação de uma "frente justa de oposição"
para proteger os xiitas. Ao longo de uma década, foi detido em várias
ocasiões, chegando a alegar ter sido torturado em 2006 pelas forças de
segurança sauditas.
Em 2008, diplomatas norte-americanos encontraram-se com Nimr, segundo um dos documentos revelados pela WikiLeaks. O clérigo, que procurava distanciar-se de declarações antiamericanas e pró-iranianas, terá insistido no direito dos xiitas sauditas a procurar ajuda externa em caso de conflito. O Irão (principal potência regional xiita) sempre negou qualquer ligação a Nimr.
Em 2008, diplomatas norte-americanos encontraram-se com Nimr, segundo um dos documentos revelados pela WikiLeaks. O clérigo, que procurava distanciar-se de declarações antiamericanas e pró-iranianas, terá insistido no direito dos xiitas sauditas a procurar ajuda externa em caso de conflito. O Irão (principal potência regional xiita) sempre negou qualquer ligação a Nimr.
Quando
os protestos da Primavera Árabe chegaram ao reino sunita, o clérigo
tornou-se num dos principais rostos da discórdia, apelando ao fim da
monarquia dos Al-Saud e à igualdade para a comunidade xiita. O sobrinho,
Ali al-Nimr, que tinha 17 anos quando foi preso e hoje 21, também está
condenado à morte.
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