O que deu em Jucá? Jucá responde
Estão querendo pregar em todos nós [os
políticos] a cruz de Israel no peito, como os nazistas pregaram nos
judeus que viviam na Alemanha
Ricardo Noblat - O Globo
Em discurso, ontem, no Senado, sobre a emenda que apresentou, e depois
retirou, concedendo aos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo
Triubunal Federal o privilégio de não serem processados por atos
cometidos antes de assumir o cargo, Romero Jucá (PMDB-RR) disse a certa
altura:
"Sabe o que que deu em mim, Ricardo Noblat? Preocupação. Sabe o que deu
em mim, Ricardo Noblat? Inconformismo. Porque nós estamos em pleno
século XXI. E sabe o que está parecendo que nós estamos vivendo? Está
parecendo que estamos vivendo o período da Inquisição, quando alguém
gritava "ele é um bruxo!", e, uma semana depois, estava na fogueira. E
como se queimou gente na Idade Média!
Nós estamos vivendo também – outro comparativo com a História – o
período da Revolução Francesa em que um "J'accuse" levava as pessoas
sumariamente para um tribunal do povo e de lá para o cadafalso, para a
guilhotina na Place de la Concorde. Bastava a acusação. Não bastava
prova.
Bastava apontar o dedo e dizer: "J'accuse". Explico, para não
confundir, porque pode ser que algum jornalista confunda "J'accuse" com a
banheira. Não, "J'accuse" é "eu acuso" em francês. E as pessoas eram
degoladas. Todo mundo sabe como terminou a Revolução Francesa.
Robespierre começou guilhotinado, terminou guilhotinado e, depois,
reassumiu o Imperador na França.
Ou nós podemos ir mais além um pouco no tempo, também pegando a
História e dizer: "Nós estamos vivendo na época do Nazismo, do
Fascismo". Diz-se a um político que ele é judeu. Então, a Gestapo, o
grupo de extermínio, toma conta dele. Estão querendo pregar em todos nós
a cruz de Israel no peito, como os nazistas pregaram nos judeus que
viviam na Alemanha. E eu vou ficar calado com isso? Não vou, não vou.
Tanto é assim que a brilhante jornalista Vera Magalhães, no dia 19 de
fevereiro, faz um artigo que diz o seguinte: "Carne queimada. Quem for
marcado com a cruz escarlate da Lava Jato terá o destino traçado". Está
aqui. Isso é a síntese do "J'accuse", da estrela de Israel, da denúncia
de bruxismo no século XXI. A diferença é que a turba que apontava agora é
outra.
A diferença é que o povo que aplaudia a guilhotina agora é parte da
imprensa, que não dá chance a ninguém de se defender – não dá chance a
ninguém; escolhe aleatoriamente e parte para o estraçalhamento, sem se
preocupar com a verdade, sem se preocupar com a coerência, sem se
preocupar com a família das pessoas, com a história de cada um, sem
mesmo se lembrar das suas próprias memórias, porque dezenas de
jornalistas, aqui e pelo Brasil, ouviram a minha fala de que o governo
da Dilma estava acabando, de que o Brasil estava sangrando, de que a
Dilma estava destruindo o País."
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