terça-feira, 3 de novembro de 2015

Para analista, região do Sinai mudará se Airbus foi abatido por terroristas
DANIELA KRESCH - FSP
A possibilidade de que o avião da empresa russa Metrojet tenha sido abatido por terroristas islâmicos, se for confirmada, pode mudar a realidade do Oriente Médio.
É o que acredita a especialista israelense em terrorismo internacional Anat Hochberg-Marom, que estuda grupos salafistas –os sunitas mais fundamentalistas.
Segundo ela, é possível que, ao reivindicar a autoria de um suposto ataque que teria derrubado a aeronave, grupos identificados com o Estado Islâmico no Egito estejam apenas "pegando carona" para tentar mostrar força na península do Sinai.
Por outro lado, não se poderia descartar seu envolvimento, já que tem havido muitos atentados no Sinai –em geral, contra policiais e soldados egípcios. Abater um avião russo com 224 pessoas seria, para os extremistas locais, alcançar novo status.
"Do ponto de vista do EI e de seus seguidores, derrubar um avião russo seria enfrentar diretamente a Rússia, mostrar quem manda na região. Também seria uma vingança dos ataques russos contra alvos islâmicos na Síria e no Iraque", diz Hochberg-Marom.
Para a especialista, mesmo que fique provado que o avião caiu por falha técnica ou humana, o clima criado pelas teorias sobre o envolvimento do EI já muda a realidade.
PREVISÕES
Anat Hochberg-Marom faz uma série de especulações sobre o impacto geopolítico do acidente caso se confirme que se tratou de atentado e que houve algum envolvimento do Estado Islâmico –as caixas-pretas do avião russo ainda estão sob investigação.
"A tragédia poderia mudar significativamente o balanço de forças na região. Poderia abalar ainda mais o mundo árabe-muçulmano, aumentar a presença russa e, consequentemente, atrair mais envolvimento dos americanos."
De acordo com a especialista, uma eventual reação russa poderia começar com mais ataques a alvos do EI na Síria e no Iraque, com muito mais força e maior escopo. "Por ora, a Rússia atacou muitos grupos oposicionistas na Síria, mas mirou pouco no EI."
Um recrudescimento dos ataques russos, por sua vez, aumentaria ainda mais a imigração em massa de sírios para Europa ou países vizinhos.
Outra consequência seria maior envolvimento dos EUA na guerra síria –o Pentágono já enviou mais militares para assessorar os rebeldes. 

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