PMDB confronta as forças de combate à corrupção no país
Todos esses fatos são estilhaços da mesma crise que
tem agora o PMDB no epicentro. Há uma forma de fazer política que está
sendo contestada no Brasil pela luta contra a corrupção, através da ação
de pessoas, investigações policiais, atuação do Ministério Público e da
Justiça. E os últimos dias foram cheios de contra ataques dos políticos
a esse esforço de mudar a política no Brasil.
A reação da Justiça contra a nomeação de Moreira Franco para ministro
repete a mesma situação que aconteceu com o ex-presidente Lula: cargo
de ministro não pode ser biombo para proteger ninguém. Não são casos
diferentes, ao contrário do que disse a advogada-geral da União. Se ele
já estava no governo, para que mesmo recriar um ministério apenas para
promovê-lo a ministro. Ele nem mudou de função.
A escolha do senador Edson Lobão mostra que o PMDB decidiu confrontar
as forças que estão lutando contra a corrupção no Brasil. O nome da
comissão é Constituição e Justiça. Entre as atribuições está a de
sabatinar candidatos a ministros do Supremo Tribunal Federal. E quem vai
presidi-la é um investigado com quatro inquéritos no STF. É um
escândalo essa nomeação que deve se confirmar hoje.
Isso equivale ao que está acontecendo na Câmara em que se aprovou a
urgência de um projeto inaceitável que estabelece que não cabe punição a
partidos que não prestarem contas ou tiverem suas contas rejeitadas
pela Justiça. Se o projeto for aprovado o Congresso estará retirando
poderes dos tribunais eleitorais, principalmente do TSE. Por isso o
ministro Gilmar Mendes afirmou que isso consagra a impunidade.
Como numa hora dessas pode-se pensar em aprovar uma medida que
anistia os partidos que tiverem contas rejeitadas ou nem apresentarem as
contas? Era só o que faltava.
O deputado Rodrigo Maia disse que a imprensa entendeu mal o projeto
porque tem fixação na Lava-Jato. O próprio deputado deve agora pensar
mais na operação, para se defender das dúvidas que surgiram na
investigação da Polícia Federal.
No Rio o TRE cassou o mandato da chapa Pezão-Dornelles. Cabe recurso
ao TSE. Que a Justiça Eleitoral faça seu papel e que os políticos se
defendam com argumentos e provas em todas as instâncias. É assim que
funciona.
Os últimos acontecimentos mostram os políticos tentando enfraquecer a
luta contra a corrupção. Ninguém é culpado apenas por estar citado. O
direito de defesa, dentro da lei, é sagrado. Há inúmeras etapas na
Justiça. O que os legisladores não podem, neste momento, é tentar evitar
o processo normal do judiciário.
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