A arma de fogo é a civilização
Instituto Mises Brasil
Os seres humanos têm apenas duas maneiras de lidar uns com os outros: por
meio da razão e por meio da força.
Se você quer que eu faça algo por você, há duas opções: ou você me convence
por meio de um argumento racional ou você recorre à ameaça de violência.
Toda e qualquer interação humana necessariamente recai em uma dessas duas
categorias. Sem exceção. Razão ou força. E só.
Em uma sociedade genuinamente moral e civilizada, as pessoas interagem
exclusivamente por meio da persuasão. A
força não é um método válido de interação social.
Sendo assim, e por mais paradoxal que isso possa parecer para alguns, a
única ferramenta que pode remover a força dessa lista de opções é uma arma de fogo pessoal.
E o motivo é simples: quando estou portando uma arma de fogo, você não pode
lidar comigo por meio da força. Você
terá de utilizar apenas a sua razão e a sua inteligência para tentar me persuadir. Portando uma arma de fogo, eu tenho uma
maneira de neutralizar a sua ameaça ou o seu uso da força.
A arma de fogo é o único objeto de uso pessoal capaz de fazer com que uma
mulher de 50 kg esteja em pé de igualdade com um agressor de 100 kg; com que um
aposentado de 75 anos esteja em pé de igualdade com um marginal de 19 anos; e
com que um cidadão sozinho esteja em pé de igualdade com 5 homens carregando
porretes.
A arma de fogo é o único objeto físico que pode anular a disparidade de
força, de tamanho e de quantidade entre um potencial agressor e sua potencial
vítima.
Há muitas pessoas que consideram a arma de fogo como sendo o lado ruim da
equação, a fonte de todas as coisas repreensíveis que acontecem em uma
sociedade. Tais pessoas acreditam que
seríamos mais civilizados caso todas as armas fossem proibidas: segundo elas,
uma arma de fogo facilita o "trabalho" de um agressor.
Mas esse raciocínio só é válido, obviamente, se as potenciais vítimas desse
agressor estiverem desarmadas, seja
por opção ou por decreto estatal. Tal
raciocínio, porém, perde sua validade quando as potenciais vítimas também estão
armadas.
Essas pessoas que defendem a proibição das armas estão, na prática, clamando
para que os mais fortes, os mais agressivos e os mais fisicamente capacitados
se tornem os seres dominantes em uma sociedade — e isso é exatamente o oposto
de como funciona uma sociedade civilizada.
Um bandido, mesmo um bandido armado, só terá uma vida bem-sucedida caso
viva em uma sociedade na qual o estado, ao desarmar os cidadãos pacíficos,
concedeu a ele o monopólio da força.
E há também o argumento de que uma arma faz com que aquelas brigas mais corriqueiras,
as quais em outras circunstâncias resultariam apenas em pessoas
superficialmente machucadas, se tornem letais.
Mas esse argumento é multiplamente falacioso.
Em primeiro lugar, se não houver armas envolvidas, todos os confrontos serão
sempre vencidos pelo lado fisicamente superior, o qual irá infligir lesões e
ferimentos avassaladores ao mais fraco. Sempre.
No que mais, pessoas que acreditam que punhos cerrados, porretes, pedras,
garrafas e cacos de vidro não constituem força letal provavelmente são do tipo
que acreditam naquelas cenas fantasiosas que vêem nos filmes, em que pessoas
tomam variados socos, pauladas e garrafadas na cabeça e ainda continuam
brigando impavidamente, no máximo com um pouco de sangue nos lábios.
O fato de que uma arma de fogo facilita o uso de força letal é algo que
funciona unicamente em prol da vítima mais fraca, e não em prol do agressor
mais forte. O agressor mais forte não
precisa de uma arma de fogo para aniquilar sua vítima mais fraca. Já a vítima mais fraca precisa de uma arma de
fogo para sobrepujar seu agressor mais forte.
Se ambos estiverem armados, então estão em pé de igualdade.
A arma de fogo é o único objeto que é tão letal nas mãos de um octogenário
em uma cadeira de rodas quanto nas mãos de um halterofilista. Se ela não fosse nem letal e nem de fácil
manipulação, então ela simplesmente não funcionaria como instrumento
equalizador de forças, que é a sua principal função.
Quando estou portando uma arma, eu não o faço porque estou procurando
confusão, mas sim porque quero ser deixado em paz.
A arma em minha cintura significa que não posso ser
coagido e nem violentado; posso apenas ser persuadido por meio de argumentos
racionais. Eu não porto uma arma porque tenho
medo, mas sim porque ela me permite não ter medo. A arma não limita em nada as ações daqueles
que querem interagir comigo por meio de argumentos; ela limita apenas as ações
daqueles que querem interagir comigo por meio da força.
A arma remove a força da equação. E é
por isso que portar uma arma é um ato civilizado.
Uma grande civilização é aquela em que todos os cidadãos estão igualmente
armados e só podem ser persuadidos, jamais coagidos.
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