Dilma 1, o zumbi
Só milagre tira governo do deficit em 2015; conta de Dilma 1 ainda assombra o país
Vinicius Torres Freire - FSP
APENAS MILAGRES vão impedir que as contas do governo terminem no
vermelho outra vez. Fora do governo, os interessados já sabiam disso.
Pelo menos desde agosto, a previsão é de deficit primário (despesa maior
que receita, mesmo desconsiderados gastos com juros).
É o que se depreende do balanço das contas federais, divulgado ontem. Lá
se confirma que o rombo não se deve apenas a queda de receita e
despesas "estruturais" crescentes (previdenciárias em particular).
Esse outro motivo do rombo deriva do fato de: 1) Dilma Rousseff ter
arruinado empresas estatais; 2) Dilma 1 ter maquiado gastos, escondendo
despesas que reaparecem agora, muitas delas devidas ao dinheiro gasto
para baratear empréstimos a grandes empresas e oligopólios, via BNDES.
Pergunta-se agora se o deficit vai piorar o bastante para degradar ainda
mais as expectativas econômicas e a esperança de conter o rombo
previsto para 2016 (mesmo se aprovada a CPMF). Isto é, suficiente para
provocar nova rodada de tumulto financeiro.
Até agosto, o deficit federal foi de 0,62% do PIB (acumulados os
resultados dos últimos 12 meses). A meta oficial para 2015 é de 0,1% do
PIB. Mesmo para cumprir a minimeta, serão necessários resultados
extraordinários até dezembro.
A receita não pode cair. Mas, nos 12 meses contados até agosto, caiu
6,85%, já descontada a inflação; de janeiro a agosto, caiu 4,76% ante
mesmo período do ano anterior.
A despesa tem de cair mais de 2%, mas cresceu 0,7% em 12 meses.
Está difícil.
Muita gente, assim como o governo, ainda conta com receitas
extraordinárias previstas, vendas de patrimônio e concessões, que estão
por ora penduradas no bico do corvo. Isto é, dada a turumbamba no
mercado, será difícil vender parte da Caixa, hidrelétricas e fazer algum
outro leilão de concessão.
Deve ser por ainda contar com essa receita extraordinária, que
economistas de alguns grandes bancos estimavam ainda na semana passada
que o governo federal teria déficit de 0,1% ou 0,2% do PIB, por aí. Como
se escreveu mais acima, a conta está por ora em 0,62% do PIB.
Seria um chutão dizer grande coisa sobre 2016 além do fato de que a
principal previsão de receita nova para o ano que vem, a CPMF, está com o
pé na cova. Confirmado também um deficit grande em 2015, logo teremos
ainda mais problemas. Quer dizer, descrédito ainda maior do governo,
altas de taxas de juros e dólar, seguidos de rebaixamento formal do
crédito.
Quanto ao rombo deste ano, considere-se uma das contas do despautério de
Dilma 1. As despesas com subsídios foram de R$ 6,8 bilhões de janeiro a
agosto de 2014. Neste mesmo período de 2015, de R$ 20 bilhões. Mesmo na
pindaíba, o governo deu mais subsídio?
Não. O governo agora desembolsa dinheiro para "restos a pagar",
papagaios indevidos e maquiagens de 2014, cerca de R$ 13,4 bilhões, até
agosto. Legal ou ilegal, é uma fraude da opinião pública.
Para terminar, a presidente que tanto amava estatais as arruinou a ponto
de o governo ficar sem um naco pedaçudo de seus dividendos. Em relação a
2014, esta receita caiu R$ 12 bilhões, até agosto.
O vexame é infinito. Para dizê-lo de modo gentil.
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