Quem pegou o pacote deixado por Funaro no escritório de Yunes?
Leandro Colon - FSP
A versão de José Yunes
sobre o tal pacote que diz ter recebido a mando de Eliseu Padilha
carece de um detalhe fundamental: afinal, quem retirou os "documentos"
deixados no escritório do ex-assessor e amigo de Michel Temer?
Segundo Yunes, coube a Lúcio Funaro, velho operador financeiro de
políticos enrolados, a tarefa de levar a encomenda. O advogado paulista
afirma que não conhecia o entregador. Conta que falou rapidamente com
Funaro, e uma outra pessoa buscou o material com sua secretária.
Hoje detido na Papuda, em Brasília, Funaro era homem de confiança de
Eduardo Cunha, preso pela Lava Jato em Curitiba. No período da entrega
do pacote, em setembro de 2014, Cunha atuava para eleger os deputados
que, meses depois, o alçariam à presidência da Câmara.
O enredo que se seguiu mostra que, por certo tempo, o projeto foi bem
sucedido. Cunha elegeu-se para comandar a Casa, tornando-se o político
mais temido da Esplanada.
Em uma pergunta feita no ano passado por escrito a Temer, arrolado sua
testemunha na Justiça Federal, Cunha questionou se Yunes recebeu uma
doação de campanha do PMDB ou do próprio presidente —na época candidato a
vice de Dilma Rousseff.
Cláudio Melo Filho, ex-diretor da Odebrecht, afirma, em delação premiada,
que acertou com Eliseu Padilha o envio ao escritório de Yunes de parte
de R$ 10 milhões negociados em um jantar no Palácio do Jaburu por Temer e
Marcelo Odebrecht.
Os relatos de três personagens —Yunes, Melo Filho e Cunha— se cruzam. O
delator diz que combinou com Padilha a entrega de recursos a Yunes, que,
por sua vez, admite o recebimento de uma encomenda a pedido do hoje
chefe da Casa Civil.
Quem a levou era uma pessoa próxima de Cunha, que mencionou o episódio
por escrito perante a Justiça. Parece não haver dúvidas do envolvimento
de Padilha na triangulação, nem que ela tenha ocorrido. Só falta saber
quem pegou o pacote.
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