LEANDRO COLON/RUBENS VALENTE/AGUIRRE TALENTO - FSP
Ao pedir nesta sexta-feira (26) a prorrogação da prisão de João Santana, 63, e de sua mulher, Mônica Moura, a Polícia Federal levanta suspeita de pagamentos ao marqueteiro no valor de R$ 4 milhões pela empreiteira Odebrecht em território brasileiro.
Os depósitos em reais teriam ocorrido entre 24 de outubro e 7 de novembro de 2014. No mesmo período, Santana trabalhou para a campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT) –o relatório da PF, porém, não faz vínculos com o período eleitoral.
A PF tornou pública nesta sexta, nos autos do caso na Justiça Federal do Paraná, uma planilha apreendida na casa de Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht presa na Operação Acarajé na segunda (22). A informação foi antecipada pelo site da revista "Época".
A tabela, segundo a polícia, apontaria "possíveis sete pagamentos" a
"Feira", que, na análise dos investigadores, seria o marqueteiro João
Santana. A planilha menciona "cid"e "SAO" e o status de "tot. atendida".
O relatório da PF sugere que os tais pagamentos teriam ocorrido em São
Paulo, o que derrubaria, de acordo com a polícia, a versão do
marqueteiro de que recebeu recursos da Odebrecht somente no exterior.
A polícia diz que essa tabela "desqualifica qualquer argumentação de pagamentos recebidos apenas no exterior, a qualquer título que seja". "Agregue-se a isso que tanto Mônica quanto João Santana foram categóricos ao afirmar que não receberam valores em espécie no Brasil". Para a PF, a referida planilha seria "base de dados de propina". O relatório sugere que o valor total dos depósitos pode chegar a R$ 24 milhões.
A PF usa essa informação, entre outras, para pedir nesta sexta a prorrogação da prisão temporária de Santana, sua mulher, Mônica, e de Maria Lúcia Tavares, da Odebrecht, para que esclareçam os dados apreendidos. "Chama a atenção não só a quantidade e os valores vultuosos dos pagamentos feitos em favor de FEIRA, mas também o fato de que se tratam de pagamentos recentes, realizados já posteriormente ao início da Operação Lava Jato e também posteriores à primeira medida de busca e apreensão executada em sedes do grupo Odebrecht no âmbito desta operação".
CAMPANHAS NO EXTERIOR
O relatório também apontou que a defesa de ambos não apresentou "qualquer indício que seja" que corrobore a afirmação de que os recursos que chegaram à conta do casal na Suíça, Shellbil Finance, sejam ligados a campanhas eleitorais realizadas no exterior. Mônica, em depoimento, disse que o dinheiro veio de trabalho no exterior e citou as campanhas realizadas por seu marido na Venezuela e em Angola.
A PF colocou em dúvida essa versão. "Curiosamente, parte dos recursos foi atribuída à campanha de um ex-presidente já falecido (Hugo Chávez) [da Venezuela]", diz o relatório assinado por dois delegados da Lava Jato, Márcio Adriano Anselmo e Renata da Silva Rodrigues.
"Não há um contrato, uma invoice [ordem de pagamento], um registro ou mesmo uma troca de e-mails ou qualquer indício, por menor que seja, apto a corroborar os fatos alegados pela defesa", diz o relatório.
DESVIO
Os procuradores também afirmam pela primeira vez, em ofício à 13ª Vara Federal de Curitiba, que Santana e Mônica tinham "plena consciência" de que receberam recursos oriundos de crimes contra a Petrobras.
No pedido de prorrogação da prisão temporária deles, os procuradores dizem ainda que Santana e Mônica "mentiram em seus interrogatórios". Isso porque, na análise deles, os documentos apreendidos com uma funcionária da Odebrecht revelam que eles efetivamente receberam dinheiro em reais, no Brasil, em 2014 –ao contrário do que haviam afirmado, de que só receberam recursos referentes a campanhas no exterior.
Para o Ministério Público, esses valores recebidos no Brasil estão "evidentemente vinculados a crimes praticados por executivos do grupo Odebrecht contra a Petrobras".
"Analisando-se o panorama probatório até agora existente, observa-se que tanto Mônica Moura quanto João Santana receberam recursos decorrentes de crimes praticados contra a Petrobras e que tinham plena consciência de que tais valores eram oriundos de crimes praticados contra a Petrobras", diz o documento.
A polícia diz que essa tabela "desqualifica qualquer argumentação de pagamentos recebidos apenas no exterior, a qualquer título que seja". "Agregue-se a isso que tanto Mônica quanto João Santana foram categóricos ao afirmar que não receberam valores em espécie no Brasil". Para a PF, a referida planilha seria "base de dados de propina". O relatório sugere que o valor total dos depósitos pode chegar a R$ 24 milhões.
A PF usa essa informação, entre outras, para pedir nesta sexta a prorrogação da prisão temporária de Santana, sua mulher, Mônica, e de Maria Lúcia Tavares, da Odebrecht, para que esclareçam os dados apreendidos. "Chama a atenção não só a quantidade e os valores vultuosos dos pagamentos feitos em favor de FEIRA, mas também o fato de que se tratam de pagamentos recentes, realizados já posteriormente ao início da Operação Lava Jato e também posteriores à primeira medida de busca e apreensão executada em sedes do grupo Odebrecht no âmbito desta operação".
CAMPANHAS NO EXTERIOR
O relatório também apontou que a defesa de ambos não apresentou "qualquer indício que seja" que corrobore a afirmação de que os recursos que chegaram à conta do casal na Suíça, Shellbil Finance, sejam ligados a campanhas eleitorais realizadas no exterior. Mônica, em depoimento, disse que o dinheiro veio de trabalho no exterior e citou as campanhas realizadas por seu marido na Venezuela e em Angola.
A PF colocou em dúvida essa versão. "Curiosamente, parte dos recursos foi atribuída à campanha de um ex-presidente já falecido (Hugo Chávez) [da Venezuela]", diz o relatório assinado por dois delegados da Lava Jato, Márcio Adriano Anselmo e Renata da Silva Rodrigues.
"Não há um contrato, uma invoice [ordem de pagamento], um registro ou mesmo uma troca de e-mails ou qualquer indício, por menor que seja, apto a corroborar os fatos alegados pela defesa", diz o relatório.
DESVIO
Os procuradores também afirmam pela primeira vez, em ofício à 13ª Vara Federal de Curitiba, que Santana e Mônica tinham "plena consciência" de que receberam recursos oriundos de crimes contra a Petrobras.
No pedido de prorrogação da prisão temporária deles, os procuradores dizem ainda que Santana e Mônica "mentiram em seus interrogatórios". Isso porque, na análise deles, os documentos apreendidos com uma funcionária da Odebrecht revelam que eles efetivamente receberam dinheiro em reais, no Brasil, em 2014 –ao contrário do que haviam afirmado, de que só receberam recursos referentes a campanhas no exterior.
Para o Ministério Público, esses valores recebidos no Brasil estão "evidentemente vinculados a crimes praticados por executivos do grupo Odebrecht contra a Petrobras".
"Analisando-se o panorama probatório até agora existente, observa-se que tanto Mônica Moura quanto João Santana receberam recursos decorrentes de crimes praticados contra a Petrobras e que tinham plena consciência de que tais valores eram oriundos de crimes praticados contra a Petrobras", diz o documento.
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