Metade dos usuários de planos de saúde no Brasil está acima do peso -Tony Alter/Flickr | ||
Cláudia Collucci - FSP
Empresas podem penalizar funcionários obesos? Planos de saúde devem cobrar mais de quem está fora do peso ou premiar quem está em paz com a balança?
Essas questões têm sido muito discutidas em vários países e começam a fazer parte também da agenda brasileira, já que metade dos usuários de planos de saúde está acima do peso.
Segundo uma pesquisa da consultoria Aon Hewitt, penalizar funcionários que não cuidam da saúde é uma tendência na maioria das empresas norte-americanas: seis em cada dez empregadores planejam essa medida.
A Michelin North America Inc. colocou-a em prática em 2014. Funcionários com pressão arterial elevada ou mais de 100 cm de cintura pagam até US$ 1 mil a mais por ano pelo seguro-saúde. Outras empresas, como a a varejista Walmart, adotaram penalidade parecida aos funcionários fumantes-que têm que pagar US$ 2.000 a mais pelo plano de saúde.
O gasto anual médio das empresas americanas com a saúde dos funcionários é US$ 12.136 por cabeça. Segundo reportagem do "Wall Street Journal", 20% dos funcionários de uma empresa são responsáveis por 80% dos custos com saúde. A maioria desses gastos é ligada a doenças causadas pela obesidade, sedentarismo e tabagismo.
Para entidades de defesa dos direitos trabalhistas, penalizar funcionários por excesso de peso ou tabagismo é uma medida discriminatória e injusta, já que muitas pessoas precisam de ajuda para a mudança de hábitos. Seria mais justo as companhias oferecerem, antes da cobrança, algum tipo de programa de promoção à saúde.
Já os executivos argumentam que os custos em saúde estão cada vez maiores e que não é possível reduzi-los sem que os empregados mudem seus hábitos nocivos. Citam ainda estudos que mostram que as pessoas se sentem mais estimuladas com uma penalidade em dinheiro (multa), do que com reconhecimento (prêmio).
Nos EUA, empresas têm autonomia para decidir o que quiserem em relação ao seguro-saúde. Atualmente, a legislação americana permite que elas cobrem até 30% a mais dos trabalhadores que não se enquadram nas exigências do plano de saúde.
No Brasil, as operadoras têm oferecido descontos na mensalidade e prêmios -como notebooks e viagens internacionais mais baratas- para incentivar usuários a perder peso, fazer exercícios e adotar hábitos saudáveis.
Para ganhar os benefícios, os clientes precisam ir a consultas, participar de palestras e, em alguns casos, se submeter a avaliações periódicas. Mas uma revisão de 34 estudos internacionais concluiu que, embora esses programas mudem comportamentos de saúde a curto prazo, os efeitos positivos tendem a desaparecer quando os benefícios são cortados.
O que isso tudo revela? Que medidas isoladas ou punitivas tendem a ter pouco impacto na redução de doenças tão complexas como a obesidade e o tabagismo. O país precisa sérias e urgentes políticas intersetoriais de promoção à saúde. Sem elas, o cenário já é bem conhecido: custos em saúde insustentáveis e população cada vez mais doente.
Empresas podem penalizar funcionários obesos? Planos de saúde devem cobrar mais de quem está fora do peso ou premiar quem está em paz com a balança?
Essas questões têm sido muito discutidas em vários países e começam a fazer parte também da agenda brasileira, já que metade dos usuários de planos de saúde está acima do peso.
Segundo uma pesquisa da consultoria Aon Hewitt, penalizar funcionários que não cuidam da saúde é uma tendência na maioria das empresas norte-americanas: seis em cada dez empregadores planejam essa medida.
A Michelin North America Inc. colocou-a em prática em 2014. Funcionários com pressão arterial elevada ou mais de 100 cm de cintura pagam até US$ 1 mil a mais por ano pelo seguro-saúde. Outras empresas, como a a varejista Walmart, adotaram penalidade parecida aos funcionários fumantes-que têm que pagar US$ 2.000 a mais pelo plano de saúde.
O gasto anual médio das empresas americanas com a saúde dos funcionários é US$ 12.136 por cabeça. Segundo reportagem do "Wall Street Journal", 20% dos funcionários de uma empresa são responsáveis por 80% dos custos com saúde. A maioria desses gastos é ligada a doenças causadas pela obesidade, sedentarismo e tabagismo.
Para entidades de defesa dos direitos trabalhistas, penalizar funcionários por excesso de peso ou tabagismo é uma medida discriminatória e injusta, já que muitas pessoas precisam de ajuda para a mudança de hábitos. Seria mais justo as companhias oferecerem, antes da cobrança, algum tipo de programa de promoção à saúde.
Já os executivos argumentam que os custos em saúde estão cada vez maiores e que não é possível reduzi-los sem que os empregados mudem seus hábitos nocivos. Citam ainda estudos que mostram que as pessoas se sentem mais estimuladas com uma penalidade em dinheiro (multa), do que com reconhecimento (prêmio).
Nos EUA, empresas têm autonomia para decidir o que quiserem em relação ao seguro-saúde. Atualmente, a legislação americana permite que elas cobrem até 30% a mais dos trabalhadores que não se enquadram nas exigências do plano de saúde.
No Brasil, as operadoras têm oferecido descontos na mensalidade e prêmios -como notebooks e viagens internacionais mais baratas- para incentivar usuários a perder peso, fazer exercícios e adotar hábitos saudáveis.
Para ganhar os benefícios, os clientes precisam ir a consultas, participar de palestras e, em alguns casos, se submeter a avaliações periódicas. Mas uma revisão de 34 estudos internacionais concluiu que, embora esses programas mudem comportamentos de saúde a curto prazo, os efeitos positivos tendem a desaparecer quando os benefícios são cortados.
O que isso tudo revela? Que medidas isoladas ou punitivas tendem a ter pouco impacto na redução de doenças tão complexas como a obesidade e o tabagismo. O país precisa sérias e urgentes políticas intersetoriais de promoção à saúde. Sem elas, o cenário já é bem conhecido: custos em saúde insustentáveis e população cada vez mais doente.
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