Rodrigo Constantino - VEJA
Atenção! Esse texto requer o consumo de
ao menos duas cápsulas de Engov e mais duas de Plasil. E retirem as
crianças do recinto! A jornalista Carol Patrocínio, em blog voltado para
o público feminino, publicou as “obras de arte” de um fotógrafo que resolveu brincar com os corpos humanos, misturando homem e mulher.
Até aí dá para engolir – ou não. Mas em
vez de ela se limitar a comentar a coisa pelo ponto de vista estético (e
tem que ser muito perturbado para achar bonito o resultado), eis que
resolveu fazer um proselitismo ideológico tosco sobre a “identidade de
gênero”. Essa “coisa” de homem com pênis e mulher com vagina está muito
ultrapassada! Diz a moça:
Meninos têm
pênis e meninas têm vagina. É assim que uma criança explica a diferença
entre homens e mulheres no filme “Um Tira No Jardim de Infância”. Sinto
informar, mas as coisas não são tão simples assim. Existe a identidade
de gênero e todo mundo pode se identificar com tudo.
Oh, really? Então é possível se
identificar com “tudo”? Que tal com uma girafa? Ou uma vaca? Identidade
pressupõe justamente exclusão: nos identificamos com algo porque
marcamos a diferença. Identificar-se com “tudo” é o mesmo que não se
identificar com nada, algo absurdo.
Reparem ainda que, para a jornalista, é
coisa de criança explicar a diferença entre homens e mulheres com base
na biologia. É algo muito… simplista! Quem foi que disse que homem é
aquele que tem um penduricalho na virilha e mulher uma cavidade? Que
coisa mais obsoleta, antiquada, reacionária! Ela insiste:
Ainda não entendeu direito? Resumidamente, é assim:
- Pensando no sexo biológico de maneira binária, todo mundo nasce com pênis ou vagina. Isso é o sexo biológico, mais nada.
-
Identidade de gênero é a forma como você se sente. Você pode ter um
pênis e se sentir uma mulher. Seu sexo biológico pode ser diferente da
sua identidade de gênero.
-
Orientação sexual diz respeito a atração romântica e sexual. Ela não
tem ligação nenhuma com seu sexo biológico ou identidade de gênero, é
algo totalmente independente. Você pode nascer com vagina,
identificar-se como homem e sentir-se atraído por mulheres. Ou homens.
Ou por ninguém.
Respeitar o
outro é aceitar que a identidade de gênero seja mais importante do que o
sexo biológico, afinal, somos construções sociais e, no fim das contas,
importa mais como você se relaciona com o mundo ou o que tem entre as
pernas?
Somos “construções sociais” uma ova! Fale
por si só! Essa gente não tem limite na defesa do absurdo. O
relativismo é total. Vale tudo. Agora temos até que considerar o
hermafrodita a coisa mais natural e normal do mundo? A verdadeira
revolução é a cultural, e os relativistas estão vencendo, para a
infelicidade geral.
Já conseguiram relativizar completamente o
conceito de família, de casal, e agora a próxima vítima é o conceito de
homem e de mulher. Você é macho ou fêmea? “Depende. Tenho corpo de
macho, mas é que hoje acordei com uma vontade de ser mulher…” Então,
pela ótica bizarra dos relativistas, você é mulher!
E ai de quem ousar discordar: não passa de um reacionário com a mentalidade de uma criança simplista. Socorro!
PS: Não divulguei no blog as imagens do
fotógrafo pois, além de considerá-las verdadeiras aberrações, tenho
consciência de que crianças podem acessar o blog, e ao contrário da
jornalista do Yahoo!, não acho saudável que elas percam seus conceitos
“binários” de homem e mulher.
PS2: Um leitor fez um comentário
pertinente no meu Facebook. O engraçado é que essas pessoas que defendem
a ‘identidade de gênero’ como uma ‘construção social’ são as mesmas que
urram contra a ‘cura gay’. Ora, se a pessoa pode ter o ‘gênero’ que ela
quiser, e ninguém ‘nasce gay’, por que, em tese, um homossexual não
poderia renunciar à sua homossexualidade e querer ser hétero? A
contradição é evidente.
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