Reinaldo Azevedo - VEJA
Ai, ai…
Observem:
toda grande democracia do mundo é bipartidária. E o que se tem? Um
grande partido com uma inflexão mais à esquerda e outro grande partido
com características mais conservadoras. O que eles exibem em comum?
Centros ideológicos que costumam convergir em muita coisa. Por isso,
alternam-se no poder sem grandes traumas.
No Brasil,
ao contrário, os partidos vão se multiplicando. Entendo, muitas vezes, a
razão: a realidade nas legendas que temos é de tal sorte amesquinhada
que parece impossível fazer política de maneira decente. Parte da
responsabilidade cabe, sim, ao presidencialismo — dada a maneira como
ele é exercido no Brasil —, ao tamanho do estado e à legislação que
garante um dinheirinho do Fundo Partidário para as siglas.
As legendas
vão brotando de olho no butim do estado e também para, como é mesmo?,
“garantir a governabilidade” ao presidente de turno — em troca, claro!,
de ministérios, estatais, autarquias, boquinhas…
Nos países
que são basicamente bipartidários, as duas grandes agremiações contam
com suas respectivas correntes. No EUA, existem alas do Partido
Republicano que estão mais à esquerda, como existem alas do Democrata
que estão mais à direita. Às vezes, um direitista democrata é mais
direitista do que um esquerdista republicano…
O PMB
O PMB é, pasmem!, o 35º partido do país. Digam-me cá: ser mulher é categoria de pensamento? Ser mulher, e só por sê-lo, empresta a alguém uma visão necessariamente de conjunto que, de outro modo, não se consolidaria?
O PMB é, pasmem!, o 35º partido do país. Digam-me cá: ser mulher é categoria de pensamento? Ser mulher, e só por sê-lo, empresta a alguém uma visão necessariamente de conjunto que, de outro modo, não se consolidaria?
É claro que a
resposta é negativa, não é? Por isso mesmo, o partido se encarrega de
explicar em seu site que o PMB é um partido de “mulheres progressistas” e
de “ativistas de movimentos sociais e populares” e que, junto com
homens, “manifestaram sempre a sua solidariedade com as mulheres
privadas de liberdades políticas, vítimas de opressão, da exclusão e das
terríveis condições de vida”.
Ah, bom! Uma
mulher, digamos, conservadora não poderia pertencer a PMB, certo?
Venham cá: ser mulher, então, para o PMB implica ser “progressista”… Se
não for, o tal ser é o quê?
No site da legenda, encontro esta maravilha:
“A balança da história está mudando; a força perde seu ímpeto e, com satisfação observamos a Nova Ordem Mundial que será menos masculina, mas permeada pelos ideais femininos ou, melhor dizendo, será uma Era na qual os elementos masculinos e femininos estarão em maior equilíbrio.
Para o estabelecimento da paz mundial, um dos pré-requisitos mais importantes é a emancipação da mulher, ou seja, a concretização da plena igualdade entre os sexos; a negação dessa igualdade perpetra uma injustiça contra metade da população do mundo e promove entre os homens atitudes e hábitos nocivos que são levados do ambiente familiar para o local de trabalho, para a vida política e em última esfera para as relações internacionais.”
“A balança da história está mudando; a força perde seu ímpeto e, com satisfação observamos a Nova Ordem Mundial que será menos masculina, mas permeada pelos ideais femininos ou, melhor dizendo, será uma Era na qual os elementos masculinos e femininos estarão em maior equilíbrio.
Para o estabelecimento da paz mundial, um dos pré-requisitos mais importantes é a emancipação da mulher, ou seja, a concretização da plena igualdade entre os sexos; a negação dessa igualdade perpetra uma injustiça contra metade da população do mundo e promove entre os homens atitudes e hábitos nocivos que são levados do ambiente familiar para o local de trabalho, para a vida política e em última esfera para as relações internacionais.”
Claro,
claro… Boa parte dessa metade do mundo que é discriminada, como se sabe,
está nos países islâmicos, em que a questão da igualdade não se coloca.
E não por uma questão de gênero, mas de religião.
A ser assim,
só um PGB (Partido do Gay Brasileiro) terá condições de lutar pelos
gays; só um PNG (Partido do Negro Brasileiro) terá condições de lutar
pelos negros. Ah, sim: alguém poderia propor criação do PBB (Partido dos
Brancos Brasileiros). A gritaria seria grande. A propósito: um PHB —
Partido do Homem (macho) Brasileiro —, suponho, pareceria um
despropósito, né? Afinal, o ser homem já o torna naturalmente um
opressor.
Vou criar o PPAG (Partido das Pessoas Alérgicas a Gergelim). Só o PPAG terá condições de lutar por pessoas alérgicas a gergelim…
Às vezes, o Brasil dá uma pregui…
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