Randal C. Archibold e Paulina Villegas - NYT
Eles já foram saudados como salvadores da pátria: justiceiros que
marcharam cidades adentro equipados com metralhadoras e rifles ao estilo
militar, vestindo uniformes e ameaçando chicotear meliantes enquanto
traziam a ordem para esta região sem lei do México, conhecida como
Tierra Caliente (ou terra quente).
Mas agora, alguns dos moradores que acolheram o tipo de justiça populista trazida pelos justiceiros e até mesmo deram dinheiro para que eles comprassem armas estão ficando mais angustiados diante da possibilidade de esses autodeclarados protetores poderem se transformar, eles próprios, em predadores.
"Eles são todos iguais", disse um proeminente produtor de limão da região sobre os criminosos e os justiceiros que os expulsaram.
Segundo esse produtor, muitos dos empresários e moradores que contribuíram com os justiceiros foram intimidados a fazê-lo "porque eles tinham armas".
Enquanto o governo mexicano festeja a captura, ocorrida na semana passada, de um dos mais procurados chefões do tráfico de drogas do mundo --Joaquín Guzmán Loera, conhecido como "El Chapo" (ou Baixinho)--, o surgimento de grupos de justiceiros em localidades sem lei do oeste do México expõe, segundo alguns analistas, os urgentes e profundos desafios de segurança ainda não solucionados.
À medida que avançam, cidade por cidade, perseguindo uma poderosa gangue criminosa, os justiceiros lançam uma luz ofuscante sobre a incapacidade do governo mexicano de proporcionar segurança para grandes regiões de seu próprio território. Autodenominados de forças de autodefesa, os justiceiros chegaram até mesmo a obrigar as autoridades mexicanas a reconhecê-los e a trabalhar com eles, criando um pacto frágil entre o governo e os combatentes fortemente armados e fiéis a lealdades incertas.
O crescimento dessas forças "expõe as fragilidades do estado de direito e a incapacidade real das instituições de segurança do governo para desenvolver respostas robustas" a esse tipo de ameaça, disse Vanda Felbab-Brown, membro sênior da Brookings Institution.
A quadrilha que aterrorizou esta parte do México é conhecida como Cavaleiros Templários e, da mesma maneira que os grupos de autodefesa, eles também começaram com o objetivo declarado de acabar com o estrangulamento da região por criminosos.
Mas os Cavaleiros Templários acabaram por se transformar em uma grande organização criminosa, matando impunemente, estuprando mulheres e meninas e coletando sistemicamente "taxas" de vendedores de taco, lojistas e grandes empresas.
Farto da violência desenfreada, da corrupção policial e da aparente indiferença por parte das autoridades federais, um grupo de empresários locais canalizou dezenas de milhares de dólares para um grupo desorganizado de justiceiros formado por agricultores, habitantes da cidade e, ultimamente, para a consternação de muitos moradores locais, até mesmo por alguns antigos membros do brutal grupo criminoso que eles estão combatendo.
Para armar os combatentes locais, os empresários disponibilizaram uma grande quantia em dinheiro para a compra, no Texas, de rifles semelhantes a rifles de assalto e caminhões, disse um produtor de manga local. Mas, depois de ter contribuído com cerca de US$ 30 mil de seu próprio bolso, ele disse que não estava mais fornecendo recursos ao grupo, pois, segundo ele, não é possível confiar nos antigos membros das gangues de criminosos que atualmente trabalham com os moradores locais.
"Eu não gosto disso", disse o produtor de manga, cujo papel no financiamento dos grupos foi confirmado por clérigos locais. "Eu acredito que eles ainda estão fornecendo informações" para os criminosos.
A composição incerta desses grupos lançou uma sombra sobre a relação espinhosa que existe entre o governo mexicano e os justiceiros, e alimentou divisões dentro dos próprios grupos. Num primeiro momento, as autoridades federais pediram que os grupos de autodefesa se desarmassem com o argumento de que justiceiros armados e sem treinamento para aplicar a lei nem obrigação de prestar contas só inflamariam ainda mais a situação já volátil aqui do Estado de Michoacán, que é um centro de instabilidade no México.
Em seguida, no mês passado, quando as forças federais foram até a região para desarmar os justiceiros, elas foram impedidas de agir por manifestantes e acabaram matando três moradores locais. As mortes provocaram queixas generalizadas por parte dos residentes, que afirmaram que o governo estava perseguindo os próprios cidadãos que não conseguiu proteger em primeiro lugar.
Agora, à medida que novos grupos pipocam em alguns outros Estados mexicanos, o governo está tentando incorporar os justiceiros à chamada força de defesa rural, que patrulharia o país ao lado da Polícia Federal e dos militares. Mas, para fazer isso, argumentou o governo, será necessário eliminar as maçãs podres que vivem entre os justiceiros e fazer com que os grupos obedeçam as medidas de controle estabelecidas pelas autoridades.
Mas, este mês, o recém-nomeado comissário federal do México para Michoacán, Alfredo Castillo, foi fotografado em uma reunião com justiceiros da qual também participou o homem que o governo havia identificado como um grande traficante de drogas. Posteriormente, Castillo disse a repórteres que ele não sabia sobre o passado do homem.
"Era apenas uma questão de tempo até que algo como isso acontecesse", disse Alejandro Hope, um ex-oficial do departamento de inteligência do México que argumenta que legitimar os justiceiros sem conhecer totalmente suas origens tira o foco da construção de instituições governamentais confiáveis para a aplicação da lei.
O governo registrou várias centenas de membros das forças de autodefesa, que foram solicitados a informar que tipo de armas eles possuíam. Os grupos chegam a ter até 20 mil membros e não mantêm nenhum registro sobre as pistolas, metralhadoras e amas semelhantes a rifles de assalto ilegais que seus membros carregam abertamente pelas ruas.
Na semana passada, a frente unificada apresentada pelos grupos de autodefesa rachou e uma facção passou a criticar a outra por permitir que ex-membros da gangue de criminosos se juntassem ao grupo de justiceiros e por prometer uma limpeza interna para expulsar os indesejáveis.
Após invadirem a pequena cidade de Lombardia no início deste mês, os justiceiros tocaram uma balada cheia de palavrões chamada de "corrido", que foi escrita em sua homenagem.
"Michoacános", o cantor gritava, "estejam sempre alertas e bem armados..."
"Atenção viciados em drogas e quem fuma crystal meth" (ou metanfetamina), "nós vamos dar 15 chibatadas em vocês com uma mangueira!", gritou para os moradores um líder conhecido como Comandante Beto.
Apesar dos aplausos, alguns partidários e moradores estão ficando mais inquietos com a presença dos soldados-cidadãos, especialmente depois da decisão de deixar que supostos membros de baixo escalão do grupo criminoso se juntassem ao grupo caso eles jurassem fidelidade às forças de autodefesa e caso representantes autodesignados da cidade decidissem perdoá-los.
"Eu estou preocupado com a permissão para que os vigias entrem no grupo dos justiceiros, pois eles contarão tudo o que está acontecendo para os Cavaleiros Templários", disse sussurrando Raul Jimenez, um produtor de arroz, enquanto observava a apresentação dos justiceiros. "Deus diz para perdoar, mas e se eles se voltarem contra nós? Por enquanto, nós precisamos do grupo de autodefesa, mas eu estou preocupado."
Muitos desses novos recrutas, em geral ex-vigias e informantes da quadrilha, são homens jovens e meninos que, como punição por seus atos, têm agora que ajudar a construir barricadas com sacos de areia em postos de controle e assumir turnos de madrugada ou no início da manhã para vigiá-las.
"Vejo você aqui amanhã à noite para seu turno de guarda noturno", disse Otoniel Jiménez, membro do grupo de justiceiros, ao recrutar um menino de não mais de 13 anos enquanto preparativos eram feitos para vigiar outra cidade, Los Reyes. "E não beba hoje à noite!"
Com um sorriso no rosto, o menino respondeu, "eu não vou beber, eu prometo".
Para muitos simpatizantes dos justiceiros, as preocupações relacionadas às novas adesões e às armas devem ser deixadas de lado em prol da manutenção da paz.
América Alvarez, que é de Nueva Italia e fugiu há seis meses para os Estados Unidos após ameaças de extorsão e morte, disse que envia US$ 100 por semana para os justiceiros de sua cidade, mesmo sem saber se o grupo abriga membros indesejáveis.
"Isso passou pela minha cabeça, mas meu desespero é muito maior do que o meu medo", disse ela por telefone. "Toda a minha família ainda está lá, e alguém tem que protegê-los".
Ainda assim, uma antiga empresária de Nueva Italia diz que as preocupações relacionadas ao grupo estão se espalhando.
"Não faz nenhum sentido, após vê-los se comportando de forma errada no passado, acreditar que agora, de repente, eles não vão mais cometer crimes. E, além de tudo, que eles vão nos servir", disse ela, falando anonimamente, como muitos outros, por medo de represálias.
Alguns líderes dos justiceiros disseram que as preocupações são exageradas: eles afirmam que a maior parte do material que utilizam veio de esconderijos dos Cavaleiros Templários invadidos, e que a maior parte do dinheiro foi doada por membros que decidiram direcionar para a causa os lucros obtidos por suas lavouras e empresas.
Estanislao Beltrán, um líder conhecido como Papai Smurf devido a sua longa barba e suas camisas xadrez na cor azul, disse não ter conhecimento de nenhuma aquisição de armas realizada nos Estados Unidos. Outro líder, Hipólito Mora, disse que nenhuma arma foi comprada fora do México, embora ele tenha admitido que muitas armas foram adquiridas no mercado negro do México.
"É possível comprar essas armas em toda a Tierra Caliente", disse ele.
Fora da cidade de Nueva Italia, era possível ver alguns justiceiros sentados ao lado de uma loja, desmontando e limpando meticulosamente seus rifles a uma quadra de onde os policiais federais estavam acampados.
Beltrán disse que apenas ocasionalmente criminosos são detectados entre os membros dos grupos de justiceiros, dos quais eles são convidados a se retirar. Ele e outros disseram que o esforço do governo para regularizá-los como uma força de defesa rural exige que eles se submetam a uma verificação de antecedentes criminais.
Salvador Alvarez, líder justiceiro de Los Reyes, orgulhosamente exibiu seus documentos de registro, nos quais as caixas ao lado de "revólver" e "arma de cano longo" aparecem ticadas. Ele disse que cumpriu pena de prisão por porte de maconha nos Estados Unidos. Mas, segundo ele, desde que os membros não tenham cometido crimes graves, o governo não fará muitas perguntas.
"Seja na força de defesa rural ou na força de autodefesa", disse ele, "eu vou continuar protegendo a minha comunidade".
Tradutor: Cláudia Gonçalves
Mas agora, alguns dos moradores que acolheram o tipo de justiça populista trazida pelos justiceiros e até mesmo deram dinheiro para que eles comprassem armas estão ficando mais angustiados diante da possibilidade de esses autodeclarados protetores poderem se transformar, eles próprios, em predadores.
"Eles são todos iguais", disse um proeminente produtor de limão da região sobre os criminosos e os justiceiros que os expulsaram.
Segundo esse produtor, muitos dos empresários e moradores que contribuíram com os justiceiros foram intimidados a fazê-lo "porque eles tinham armas".
Enquanto o governo mexicano festeja a captura, ocorrida na semana passada, de um dos mais procurados chefões do tráfico de drogas do mundo --Joaquín Guzmán Loera, conhecido como "El Chapo" (ou Baixinho)--, o surgimento de grupos de justiceiros em localidades sem lei do oeste do México expõe, segundo alguns analistas, os urgentes e profundos desafios de segurança ainda não solucionados.
À medida que avançam, cidade por cidade, perseguindo uma poderosa gangue criminosa, os justiceiros lançam uma luz ofuscante sobre a incapacidade do governo mexicano de proporcionar segurança para grandes regiões de seu próprio território. Autodenominados de forças de autodefesa, os justiceiros chegaram até mesmo a obrigar as autoridades mexicanas a reconhecê-los e a trabalhar com eles, criando um pacto frágil entre o governo e os combatentes fortemente armados e fiéis a lealdades incertas.
O crescimento dessas forças "expõe as fragilidades do estado de direito e a incapacidade real das instituições de segurança do governo para desenvolver respostas robustas" a esse tipo de ameaça, disse Vanda Felbab-Brown, membro sênior da Brookings Institution.
A quadrilha que aterrorizou esta parte do México é conhecida como Cavaleiros Templários e, da mesma maneira que os grupos de autodefesa, eles também começaram com o objetivo declarado de acabar com o estrangulamento da região por criminosos.
Mas os Cavaleiros Templários acabaram por se transformar em uma grande organização criminosa, matando impunemente, estuprando mulheres e meninas e coletando sistemicamente "taxas" de vendedores de taco, lojistas e grandes empresas.
Farto da violência desenfreada, da corrupção policial e da aparente indiferença por parte das autoridades federais, um grupo de empresários locais canalizou dezenas de milhares de dólares para um grupo desorganizado de justiceiros formado por agricultores, habitantes da cidade e, ultimamente, para a consternação de muitos moradores locais, até mesmo por alguns antigos membros do brutal grupo criminoso que eles estão combatendo.
Para armar os combatentes locais, os empresários disponibilizaram uma grande quantia em dinheiro para a compra, no Texas, de rifles semelhantes a rifles de assalto e caminhões, disse um produtor de manga local. Mas, depois de ter contribuído com cerca de US$ 30 mil de seu próprio bolso, ele disse que não estava mais fornecendo recursos ao grupo, pois, segundo ele, não é possível confiar nos antigos membros das gangues de criminosos que atualmente trabalham com os moradores locais.
"Eu não gosto disso", disse o produtor de manga, cujo papel no financiamento dos grupos foi confirmado por clérigos locais. "Eu acredito que eles ainda estão fornecendo informações" para os criminosos.
A composição incerta desses grupos lançou uma sombra sobre a relação espinhosa que existe entre o governo mexicano e os justiceiros, e alimentou divisões dentro dos próprios grupos. Num primeiro momento, as autoridades federais pediram que os grupos de autodefesa se desarmassem com o argumento de que justiceiros armados e sem treinamento para aplicar a lei nem obrigação de prestar contas só inflamariam ainda mais a situação já volátil aqui do Estado de Michoacán, que é um centro de instabilidade no México.
Em seguida, no mês passado, quando as forças federais foram até a região para desarmar os justiceiros, elas foram impedidas de agir por manifestantes e acabaram matando três moradores locais. As mortes provocaram queixas generalizadas por parte dos residentes, que afirmaram que o governo estava perseguindo os próprios cidadãos que não conseguiu proteger em primeiro lugar.
Agora, à medida que novos grupos pipocam em alguns outros Estados mexicanos, o governo está tentando incorporar os justiceiros à chamada força de defesa rural, que patrulharia o país ao lado da Polícia Federal e dos militares. Mas, para fazer isso, argumentou o governo, será necessário eliminar as maçãs podres que vivem entre os justiceiros e fazer com que os grupos obedeçam as medidas de controle estabelecidas pelas autoridades.
Mas, este mês, o recém-nomeado comissário federal do México para Michoacán, Alfredo Castillo, foi fotografado em uma reunião com justiceiros da qual também participou o homem que o governo havia identificado como um grande traficante de drogas. Posteriormente, Castillo disse a repórteres que ele não sabia sobre o passado do homem.
"Era apenas uma questão de tempo até que algo como isso acontecesse", disse Alejandro Hope, um ex-oficial do departamento de inteligência do México que argumenta que legitimar os justiceiros sem conhecer totalmente suas origens tira o foco da construção de instituições governamentais confiáveis para a aplicação da lei.
O governo registrou várias centenas de membros das forças de autodefesa, que foram solicitados a informar que tipo de armas eles possuíam. Os grupos chegam a ter até 20 mil membros e não mantêm nenhum registro sobre as pistolas, metralhadoras e amas semelhantes a rifles de assalto ilegais que seus membros carregam abertamente pelas ruas.
Na semana passada, a frente unificada apresentada pelos grupos de autodefesa rachou e uma facção passou a criticar a outra por permitir que ex-membros da gangue de criminosos se juntassem ao grupo de justiceiros e por prometer uma limpeza interna para expulsar os indesejáveis.
Após invadirem a pequena cidade de Lombardia no início deste mês, os justiceiros tocaram uma balada cheia de palavrões chamada de "corrido", que foi escrita em sua homenagem.
"Michoacános", o cantor gritava, "estejam sempre alertas e bem armados..."
"Atenção viciados em drogas e quem fuma crystal meth" (ou metanfetamina), "nós vamos dar 15 chibatadas em vocês com uma mangueira!", gritou para os moradores um líder conhecido como Comandante Beto.
Apesar dos aplausos, alguns partidários e moradores estão ficando mais inquietos com a presença dos soldados-cidadãos, especialmente depois da decisão de deixar que supostos membros de baixo escalão do grupo criminoso se juntassem ao grupo caso eles jurassem fidelidade às forças de autodefesa e caso representantes autodesignados da cidade decidissem perdoá-los.
"Eu estou preocupado com a permissão para que os vigias entrem no grupo dos justiceiros, pois eles contarão tudo o que está acontecendo para os Cavaleiros Templários", disse sussurrando Raul Jimenez, um produtor de arroz, enquanto observava a apresentação dos justiceiros. "Deus diz para perdoar, mas e se eles se voltarem contra nós? Por enquanto, nós precisamos do grupo de autodefesa, mas eu estou preocupado."
Muitos desses novos recrutas, em geral ex-vigias e informantes da quadrilha, são homens jovens e meninos que, como punição por seus atos, têm agora que ajudar a construir barricadas com sacos de areia em postos de controle e assumir turnos de madrugada ou no início da manhã para vigiá-las.
"Vejo você aqui amanhã à noite para seu turno de guarda noturno", disse Otoniel Jiménez, membro do grupo de justiceiros, ao recrutar um menino de não mais de 13 anos enquanto preparativos eram feitos para vigiar outra cidade, Los Reyes. "E não beba hoje à noite!"
Com um sorriso no rosto, o menino respondeu, "eu não vou beber, eu prometo".
Para muitos simpatizantes dos justiceiros, as preocupações relacionadas às novas adesões e às armas devem ser deixadas de lado em prol da manutenção da paz.
América Alvarez, que é de Nueva Italia e fugiu há seis meses para os Estados Unidos após ameaças de extorsão e morte, disse que envia US$ 100 por semana para os justiceiros de sua cidade, mesmo sem saber se o grupo abriga membros indesejáveis.
"Isso passou pela minha cabeça, mas meu desespero é muito maior do que o meu medo", disse ela por telefone. "Toda a minha família ainda está lá, e alguém tem que protegê-los".
Ainda assim, uma antiga empresária de Nueva Italia diz que as preocupações relacionadas ao grupo estão se espalhando.
"Não faz nenhum sentido, após vê-los se comportando de forma errada no passado, acreditar que agora, de repente, eles não vão mais cometer crimes. E, além de tudo, que eles vão nos servir", disse ela, falando anonimamente, como muitos outros, por medo de represálias.
Alguns líderes dos justiceiros disseram que as preocupações são exageradas: eles afirmam que a maior parte do material que utilizam veio de esconderijos dos Cavaleiros Templários invadidos, e que a maior parte do dinheiro foi doada por membros que decidiram direcionar para a causa os lucros obtidos por suas lavouras e empresas.
Estanislao Beltrán, um líder conhecido como Papai Smurf devido a sua longa barba e suas camisas xadrez na cor azul, disse não ter conhecimento de nenhuma aquisição de armas realizada nos Estados Unidos. Outro líder, Hipólito Mora, disse que nenhuma arma foi comprada fora do México, embora ele tenha admitido que muitas armas foram adquiridas no mercado negro do México.
"É possível comprar essas armas em toda a Tierra Caliente", disse ele.
Fora da cidade de Nueva Italia, era possível ver alguns justiceiros sentados ao lado de uma loja, desmontando e limpando meticulosamente seus rifles a uma quadra de onde os policiais federais estavam acampados.
Beltrán disse que apenas ocasionalmente criminosos são detectados entre os membros dos grupos de justiceiros, dos quais eles são convidados a se retirar. Ele e outros disseram que o esforço do governo para regularizá-los como uma força de defesa rural exige que eles se submetam a uma verificação de antecedentes criminais.
Salvador Alvarez, líder justiceiro de Los Reyes, orgulhosamente exibiu seus documentos de registro, nos quais as caixas ao lado de "revólver" e "arma de cano longo" aparecem ticadas. Ele disse que cumpriu pena de prisão por porte de maconha nos Estados Unidos. Mas, segundo ele, desde que os membros não tenham cometido crimes graves, o governo não fará muitas perguntas.
"Seja na força de defesa rural ou na força de autodefesa", disse ele, "eu vou continuar protegendo a minha comunidade".
Tradutor: Cláudia Gonçalves
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