Jornal russo descobre coleção erótica da era soviética
Le Monde
Eis uma coleção que a Biblioteca da Rússia mantém bem escondida no 9º
andar de seu prédio em Moscou. Um jornalista do jornal "The Moscow
Times" teve acesso a essa galeria de aproximadamente 12 mil obras de
arte pornográficas e eróticas, reunidas durante a era soviética. Com um
esboço de uma mulher se masturbando, assinado por Vasily Masyutin,
gravuras japonesas do século 18 ou ainda um monte de romances eróticos a
coleção é rica em diversidade.
Em sua reportagem, o jornalista
explica que a galeria sempre foi proibida ao público, mas fazia a
alegria dos oficiais de alto escalão do exército soviético em suas
festinhas particulares. A bibliotecária entrevistada observa que ela
assumiu o cargo em 1980, mas só soube da existência dessa coleção dez
anos depois. Não existe uma coleção específica de todas essas obras, e a
maior parte delas ainda não consta do catálogo da biblioteca. Mas como uma coleção dessa extensão foi formada?
Tudo começou em 1920, com a inauguração de um museu chamado Lênin, onde
um departamento especial foi criado para armazenar a literatura
comprometedora confiscada de aristocratas, dentre os quais muitos
possuíam na época "Livros para Senhoras" com desenhos muito sugestivos,
de acordo com o "Moscow Times". Nos anos que se passaram, escritos sobre
sexualidade e publicações médicas sobre contraceptivos, alvos de
diversas apreensões, se juntaram às prateleiras do departamento.
Mas foi sobretudo graças a um certo Nikolai Skorodumov que a coleção
foi enriquecida. Ardoroso colecionador de gravuras e de livros eróticos
desde sua época de estudante, ele em seguida foi diretor da Biblioteca
da Universidade de Moscou. Duas teorias explicam que ele pode ter
reunido essas obras em total tranquilidade. Por um lado, aparentemente
Nikolai Skorodumov forneceu escritos de pesquisadores que justificavam o
interesse científico dessas obras. Mas conta-se também que ele recebia a
proteção do chefe da polícia stalinista, que podia assim desfrutar das
obras.
Quando seu tesouro foi descoberto na ocasião de sua
morte, em 1947, aquilo que na época era o precursor da KGB se recusou a
comprá-lo de sua viúva, explicando que as obras não apresentavam nenhum
interesse científico ou histórico. Mas ao mesmo tempo ele considerou que
deixá-las nas mãos de uma cidadã comum seria um "perigo considerável",
então ele as apreendeu. O artigo do "Moscow Times" é o primeiro a revelar a existência dessa coleção secreta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário