Reinaldo Azevedo - VEJA
Vejam a foto deste rapaz, de Fábio Braga, da Folhapress.
Ele padece
de uma grave doença, que tem, sim, cura, mas dá trabalho: chama-se
ignorância. Que idade terá? Vinte cinco? Perto de 30? O que sabe ele
sobre ditadura? Absolutamente nada! A prova de que o país,
definitivamente, não é o que ele diz ser é poder exibir esse cartaz,
isso só para começo de conversa. Mas vá lá: poderíamos ter um regime
autoritário que permitisse manifestações, como aconteceu na fase final
do regime militar, no governo Figueiredo. Mas nem isso. A única ditadura
realmente existente no Brasil hoje é a de minorias de bocós
extremistas. Grupelhos, de 50, 100, 200 pessoas têm hoje a ambição de
parar uma cidade.
Mas vamos
lá: o que faz ele ali? O Tribunal de Justiça de São Paulo decretou nesta
quinta a prisão preventiva de Rafael Marques Lusvarghi, 29, e de Fábio
Hideki Harano, 26, detidos na segunda-feira durante um dos protestos
contra a Copa. São acusados de cinco crimes: associação criminosa,
incitação da violência, resistência à prisão, desacato à autoridade e
porte de artefato explosivo. A decisão é do juiz Sandro Rafael Barbosa
Pacheco, que está de parabéns por ter a coragem de cumprir a lei. Sim,
chegamos ao estágio, no Brasil, em que precisamos parabenizar quem
cumpre a sua função. Atenção! Um juiz não decreta uma prisão preventiva
se os elementos apresentados pela polícia não forem bastante
convincentes. Lusvarghi está no Centro de Detenção Provisória de
Pinheiros, e Harano foi enviado ao presídio de Tremembé.
O
ignorante sentado no asfalto participa de uma manifestação na Avenida
Paulista contra a prisão da dupla, que reúne cerca de 300 pessoas em
frente ao Masp. Eles querem sair em passeata pela cidade sem deixar
claro quem lidera o ato e que trajeto pretendem cumprir. Estão cercados
pela Polícia Militar. Sem essas definições, nada de passeata, afirma o
tenente-coronel Marcelo Pignatari.
Adivinhem
quem está lá. É um padre. Vocês se lembram daquele senhor que, certa
feita, comprou um carro de luxo para um ex-menor da Febem, já homem
feito? Sim, é aquele religioso muito pio que decidiu dar de presente,
ninguém entendeu por quê — ou fez que não entendeu — uma “Pajero” para
um rapagão e que denunciou, depois, que estaria sendo extorquido por
ele. Sim, refiro-me a Julio Lancelotti, que é pároco da igreja São
Miguel Arcanjo, na Mooca, bem longe dali. Ele não era da Pastoral do
Menor? Da Pastoral da Criança? Da Pastoral do Povo de Rua?
O que está
fazendo no protesto? Não há criancinhas ali. Não há menores ali. Não há
povo de rua ali. Lancelloti está, por acaso, se reinventando como
membro da Pastoral da Baderna de Rua? Da Pastoral dos Black Blocs? Vai
ser agora babá de mascarados? Sobre a ação correta do tenente-coronel
Pignatari, afirmou: “Ele disse que
não vai deixar acontecer a passeata se não tiver um líder, e isso é um
prenúncio de que a polícia pode ser violenta com os manifestantes. Eu
pedi, em nome da Arquidiocese, para que eles não usem a violência nem
prendam inocentes”.
É uma fala
acintosa e desrespeitosa com a polícia. Se não houver depredações nem
desrespeito à lei — que são atos violentos —, ninguém vai apanhar. Caso
contrário, sim! Julio agora é juiz? É ele que determina a inocência?
Como? Pediu em nome da Arquidiocese? Ele a está representando ali?
Vá rezar, padre Julio!
Vá cuidar dos pobres, padre Julio!
Vá cuidar dos necessitados, padre Julio!
Vá se penitenciar, padre Julio!
Vá pedir perdão a Deus por seus pecados, padre Julio!
Depois do
escândalo da Pajero, padre Julio tinha saído um pouco do noticiário.
Mas, agora, estamos em ano eleitoral. E ele sempre aparece nessas horas,
agora na versão de líder da Pastoral dos Black Blocs.
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