Amigo Yunes tenta tirar Temer da cena enlameada das delações da Odebrecht
Josias de Souza - UOL
Amigo
de Michel Temer há 50 anos, José Yunes andava sumido desde dezembro de
2016, quando se exonerou do cargo de assessor especial do presidente.
Bateu em retirada do Planalto amargurado: “Vi meu nome jogado no lamaçal
de uma abjeta delação”, escreveu na carta de demissão. De repente,
Yunes voltou à boca do palco. Prestou depoimento à Procuradoria e deu um
par de entrevistas (aqui e aqui).
Contou uma história inverossímil. Nela, assume o papel de bobo, empurra
o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) para dentro da frigideira e se
esforça para retirar o amigo Temer de um enredo criminoso.
Eis o que havia antes da reaparição de Yunes: em depoimentos à força-tarefa da Lava Jato, dois delatores da Odebrecht —Marcelo Odebrecht e Claudio Melo Filho— contaram que, na campanha de 2014, a pedido de Michel Temer, então vice-presidente da República, a empreiteira providenciou R$ 10 milhões em verbas de má origem, contabilizadas no seu departamento de propinas. Desse total, R$ 6 milhões foram borrifados nas arcas da campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. E os outros R$ 4 milhões foram às mãos do hoje ministro Eliseu Padilha. Tudo em dinheiro vivo. Parte da verba transferida “via Padilha” foi entregue no escritório de advocacia de José Yunes, em São Paulo.
Eis o que disse Temer na época em que veio à luz o conteúdo da delação de Claudio Melo Filho, depois confirmada por Marcelo Odebrecht: de fato, o herdeiro da Odebrecht fora recebido em jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. Além de Temer e Marcelo Odebrecht, participou do repasto Eliseu Padilha. O anfitrião realmente pediu socorro financeiro à Odebrecht. Mas o dinheiro destinou-se ao PMDB e fluiu pelas vias legais. “As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE”, escreveu o Palácio do Planalto em nota oficial de dezembro de 2016. “Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente.”
Eis o que disse o amigo José Yunes: “Fui mula involuntário” de Eliseu Padilha. Nessa versão, recebeu em setembro de 2014 um telefonema de Padilha. Pediu-lhe um favor: “Yunes, olha, eu poderia pedir para que uma pessoa deixasse um documento em seu escritório? Depois, outra pessoa vai pegar.” O amigo de Temer assentiu: “Eu disse que podia, porque tenho uma relação de partido e convivência política com ele.” Súbito, apareceu no escritório de Yunes “um tal de Lúcio”. Era o doleiro Lúcio Funaro, operador financeiro de Eduardo Cunha.
A reaparição de Yunes ocorre na véspera do Carnaval. Muito conveniente, já que, na Quarta-Feira de Cinzas, o ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, irá reinquirir delatores da Odebrecht. Entre eles Marcelo Odebrecht e Cláudio Melo Filho. Benjamin é relator do processo que pode resultar na cassação da chapa Dilma—Temer e no consequente afastamento do atual inquilino do Palácio da Alvorada.
Nesta quinta-feira, dia em que suas declarações ganharam as manchetes, José Yunes esteve com Michel Temer, no Alvorada. Decerto conversou com o amigo sobre os detalhes do depoimento que prestou à Procuradoria-Geral da República, há dez dias. O conteúdo permanence em sigilo. Entretando, a julgar pelo que disse em suas entrevistas, Yunes deve ter começado a depor assim: “Era uma vez…”
Eis o que havia antes da reaparição de Yunes: em depoimentos à força-tarefa da Lava Jato, dois delatores da Odebrecht —Marcelo Odebrecht e Claudio Melo Filho— contaram que, na campanha de 2014, a pedido de Michel Temer, então vice-presidente da República, a empreiteira providenciou R$ 10 milhões em verbas de má origem, contabilizadas no seu departamento de propinas. Desse total, R$ 6 milhões foram borrifados nas arcas da campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. E os outros R$ 4 milhões foram às mãos do hoje ministro Eliseu Padilha. Tudo em dinheiro vivo. Parte da verba transferida “via Padilha” foi entregue no escritório de advocacia de José Yunes, em São Paulo.
Eis o que disse Temer na época em que veio à luz o conteúdo da delação de Claudio Melo Filho, depois confirmada por Marcelo Odebrecht: de fato, o herdeiro da Odebrecht fora recebido em jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. Além de Temer e Marcelo Odebrecht, participou do repasto Eliseu Padilha. O anfitrião realmente pediu socorro financeiro à Odebrecht. Mas o dinheiro destinou-se ao PMDB e fluiu pelas vias legais. “As doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE”, escreveu o Palácio do Planalto em nota oficial de dezembro de 2016. “Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente.”
Eis o que disse o amigo José Yunes: “Fui mula involuntário” de Eliseu Padilha. Nessa versão, recebeu em setembro de 2014 um telefonema de Padilha. Pediu-lhe um favor: “Yunes, olha, eu poderia pedir para que uma pessoa deixasse um documento em seu escritório? Depois, outra pessoa vai pegar.” O amigo de Temer assentiu: “Eu disse que podia, porque tenho uma relação de partido e convivência política com ele.” Súbito, apareceu no escritório de Yunes “um tal de Lúcio”. Era o doleiro Lúcio Funaro, operador financeiro de Eduardo Cunha.
“Ele deixou o documento e foi embora”, contou Yunes. “Não
era um pacote grande. Mas não me lembro. Foi tudo tão rápido. Parecia um
documento com um pouco mais de espessura. Mas não dava para saber o que
tinha ali dentro. Depois disso, fui almoçar. Aí, veio a outra pessoa e
levou o documento que estava com a minha secretária.”
Tomado pelas
palavras, José Yunes faz lembrar um personagem encarnado pelo ator
Harvey Keitel no célebre filme Pulp Fiction. Chama-se ‘The Wolf’. Entra
em cena sempre que é necessário limpar o sangue e apagar os rastros de
um crime. Parece ser esse o papel que o
amigo de Temer se dispôs a encenar..
Yunes
tranformou o dinheiro da Odebrecht em “documento”. Apresentou-se como
um tolo, um inocente útil que, a despeito de toda experiência de vida,
se absteve de perguntar a Padilha o que ele fazia metido em negócios com
o doleiro de Eduardo Cunha. Recorda-se de todos os detalhes da passagem
de Lúcio Funaro por seu escritório. Mas não se lembra do nome de quem
foi apanhar o “documento”. De resto, não há vestígio de Michel Temer no
enredo confuso de Yunes. Houve quem estranhasse até na Esplanada. Em
conversa com o blog, um ministro disse ter enxergado na coreografia verbal de Yunes traços de uma “Operação Tabajara.”A reaparição de Yunes ocorre na véspera do Carnaval. Muito conveniente, já que, na Quarta-Feira de Cinzas, o ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, irá reinquirir delatores da Odebrecht. Entre eles Marcelo Odebrecht e Cláudio Melo Filho. Benjamin é relator do processo que pode resultar na cassação da chapa Dilma—Temer e no consequente afastamento do atual inquilino do Palácio da Alvorada.
Nesta quinta-feira, dia em que suas declarações ganharam as manchetes, José Yunes esteve com Michel Temer, no Alvorada. Decerto conversou com o amigo sobre os detalhes do depoimento que prestou à Procuradoria-Geral da República, há dez dias. O conteúdo permanence em sigilo. Entretando, a julgar pelo que disse em suas entrevistas, Yunes deve ter começado a depor assim: “Era uma vez…”
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