quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

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Trem bate e 49 morrem em Buenos Aires
Acidente no centro da capital argentina deixou 675 feridos, 50 gravemente; não há notícia de vítimas brasileiras
Composição não parou ao chegar a estação; autoridades dizem não saber se a falha foi humana ou mecânica
SYLVIA COLOMBO - FSP
O comerciante Mario Díaz, 33, chega todos os dias à estação do Once, zona central de Buenos Aires, por volta das 8h.
Ontem, às 8h32, ele havia acabado de começar a trabalhar quando viu algo fora da rotina. "Escutei o trem chegando, olhei e então vi algo que não fazia sentido. Ele vinha muito rápido, como se não tivesse intenção de parar nesta estação."
De fato, a composição não parou. A uma velocidade de cerca de 25 km/h, chocou-se contra uma barreira frente à plataforma e fez com que os oito vagões engavetassem.
Até o fechamento desta edição, as cifras do acidente eram de 49 mortos (entre eles, uma criança) e mais de 675 feridos, 50 deles em estado grave. O condutor está internado em terapia intensiva.
O consulado do Brasil na capital argentina informou que não havia notícia de brasileiros mortos, mas a identificação das vítimas não havia sido concluída ontem.
O trem, da linha Sarmiento, vinha do departamento de Moreno, no chamado "conurbano" (periferia) da cidade, e a maioria das pessoas estava indo trabalhar no primeiro dia útil depois do feriado de Carnaval.
A estação do Once é a mais importante do centro da cidade, localizada em bairro populoso, mas distante do roteiro turístico tradicional.
Segundo a Secretaria de Transportes (equivalente a um ministério na Argentina), houve uma tentativa de frear, registrada pelo aparelho de GPS do veículo, mas algo teria ocorrido "nos últimos 40 metros" que impediu a finalização do processo.
O secretário Juan Pablo Schiavi, em entrevista coletiva no final da tarde de ontem, disse que as causas estavam sendo investigadas e ainda não era possível dizer se tratou-se de um problema mecânico ou erro humano.
TREM LOTADO
As operações de resgate duraram toda a manhã e parte da tarde. Como o trem vinha lotado, com cerca de 800 passageiros, depois do choque muitas pessoas ficaram presas entre ferragens e devido ao acúmulo de gente.
Os vagões um e dois foram os mais afetados. O segundo entrou sete metros dentro do primeiro.
Schiavi evitou falar em superlotação. "Esses vagões estavam muito cheios devido a essa coisa muito argentina que as pessoas aqui têm de querer ficar na frente para sair primeiro."
As primeiras imagens registradas pela manhã mostram pessoas que estavam fora da composição tentando romper as janelas para facilitar a saída dos passageiros que estavam dentro do trem.
Foram fechados ao trânsito os quarteirões ao redor da estação para facilitar o transporte das vítimas, realizado pelos bombeiros, pela Polícia Federal e pelo SAME (Serviço de Atenção Médica Especializada). A maioria foi levada para hospitais próximos, como os de Ramos Mejía, Rivadavia e Durand.
O acidente acontece cinco meses após desastre ocorrido em setembro, no bairro de Flores, que causou 11 mortes. É o mais grave em Buenos Aires desde 1930, quando um trem despencou no rio Riachuelo, matando 56 pessoas.

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