Ricardo Noblat - O Globo
Quem ganha com a reforma ministerial a ser anunciada pela presidente Dilma Rousseff nesta quinta-feira ou no dia seguinte?
Depende da resposta que você der à outra pergunta. A pergunta: Comparado com quê?
Se comparado com a situação que o governo vive desde janeiro último, ganha o governo e perdem todos os que a ele se opõem.
O governo balança, balança, mas não cai. Com a reforma, deixará de balançar. Ganhará alguns meses – ou semanas, nunca se sabe – de estabilidade.
A crise política esfriará. As atenções se concentrarão na crise econômica. Se o governo reformado não souber enfrenta-la com o mínimo de eficácia, aí, sim, a crise política esquentará outra vez.
Se comparado com a situação atual do PMDB, com a reforma ganha também o partido do vice-presidente Michel Temer. E por mais que Temer finja que nada teve a ver com a reforma, ele também ganha.
O PMDB sempre foi tratado como um aliado incômodo e de segunda classe pelo PT nos últimos 12 anos, por Lula no primeiro governo dele e por Dilma no primeiro governo dela.
Muda de status com a reforma, quer saia dela com seis ou com sete ministérios. Com seis porque passará a controlar o Ministério da Saúde, a joia mais preciosa do governo com o seu orçamento bilionário.
Com sete porque ganhará um ministério a mais do que tem hoje, aí incluído o da Saúde.
Dilma apostou que o PMDB não queria sair do governo, mas entrar mais um pouco – e acertou. Espera, em troca, que ele lhe dê os votos que precisa para não ser derrubada. A conferir mais adiante.
Comparado com a situação que tem hoje, o PT sairá perdendo com a reforma. Antes já sofrera um duro golpe com a conversão de Dilma à receita de Joaquim Levy para combater a crise econômica.
Levy e PT nada têm a ver.
Agora, perde o Ministério da Saúde, ministérios que serão extintos ou fundidos, e importância.
Sempre dirá que a presidente da República é dele. Sabe, porém, que ela se casou com ele por conveniência. Acrescente-se: e separação de corpos.
Comparado com a qualidade até aqui da equipe de ministros de Dilma, tudo indica que o país perderá com a qualidade da próxima. Na melhor das hipóteses, ficará na mesma
Por mendigar apoio, Dilma a soberba, a autossuficiente, a dona da verdade, a chefe centralizadora e desconfiada rendeu-se às pressões de todos os lados e entregou os anéis. Vale tudo para não cair.
Arthur Chioro tinha credenciais para ser Ministro da Saúde. Foi demitido por telefone e cederá o lugar a um sem credenciais do PMDB.
Aloizio Mercadante, da Casa Civil, é da cota pessoal de ministros de Dilma. Por teimar em mantê-lo, Dilma fez de Mercadante o símbolo mais forte de sua autonomia como presidente da República.
A autonomia desmoronou. Se ela não mudar de opinião nas próximas horas, entrará Jaques Wagner na vaga de Mercadante.
E Mercadante será deslocado para o Ministério da Educação, desalojando dali outro ministro da cota pessoal de Dilma.
Ela pensou em despachar o ministro Hélder Barbalho, da Pesca. Advertida por Lula, decidiu mantê-lo porque ele é filho de senador com deputada federal. Só por isso.
Quando estava para perder o mandato, o então presidente Fernando Collor fez uma reforma ambiciosa do seu ministério. Montou um novo governo com nomes de peso de vários partidos.
Não adiantou. Foi cassado.
Dilma espera ter melhor sorte do que ele.
Depende da resposta que você der à outra pergunta. A pergunta: Comparado com quê?
Se comparado com a situação que o governo vive desde janeiro último, ganha o governo e perdem todos os que a ele se opõem.
O governo balança, balança, mas não cai. Com a reforma, deixará de balançar. Ganhará alguns meses – ou semanas, nunca se sabe – de estabilidade.
A crise política esfriará. As atenções se concentrarão na crise econômica. Se o governo reformado não souber enfrenta-la com o mínimo de eficácia, aí, sim, a crise política esquentará outra vez.
Se comparado com a situação atual do PMDB, com a reforma ganha também o partido do vice-presidente Michel Temer. E por mais que Temer finja que nada teve a ver com a reforma, ele também ganha.
O PMDB sempre foi tratado como um aliado incômodo e de segunda classe pelo PT nos últimos 12 anos, por Lula no primeiro governo dele e por Dilma no primeiro governo dela.
Muda de status com a reforma, quer saia dela com seis ou com sete ministérios. Com seis porque passará a controlar o Ministério da Saúde, a joia mais preciosa do governo com o seu orçamento bilionário.
Com sete porque ganhará um ministério a mais do que tem hoje, aí incluído o da Saúde.
Dilma apostou que o PMDB não queria sair do governo, mas entrar mais um pouco – e acertou. Espera, em troca, que ele lhe dê os votos que precisa para não ser derrubada. A conferir mais adiante.
Comparado com a situação que tem hoje, o PT sairá perdendo com a reforma. Antes já sofrera um duro golpe com a conversão de Dilma à receita de Joaquim Levy para combater a crise econômica.
Levy e PT nada têm a ver.
Agora, perde o Ministério da Saúde, ministérios que serão extintos ou fundidos, e importância.
Sempre dirá que a presidente da República é dele. Sabe, porém, que ela se casou com ele por conveniência. Acrescente-se: e separação de corpos.
Comparado com a qualidade até aqui da equipe de ministros de Dilma, tudo indica que o país perderá com a qualidade da próxima. Na melhor das hipóteses, ficará na mesma
Por mendigar apoio, Dilma a soberba, a autossuficiente, a dona da verdade, a chefe centralizadora e desconfiada rendeu-se às pressões de todos os lados e entregou os anéis. Vale tudo para não cair.
Arthur Chioro tinha credenciais para ser Ministro da Saúde. Foi demitido por telefone e cederá o lugar a um sem credenciais do PMDB.
Aloizio Mercadante, da Casa Civil, é da cota pessoal de ministros de Dilma. Por teimar em mantê-lo, Dilma fez de Mercadante o símbolo mais forte de sua autonomia como presidente da República.
A autonomia desmoronou. Se ela não mudar de opinião nas próximas horas, entrará Jaques Wagner na vaga de Mercadante.
E Mercadante será deslocado para o Ministério da Educação, desalojando dali outro ministro da cota pessoal de Dilma.
Ela pensou em despachar o ministro Hélder Barbalho, da Pesca. Advertida por Lula, decidiu mantê-lo porque ele é filho de senador com deputada federal. Só por isso.
Quando estava para perder o mandato, o então presidente Fernando Collor fez uma reforma ambiciosa do seu ministério. Montou um novo governo com nomes de peso de vários partidos.
Não adiantou. Foi cassado.
Dilma espera ter melhor sorte do que ele.
Arte: Antônio Lucena
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