Diz o velho ditado que “alegria de pobre dura pouco”, mas a do presidente Michel Temer também anda durando muito pouco
Até agora, quem capitaliza politicamente os sinais positivos da economia é Henrique Meirelles, da Fazenda, com uma profusão de entrevistas, eventos abertos, reuniões com políticos e até uma previsão de crescimento para 2017 que, por enquanto, está mais na seara da vontade do que da realidade.
E a sua popularidade, presidente? Temer, que amarga em torno de 10% de aprovação, índice constrangedor e preocupante, sabe que não é exatamente carismático, não tem discurso inflamado e nunca conseguiu (nem quis) fazer o típico teatro eleitoral dos abraços e tapinhas nas costas. Mas responde com um sorriso enigmático e uma exclamação: “Ela virá!”. Em seguida, teoriza: “Populismo é fugaz, vai e volta, mas popularidade é reconhecimento”.
Até por acreditar que a popularidade “virá”, o presidente fica incomodado com as notícias do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dia sim, dia não, sobre a cassação da chapa Dilma-Temer: “Eu preferiria que isso acabasse logo, que julgassem e pronto, porque fica sempre essa dúvida, essa insegurança”, disse ele, pouco depois de saber que as delações da Odebrecht serão admitidas no processo.
Claramente feliz com a economia e com diferentes ministérios, Temer não tem lá grandes motivos para comemoração na política, que funciona na base do “cobertor curto”. Passou uma quarta-feira feliz com os juros e a arrecadação, mas foi dormir com a demissão de José Serra do Itamaraty. Acordou na quinta com o nome de Osmar Serraglio para a Justiça, mas já na sexta enfrentava duras reações do próprio PMDB e dos mineiros da base aliada. Vai ter de esticar o cobertor para Minas…
Uma coisa, porém, é certa: o alívio de Temer com a normalidade das ruas. Quando assumiu, os movimentos ligados ao PT iriam incendiar o País. Quando anunciou a reforma da Previdência e das leis trabalhistas, as centrais sindicais iriam explodir as ruas. Quando acenou com a modernização do ensino médio, os petistas na educação fariam um inferno. Nada disso se confirmou. E, na avaliação do presidente, cada dia ficará mais difícil se confirmar. Quanto mais a economia ajudar, mais o Congresso votará as reformas e mais sua popularidade tenderá a melhorar. É uma visão otimista, mas se o próprio presidente não for otimista, quem mais será?
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